Busca por abrigo

Ofensiva russa e síria em província desloca 350 mil, diz ONU

Apesar de cessar-fogo formal, ataques com apoio da Rússia continuam em Idlib; o Exército sírio e milícias apoiadas pelo Irã estão avançado em direção à cidade

Atualizada em 11/10/2022 às 12h21
Civis correm de local atingido pelo que ativistas disseram que foi um ataque aéreo das forças leais ao presidente Bashar al-Assad
Civis correm de local atingido pelo que ativistas disseram que foi um ataque aéreo das forças leais ao presidente Bashar al-Assad (Reuters)

AMÃ E GENEBRA — Cerca de 350 mil sírios, a maioria mulheres e crianças, fugiram desde o início de dezembro de uma nova ofensiva apoiada pela Rússia na província de Idlib e buscaram abrigo perto de áreas fronteiriças da Turquia, disse a ONU.

Jatos russos e artilharia síria atingiram cidades e vilarejos nas últimas semanas em um ataque apoiado por milícias pró-Irã com o objetivo de eliminar os grupos armados que atuam na região. Idlib é o último reduto dos grupos contrários ao regime de Bashar al-Assad, incluindo forças fundamentalistas ligadas à al-Qaeda.

" Essa última onda agrava uma situação humanitária terrível em Idlib", disse à Reuters o porta-voz regional da ONU para a Síria, David Swanson.

Os jatos retomaram o bombardeio de áreas civis apenas dois dias depois que um cessar-fogo mediado por Turquia e Rússia entrou em vigor, no último domingo. Os dois países haviam concordado em normalizar a situação na província, que faz fronteira com a Turquia, que apoia alguns dos grupos opositores a Assad.

Karen AbuZayd, investigadora de crimes de guerra da ONU na Síria, disse em Genebra que várias das escolas destruídas ou fechadas nas áreas dominadas pela oposição estavam agora sendo usadas como abrigos para as pessoas que fogem da violência.

A mais recente onda de deslocados se soma a quase 400 mil pessoas que fugiram anteriormente, segundo autoridades da ONU. O brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, presidente da Comissão de Inquérito da ONU sobre a Síria, disse a repórteres que várias famílias que estão morando em acampamentos improvisados estão sem água e comida.

Campanha militar

A última ofensiva aproximou a campanha militar dirigida pela Força Aérea da Rússia das regiões mais densamente de Idlib, onde quase 3 milhões de civis estão retidos. De acordo com o último relatório da situação, produzido pelo Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha), a situação continua a se deteriorar como resultado da "escalada" de hostilidades.

Equipes de resgates e moradores relataram que os jatos russos e sírios atingiram a cidade devastada de Maarat al-Numan, um dos maiores centros urbanos na província e fica em uma estrada controlada por rebeldes.

O Exército sírio e milícias apoiadas pelo Irã estão avançado em direção à cidade. Sua captura seria um ganho estratégico na atual campanha do governo sírio, cujo objetivo também é recuperar o controle das principais rotas comerciais da região, importantes para a economia devastada por quase oito anos de guerra.

Na quarta-feira, 15, pelo menos 21 civis foram mortos durante pesados ataques aéreos, dentre os quais 19 em um mercado movimentado no centro da cidade de Idlib, a capital da província.

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