Artigo

Unidos & aglomerados

Luiz Thadeu Nunes e Silva *

Atualizada em 11/10/2022 às 12h15

Fazia bom tempo que não nos encontrávamos. Por causa do distanciamento social, da pandemia desse flagelo que mudou tudo em nossas vidas, nunca mais tínhamos dividido o mesmo ambiente. Tentei por mais de vez reuni-los em minha casa, mas todos tinham afazeres, e fomos adiando nosso encontro.

No início do mês, quebrando um jejum de um ano e meio, pus fim à longa abstinência, voei para Salvador e Aracaju, para entrevistas e palestras.

Em Salvador fui matéria do maior e mais antigo jornal da Bahia, A Tarde; em Aracaju, tive a oportunidade de palestrar para três diferentes plateias, organizado pelo amigo de infância, colega dos bancos escolares. Luís Roberto Freitas é Corregedor Geral da Polícia Penal de Sergipe. Nas palestras falei das andanças pelo mundo, superação, resiliência, conquistas e sonhos realizados. No outono da vida, minha matéria prima continua sendo os sonhos.

Na volta, recebi convite para um encontro na casa de Yara Cavalcanti; precisava confirmar presença, já que seria seleto grupo. Yara se empenhou em convidar os mais próximos, reunir pessoas queridas que não se viam há tempo.

Casa aconchegante, que nasceu de um sonho, literalmente um sonho, que viabilizou enquanto trabalhava em uma transnacional, morando fora da Ilha do Amor.

“Nesta casa somos verdadeiros, pedimos desculpas, nos divertimos, damos segundas oportunidades, damos abraços, perdoamos, rimos bem altos, somos pacientes, amamos, somos uma família “, estava estampado em uma parede do jardim, que dizia muito da harmonia de uma família que se ama.

Com o esposo Chitão, fomos recebidos carinhosamente, com o que há de melhor: boas energias, alegria, sorrisos, generosidade, comida farta e bebidas geladas.

Reunidos em torno da mesa, vacinados, unidos & misturados, pessoas que se conhecem há mais de meio século, com muitas histórias a compartilhar. Cada um trilhou caminhos diferentes, moraram em lugares distantes, uns casaram e descasaram, procriaram; estávamos ali a dividir momentos únicos e inesquecíveis.

Em tempos cada vez mais corridos, quando muitos se queixam da falta dele, é um luxo ter amigos longevos, encontrar tempo para um encontro. Quantos sorrisos, quantas lembranças de fatos, de colegas que já partiram, professores marcantes, dos que se perderam de nós, que não fazem mais parte do nosso convívio. Despidos de títulos, sem pensar em contas bancárias, nem duelos de egos ou exibicionismo, todos ali eram crianças, adolescentes a buscar no rico baú de memórias, histórias e estórias, resgate de momentos indeléveis já vividos, que se renovam. Os qu e ali estavam, buscavam tão somente, a companhia e a alegria do outro.

Obrigado queridos: Lys Cunha, Solange Carneiro, Yara Cavalcanti, Viviane Araújo, Ivan Telles, Silvana Sombra, Izaias Amaral, vocês me renovaram.

Sobreviventes do tempo; somos resiliência, somos vencedores, cada um de nós “vencemos dores” na caminhada da vida. Se tivermos a consciência de que tudo é fugaz, certamente pensaremos melhor antes de jogar fora as oportunidades de ser e de fazer os outros felizes. Viver é aprendizado, construção contínua e permanente. Viver é dádiva, é benção. Gratidão ao DEUS vivo por nossas vidas.

Oxalá tenhamos novos encontros, para agregar, congregar mais amigos da turma de 1976 do Colégio Batista Daniel de La Touche, para juntos celebrar a vida.


* Eng. Agrônomo, Palestrante, cronista e viajante: o sul-americano mais viajado do mundo com mobilidade reduzida, visitou 143 países em todos os continentes

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