Artigo

Um dia, a morte

Lino Raposo Moreira *

Atualizada em 11/10/2022 às 12h15

parte, rivalizando com os da Havan, estes recém-implantados em São Luís.

Há uma pergunta na mente do mundo inteiro, do Afeganistão ao Canadá, da Patagônia ao Polo Norte. Como o presidente chegou a tal grau de falta de contato com a realidade? Afinal ele foi a Nova Iorque para participar da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas e fazer o discurso inicial desse ajuntamento anual de presidentes e primeiros-ministros do mundo todo, como é tradição o presidente do Brasil fazer desde o ano de criação da ONU. Não foi para se alimenatar no meio da rua. Será que governo americano proibiu o presidente Bolsonaro de frequentar os restaurantes da cidade com receio do brasileiro provocar confusão em algum dessas casas onde a gula é permitida, provocando assim a ira dele com os gritos de Fora Bolsonaro. Os americanos impediram mesmo o presidente do Brasil de ir a restaurantes em NY?

Nada disso. É outra a história. Ele decidiu com base em suas esdrúxulas concepções de sanidade e insanidade que não deveria se vacinar contra a covid-19, porque, afirma ele, seu histórico de semiatleta, mete medo no vírus causador da doença. O prefeito da cidade cumpriu seu dever ao publicar nota com as seguintes observações entre outras: “Com os protocolos em vigor, precisamos enviar uma mensagem a todos os líderes mundiais, principalmente Bolsonaro, do Brasil, que se você pretende vir aqui, você precisa estar vacinado. [...]. Se não quer se vacinar, nem precisa vir.”

Aquela imagem de Bolsonaro com uma turma de puxa-sacos comendo em pé imensos hamburgueres mostra bem quanto de jeca essa turma tem, mas, de compostura, coisa alguma entendem. A foto já deu voltas e voltas no planeta Terra ante os olhares descrentes de bilhões de pessoas. O sujeito é doido? perguntará o homem simples do povo, este, sim, sem afetação. Só o uso da palavra doido já mostra isso.

Se falta de respeito com o próprio país não for um crime a mais de Bolsonaro, ninguém saberá o que pode sê-lo. O Brasil foi exposto ao ridículo de ser o único chefe de Estado a não estar vacinado entre os dirigentes das vinte maiores economias do mundo. Fico imaginando o tipo de discurso dele (já discursou a esta altura) na abertura da Assembleia Geral. Depois, como justificará o tratamento genocida do seu governo dado aos povos indígenas e a tentativa de acelerar o contágio intencional com a doença, chamado de imunidade de rebanho, que atingiria fortemente a população idosa, provocando milhares de mortes além das quase 650.000 já ocorridas?

Todos morrem um dia, não é verdade, presidente? Até Bolsonaro. Ou não?



* PhD, economista. Da Academia Maranhense de Letras

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