Lançamento

Graciliano Ramos é celebrado em livro

Obra reúne trechos de escritos de Graciliano Ramos para apresentar seus personagens mais emblemáticos

Atualizada em 11/10/2022 às 12h15
Graciliano Ramos é um dos principais autores brasileiros
Graciliano Ramos é um dos principais autores brasileiros (Graciliano Ramos)

São Paulo- Idealizado como um tributo a Graciliano Ramos, um dos maiores nomes da literatura brasileira de todos os tempos, Almas da terra, livro que chega agora às lojas pela Nova Fronteira, apresenta ao público uma seleção preciosa de trechos de contos, romances e memórias do alagoano. Com organização das jornalistas Januária Cristina Alves e Leusa Araujo, a seleta dedica cada capítulo a um personagem do Velho Graça para, assim, mapear e destacar suas criações mais emblemáticas. Estão lá, por exemplo, o Paulo Honório, de S. Bernardo, a Laura, de Infância, a cadelinha Baleia, de Vidas Secas, e muitas outras.

Em prefácio preparado especialmente para o livro, a poeta Natália Agra ressalta que essas personagens nascem de um projeto muito consistente de reflexão sobre o Brasil. “O autor soube, como poucos, perscrutar profundamente o mundo em que viveu”, afirma ela. “E esse mundo, da primeira metade do século XX, ao mesmo tempo que ficou lá, ainda permanece, afinal o país não conseguiu solucionar suas absurdas contradições.”

Nas páginas de Almas da terra, as palavras de Graciliano dividem espaço com as belas colagens da artista Catarina Bessell. As ilustrações de cores intensas representam com delicadeza alguns dos elementos das narrativas e retratam também passagens da vida do autor. A edição traz ainda texto de orelha da pesquisadora Ieda Lebensztayn. Almas da terra é uma obra que se faz necessária tanto para os fãs do escritor quanto para aqueles que desejam visitar seu universo pela primeira vez.

Autores
Graciliano Ramos nasceu em 1892, em Quebrangulo, Alagoas. Viveu em cidades de Pernambuco e Alagoas, e chegou a ser prefeito do município de Palmeira dos Índios, até fixar-se em Maceió e, depois, no Rio de Janeiro. Trabalhou como diretor da Imprensa Oficial de Alagoas, revisor e jornalista, além de ter assumido cargos em órgãos estaduais de educação. Graciliano começou a escrever para periódicos cedo, mas seu primeiro li­vro, Caetés, foi publicado apenas em 1933, oito anos após esboçar as primei­ras linhas do romance. A partir daí, não parou mais: publicou dez livros em vida e teve mais nove lançados postumamente. Um dos principais nomes da chamada Geração de 30, Graciliano — que inclusive foi preso por conta de divergên­cias políticas com o Governo Vargas — soube penetrar fundo o caráter humano para construir seus personagens. Morreu no Rio de Janeiro, em 1953, em decorrência de um câncer no pulmão.

Januária Cristina Alves é mestre em Comunicação Social pela ECA/USP, jornalista, educomunicadora e autora de mais de cinquenta li­vros infantojuvenis, sendo dois deles vencedores do Prêmio Jabuti de Literatura Brasileira. Januária recebeu ainda o Prêmio Vladimir Her­zog de Direitos humanos, em 1990, e o Prêmio Abril de Jornalismo, em 1995. Ao lado de Leusa Araujo, foi responsável pela seleção e organi­zação da obra Rubem Braga: o lavrador de Ipanema (Record, 2013), selecionada para compor o catálogo da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ) na Feira do Livro Infantil de Bolonha, em 2014. Januária é pesquisadora do folclore brasileiro e da cultura popular e autora do Abecedário de personagens do Folclore Brasileiro (Edições SESC/FTD Educação), finalista do Prêmio Jabuti em 2018. Além de escrever, realiza palestras e oficinas para educadores, crianças e jovens sobre Educação Literária, Alfabetização Midiática e Storytelling.

Leusa Araujo é jornalista, escritora e pesquisadora de conteúdo do nú­cleo de teledramaturgia da Rede Globo. Estreou na literatura em 1994 e, desde então, publica livros para jovens. Entre as suas obras de ficção e não ficção estão A cabeleira de Berenice (SM, 2006) e o Livro do cabelo (Leya, 2012). Em 2017, lançou o volume de contos Senão eu atiro — e outras histórias verídicas (Quelônio, 2017). Em 2019, Ordem, sem lugar, sem rir, sem falar ganhou nova edição pelas Edições Barbatana. Ao lado de Januária Alves, fez a seleção e a organização da obra Rubem Braga: o lavrador de Ipane­ma (Record, 2013). Foi responsável ainda pelo ensaio biobibliográfi­co da coleção Hilda Hilst: teatro completo (L&PM, 2018). Em 2016, recebeu o Prêmio Jabuti (paradidáticos, 2.º lugar) com o livro juvenil Convivendo em grupo (Moderna, 2016). Seu trabalho mais recente na TV Globo como pesquisadora foi Malhação: Viva a Diferença, de Cao Hamburger, que recebeu o Emmy Internacional Kids 2018 na categoria melhor série.

Catarina Bessell é paulista, formada em arquitetura e urbanismo pela Universidade de São Paulo (USP) e ilustradora há mais de dez anos. Seu trabalho pode ser visto semanalmente em colunas da Folha de S.Paulo, além de outros jornais e revistas brasileiras e internacionais. Catarina já ilustrou diversos livros infantis e juvenis. A mistura de téc­nicas como o grafite, o giz e a fotografia numa grande colagem é uma de suas grandes marcas. Para Almas da terra, a artista mergulhou no universo de Graciliano Ramos, pesquisando sua biografia por meio da própria obra do autor, vídeos, filmes e fotografias. l

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