Artigo

Aguardando a comissão

Lino Raposo Moreira *

Atualizada em 11/10/2022 às 12h16

A Comissão Parlamentar de Inquérito – CPI, criada pelo Senado da República a fim de investigar a omissão do governo federal no combate à covid-19, causada pelo coronavírus, como também a responsabilidade, ou falta de responsabilidade do presidente da República, surgiu com a determinada participação dele próprio, Jair Bolsonaro. Ele é responsável, em grande parte, pela morte dos mais de 370.000 brasileiros de todas as classes sociais, sendo os mais pobres os atingidos em maior número, em proporção a sua participação no total população, sem contar os sequelados, estes geralmente nos casos mais graves, que se contam hoje, em números inimagináveis, por qualquer critério usado no exame dos números.

Se analisarmos bem os fatos, bem como as atitudes e palavras do presidente da República, perceberemos um padrão macabro. Veremos imediatamente Bolsonaro como um falso líder, em verdade um líder de maus exemplos. Ele não usa máscara de proteção contra a transmissão do coronavírus, pois não acredita na sua utilidade no combate à doença terrível; provoca constantemente aglomerações, em especial entre seus fanáticos seguidores, alguns deles, mas não todos, supostamente de nível superior e frequentadores no passado de boas escolas, pelo menos e acordo com os comerciais de TV; defende uma tal de imunidade de rebanho, a ser obtida pela contaminação proposital de toda ou quase toda a população de um país, medida capaz, sim, de acabar com a pandemia, ao custo, porém, de mortes na casa não de centenas de milhares de mortos, mas de milhões; insiste em recomendar a seus seguidores o uso de medicamentos supostamente eficazes contra o coronavírus, mas sem comprovação científica nenhuma de sua utilidade. Não é de admirar muita gente em todo o Brasil classificá-lo como genocida.

Coerentemente com esse conjunto de ideias lúgubres, o presidente tem sistematicamente sabotado a compra de vacinas. Basta ver, neste caso, a proibição imposta por ele de compra de imunizantes produzidos na China, obrigando o então ministro da Saúde, general da ativa Pazuello, a romper um protocolo já assinado com a empresa chinesa Sinovac, de compra de milhões de doses de vacinas, ainda em outubro do ano passado. “Já mandei cancelar, o presidente sou eu, não abro mão da minha autoridade.” E ainda: “[É] uma vacina chinesa que parece que nenhum país do mundo está interessado nela. [...] Toda e qualquer vacina está descartada. [...] A pandemia está indo embora”. Esse é o motivo de a vacina coronavac representar quase a totalidade das atualmente aplicadas na população brasileira, graças aos esforços do governador de São Paulo, João Dória. Ele mobilizou o Instituto Butantan, do governo de São Paulo, para a missão de fabricar aqui mesmo no Brasil essa vacina.

A CPI da covid é composta de 11 membros titulares. Destes, sete formam maioria contra Bolsonaro. A Comissão irá apurar as responsabilidades pelo número inaceitável de mortes pela covid-19. Será examinada a atuação do governo Bolsonaro, de seus ministros e ex-ministros no combate à pandemia, particularmente a falta de vacinas em número suficiente à imunização da população brasileira; insuficiência de oxigênio para atender os pacientes de UTIs e evitar mortes por sufocamento nas portas de hospitais e unidades de saúde, como ocorreu no Estado do Amazonas.

Já era tempo de uma CPI como essa. Vamos aguardar seu andamento e conclusões.

* PhD, Economista, Da Academia Maranhense de Letras

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.