Artigo

Sobre as eleições em São Luís

Atualizada em 11/10/2022 às 12h18

Ter concorrido pela primeira vez foi oportunidade de conhecer a lógica real do sistema político-eleitoral. A compra de votos faz parte da cultura política. Materiais de construção e R$ 50,00 por voto são métodos fundamentais da corrupção eleitoral. Candidatos que nunca pisaram em comunidades com carências profundas tiveram boas votações nessas áreas. Qual a explicação? São nomes sem compromisso algum com as lutas que ali se dão. Os moradores relatam "parecia uma feira", "eles passam de noite com os envelopes", mas não dão detalhes suficientes para uma denúncia formal, por medo de retaliações.

Creio que parcela significativa dos eleitos para a Câmara de São Luís fez compra de votos. Quem financiou cobrará caro.
Se não se desenvolverem mecanismos contundentes de fiscalização, as punições permanecerão excepcionais e a compra de votos fluindo livremente.

Os vereadores de mandatos sucessivos seguem lógica peculiar. Atuam em áreas específicas da cidade, os "currais eleitorais", não se envolvendo em problemas que afetam toda população. Trabalham como “despachantes” junto ao Executivo para liberação de obras para tais localidades, focando esforços em cerca de 20 mil pessoas, numa cidade com mais de 1 milhão de habitantes. Garantem votos fiéis e mandatos tímidos em nichos locais de atuação.

Temas como Plano Diretor entram em negociações por vantagens. Não enfrentam o "andar de cima", que dita as reordenações urbanísticas. A população mais pobre sofre efeito doloroso disso: os despejos de suas moradias e locais de trabalho. A Câmara segue como se nada tivesse a ver com isso.

Quase nenhuma renovação surgiu das urnas. A exceção é o Coletivo Nós (PT), que precisará de apoio popular, pois seus pares na Câmara buscarão lugares de conforto, seja quem vencer o 2º turno.

O PSTU novamente não fez representante, apesar da coerente trajetória de lutas nas periferias. O PSOL permanece com pouca penetração eleitoral. Seu candidato majoritário "mirou" a esquerda, mesmo sem o estofo de presença em lutas populares reais na cidade.

A candidatura de Bira foi prejudicada pela fragmentação das majoritárias. Feita com correção e constantes caminhadas apresentou uma vice exemplar, Letícia Cardoso. Apesar de ser do PSB, o "antipetismo" parece ter influenciado sua rejeição. Talvez haja uma dose de racismo nesse índice.

Rubens Jr apostou que associar sua imagem ao governador o levaria ao 2º turno. O tímido 4º lugar demonstra que “o buraco é mais embaixo”. O uso da máquina pública não destoou do corriqueiro na direita.

Apesar de integrar o grupo político de Dino, Duarte Jr não representa a esquerda. Sua aliança com Josemar de Maranhãozinho fala por si. É candidatura comprometida com o que há de pior na política maranhense. É difícil acreditar que tenha “vindo de baixo”, como repete, mas deve-se observar onde quer chegar e quais caminhos escolhe. No caso dele, parece claro que se apoia em qualquer “escada” que o faça “subir”.

Braide é a direita pura, de berço. Articulado no Congresso Nacional com o Governo Federal, representa a possibilidade de fortalecimento do bolsonarismo em São Luís.

Nesse quesito, aliás, Braide e Duarte Jr são iguais, apesar das aparências.

Yglésio tentou discutir propostas, Jeisael manteve o estilo “direto” e preocupa a votação do desconhecido bolsonarista Sílvio Antonio (quase 3 vezes superior às do PSTU e PSOL somadas).

Meu voto no 2º turno será nulo.

Nossa candidatura foi marcada pela defesa de pessoas e coletividades segregadas, nossa pauta fundamental.
Estou em paz após essa batalha na qual recebemos carinhosos apoios.

Volto à luta diária na advocacia popular, após ter visto mais de perto o trágico e o belo de São Luís.

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