Artigo

Aluno relapso

Lino Raposo Moreira/PhD, economista, membro da Academia Maranhense de Letras

Atualizada em 11/10/2022 às 12h18

Não é preciso muito esforço mental a fim de se perceber o servilismo do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, em sua relação com o quase ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. É uma subserviência que é parte de um traço de caráter dele e se transmite às relações entre os dois Estados soberanos. Bolsonaro é muito valente, nas circunstâncias em que ele é o polo mais forte do relacionamento. Vejam como ele trata seus auxiliares (inclusive ministros), na base de gritos e palavrões. No entanto, quando se vê ameaçado por forças superiores a sua vontade, ele muda o tom do discurso, se isso servir a seus propósitos antidemocráticos. Não por muito tempo, no entanto, somente até o perigo desaparecer de seu horizonte.

Um exemplo apenas serve de amostra da natureza de seu comportamento. Quando, após incentivar demonstrações, por seus fanáticos malucos, das quais participava com entusiasmo, contra a democracia, pois reivindicavam o fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal, mas capaz, ainda, de perceber a falta de apoio da vasta maioria da sociedade brasileira a seus movimentos golpistas, ele mudou de tom e moderou seus arroubos autoritários. Ainda assim, ficou famoso seu Grito do Ipiranga golpista: - Acabou! Ele queria dizer: “Acabou essa história de dar satisfações ao Supremo Tribunal Federal e ao Congresso Nacional. Quem manda sou eu”. Ele pensava (e ainda deve pensar) que o presidente da República pode usar decretos com o fim de modificar leis, destas subvertendo a hierarquia.

Mais tarde, já neste ano de pandemia do corona vírus, a concessão de um auxílio emergencial de R$ 600,00 a milhões de pessoas por todo o Brasil, aumentou rapidamente sua popularidade, atiçando dessa forma seu autoritarismo. Como recursos não dão em árvores, não foi possível e não será depois de dezembro manter o auxílio, pelo menos na forma atual. O mero anúncio desta impossibilidade, por si só, já rebaixou em não desprezível percentagem a popularidade de Bolsonaro, levando ao fracasso eleitoral de quase todos os candidatos a prefeito por ele apadrinhados no primeiro turno das eleições municipais de norte a sul do Brasil. No segundo turno do próximo domingo há candidatos fugindo de Bolsonaro, como o diabo da cruz.

Descontada a completa ignorância dele sobre qualquer assunto sobre o qual se possa pensar, vejo sua bagagem de preconceitos capaz de entender somente a linguagem da violência, inseparável dele e parte essencial de seu modo de ser, tais como ódio contra homossexuais, pretos, mulheres, preservação ambiental, pobres, povos indígenas, estrangeiros (se não for americano) e pobre. Fala em honestidade, mas seus filhos andam às voltas com a lei, por vários tipos de crimes, como o das campanhas na internet voltadas para a calúnia, infâmia e difamação dos adversários.

Mas isso não é tudo. Mais de uma vez ele já tornou explícita sua visão preconceituosa dos nordestino. Numa se referiu aos governadores do Nordeste como “governadores de Paraíba”, num tom de menosprezo. Ele vê o Nordeste como uma entidade chamada Paraíba. Ninguém usa o nome do Estado da Paraíba sem o artigo feminino antes, exceto ele. Noutra. Se diz “Vim da Paraíba”, não “de Paraíba”. Precisa de horas e horas de aula de reforço. O professor, no entanto, precisará e uma palmatória para ensinar o aluno que faltou a todas as aulas.

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