Wilson Chagas , professor, ator, poeta e gestor geral do CE Maria José Aragão

Criativo, poético e transformador

Ele desenvolve um trabalho diferenciado no CE Maria José Aragão, na Cidade Operária, e vem se destacando como educador que busca inovar para transformar a realidade

Evandro Júnior/ Da equipe de O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h18
Wilson Chagas faz um trabalho que envolve arte e cidadania
Wilson Chagas faz um trabalho que envolve arte e cidadania (a gente conta wilson chagas)

SÃO LUÍS- Um professor engajado na transformação social de alunos da rede pública do Maranhão. É assim que pode ser definido Wilson dos Santos Chagas. Ele trabalha na área da Educação há 25 anos, sendo cinco como docente. Há duas décadas, atua no CE Maria José Aragão, na Cidade Operária, onde, atualmente, é o gestor geral. Entre outras coisas, desenvolve projetos que se destacam pela originalidade e criatividade. O também ator e poeta nasceu em Buriti (MA), na região do Baixo Parnaíba, e de lá saiu muito cedo, aos quatro anos, quando ficou órfão.

Wilson Chagas é o criador do Grupo de Arte Maria Aragão (Gamar), que existe há 19 anos. “O grupo surgiu como um desdobramento positivo do projeto de leitura e escrita ‘Palavras ao Vento’, desenvolvido sistematicamente todos os anos na escola. O produto final desse projeto é o Festival de Poesia Maria Aragão, que já revelou inúmeros talentos”, frisa.

Foi a partir desse projeto que a escola Maria José Aragão saiu do ranking de pior escola da comunidade para se tornar uma referência na educação estadual. Pelo Gamar, já passaram quatro mil crianças, adolescentes e jovens, todos egressos de escolas públicas da comunidade. São meninas e meninos que encontraram na arte um caminho diferente do que o destino havia escrito para eles. “A arte salva, liberta. O Gamar já conquistou inúmeros prêmios em Festivais Estudantis e já participou das Semanas de Teatro e de Dança”, conta.

O gestor está sempre em busca de novos desafios. Durante a pandemia, ele teve a ideia de aplicar uma dinâmica que despertasse nos professores o sentimento de cuidado. “Nós os convidamos para uma reunião presencial e os instigamos a meter a mão na terra e a plantar uma muda de alface, que simbolizaria os alunos. As plantas deveriam ser cuidadas, com atenção, água, sol, um pouco de conversa e um olhar diário, mesmo que à distância. No momento da dinâmica, falei de superação, de responsabilidade, de carinho, de cuidado, de energia positiva e de amor pela vida e por tudo que se faz. Que precisávamos fazer renascer a esperança. E que nossa maior esperança era fazer florir a vida de nossos alunos. Que eles eram brotos que, se bem cuidados, se transformariam em belezas da natureza”, conta.

Cada professor plantou seu pé de alface, regou, limpou e cuidou. Praticamente todos os dias, Wilson tirava fotos e publicava nos grupos da escola. Eram seus “filhos-alfaces”. As plantas cresceram, ficaram frondosas e bonitas. Quarenta e cinco dias depois, eles marcaram o ritual da colheita, com a presença de alguns professores e dois alunos, que expressaram a alegria de se sentirem cuidados e amados.

O professor é um inquieto em busca de transformar sua realidade. Também na pandemia, ele escreveu poemas inspirados em cenas do cotidiano. “A maioria deles me vem dentro dos ônibus, indo de um lugar para o outro. Escrevo compulsivamente dentro dos coletivos, observando cenas da vida pela janela, no vaivém das pessoas, em meio à pressa. Daí, para passar o tempo, aproveito para enviar os poemas para todas as pessoas que constam na minha agenda do celular”, revela.

Textos poéticos
Há mais ou menos dez anos, Wilson tomou a decisão de escrever textos, poéticos ou não, com mensagens positivas, de incentivo, de apoio, de amor pelas coisas da vida e enviar para todos os seus contatos. “Não gosto de denominá-los de texto de autoajuda. São somente textos bacanas, que me surgem de repente ou da necessidade de dizer algo para alguém. Sempre recebo mensagens de gratidão de várias pessoas, inclusive me relatando que parece que os escrevi para elas, ou que os textos chegaram em boa hora, que lhes foram uma injeção de ânimo. Isso é muito gratificante”, diz.

Apaixonado por teatro, ele diz que a arte representa a sua liberdade criativa. “É a minha sanidade em meio a esse mundo louco. O teatro me dá a possibilidade de dizer as verdades por meio do jogo semântico contido na representação do real imaginário. Sem contar que o teatro nos possibilita viver todas as emoções possíveis. Quando estou em cena, ou quando coloco os jovens do Gamar em cena. É como se entrássemos num universo mágico de transfiguração. É pura catarse. Para mim, o teatro, aliás, a arte como um todo, é alimento, é sangue, é verbo, é alma”, afirma.

Wilson Chagas coloca amor em tudo o que faz. É muito criativo, inteligente e comunicativo. Quando começa um projeto, vai até o fim e muito raramente não dá certo. Seu maior sonho é que a arte esteja presente, latente, pulsante, viva e prática, em todas as escolas. Principalmente nas escolas públicas. “Afinal, afirmo, categoricamente, que foi a arte que mudou a minha vida e a escola Maria José Aragão”, finaliza ele, que em 2021 lançará dois livros e retomará seu espetáculo de danças populares intitulado “Baião de Seis”. l

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