Transporte

Com investimentos privados, Brasil quer duplicar malha ferroviária em 10 anos

Modal corresponde a 15% da matriz de transporte brasileira e o objetivo é chegar a 30% até 2030; uma vitória foi o leilão da ferrovia Norte-Sul, que, pronta, proporcionará ligação do Porto de Itaqui (MA) ao Porto de Santos (SP)

Atualizada em 11/10/2022 às 12h19
Vantagem competitiva do modal ferroviário é transportar grandes volumes de carga a grandes distâncias
Vantagem competitiva do modal ferroviário é transportar grandes volumes de carga a grandes distâncias (ferrovia norte-sul)

BRASILIA - As ferrovias brasileiras podem ter um outro cenário em 2030. Isso porque o Governo Federal espera duplicar a malha ferroviária do país em 10 anos, contanto com a participação da iniciativa privada por meio do Programa de Parceria de Investimentos (PPI). Atualmente, o modal ferroviário corresponde a 15% da matriz de transporte do Brasil e o plano do Executivo é chegar a 30% ainda nesta década.

A expansão da malha tem relação direta com o agronegócio, já que um dos objetivos é reduzir o custo e melhorar a eficiência logística do setor, que hoje depende basicamente do modal rodoviário. A ideia é conectar as ferrovias aos portos brasileiros.

“A primeira grande vitória foi ano passado, o leilão da Ferrovia Norte-Sul. Tivemos uma ferrovia que foi vendida com 100% em cima do valor de outorga, por R$ 2,7 bi, e que está gerando investimento de R$ 2,8 bi. Essa obra hoje está em andamento, uma concessão que está indo de Porto Nacional (TO) a Estrela d’Oeste (SP). No final das contas, essa ferrovia pronta proporciona uma ligação do Porto de Itaqui (MA) ao porto de Santos (SP). Vamos começar a ver containers saindo de Santos e indo em direção ao Centro-Oeste brasileiro e vice-versa”, explica o Ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes.

Na época da realização do leilão, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas disse que o resultado é mais uma demonstração de confiança no Brasil. “Com a concessão desse segmento, vamos poder escoar a produção, tanto pelo Porto de Itaqui (Maranhão) como pelo Porto de Santos (São Paulo), o que vai ser transformador para o país”, afirmou à época.

Segundo o governo Federal, inicialmente, há o planejamento de investimento em três novas ferrovias. A Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL); a Ferrogrão, que vai ligar o Centro-Oeste ao estado do Pará; e a Ferrovia de Integração Centro-Oeste (FICO). Essas linhas, segundo o Ministério da Infraestrutura, devem receber investimentos da ordem de R$ 14 bilhões nos próximos anos.

O transporte de cargas por ferrovias é caracterizado pela grande volumetria de material carregado por grandes distâncias, como explica José Augusto Valente, engenheiro e ex-secretário de Política Nacional de Transportes do então Ministério dos Transportes do primeiro mandato do ex-presidente Lula.

“A vantagem competitiva do modal ferroviário é transportar grandes volumes de carga a grandes distâncias. Por exemplo, a estrada de ferro Carajás. Hoje a malha ferroviária transporta granel, minério de ferro. São cargas com baixo valor. Essas características também são encontradas no modal aquaviário”, pontua.

O Executivo quer leiloar à iniciativa privada, até o fim do governo, mais de 100 ativos em vários modais, incluindo aí as ferrovias, as rodovias e os aeroportos.

Contratos renovados

O Tribunal de Contas da União (TCU) autorizou a renovação antecipada dos contratos de concessão da Estrada de Ferro Vitória a Minas e da Estrada de Ferro Carajás (que corta o Maranhão), administradas pela mineradora Vale. Os contratos, que se encerrariam em 2027, foram estendidos por mais 30 anos. O contrato original da Malha Paulista, que venceria em 2028, também foi renovado pelas próximas três décadas. A ampliação da capacidade de transporte deve injetar R$ 6 bilhões em recursos privados em cinco anos.

“São três importantes pedaços da malha ferroviária do país que agora passam por um processo de modernização dos contratos, de aumento de capacidade da malha”, ressalta o secretário Nacional de Transportes Terrestres, Marcello da Costa.

“Ainda temos velocidades ferroviárias baixas no Brasil. Com essa modernização em cima da malha, que basicamente foi construída no início de 1900, vai aumentar a velocidade média, aumentar a capacidade dos nossos vagões, e uma parte muito importante, vai aumentar a segurança”, completa o secretário. As informações são da Agência Brasil 61.

Saiba Mais

O secretário Nacional de Transportes Terrestres do Ministério da Infraestrutura, Marcello Costa, esteve, na manhã desta sexta-feira (21), em Anápolis (GO), para conhecer as instalações que irão sediar o futuro Centro de Excelência de Tecnologia Ferroviária. A visita técnica contou ainda com as presenças da equipe da secretaria, além do governador do estado, Ronaldo Caiado. O projeto envolve ações do Governo de Goiás e do Governo Federal, através do MInfra e da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

“No momento que o governo federal investe novamente em ferrovias no país, precisamos agregar com esse investimento, uma capacitação tecnológica, desenvolvimento e pesquisa científica. Daí nasceu a ideia do Centro de Excelência, fruto de uma parceria com o governo de Goiás, que já disponibilizou uma área construída com 33.000 m² de área construída”, afirmou o secretário.

Ronaldo Caiado destacou que a implantação do Centro de Excelência de Tecnologia Ferroviária vai dar uma nova utilidade ao Centro de Convenções de Anápolis, ampliando o desenvolvimento tecnológico para todo o estado. De acordo com o governador, o projeto é inovador e trará mais oportunidades para vários setores da economia, bem como geração de empregos e renda. “O Centro de Tecnologia Ferroviária de Anápolis será referência para a toda a América Latina”, disse.

“Acreditamos que, ao longo do ano, a gente vai poder ouvir o setor produtivo, a indústria e a academia para modelar o escopo do Centro de Excelência já para que, a partir de 2021, possamos trazer para cá o que tiver de melhor no mundo em tecnologia ferroviária ”, completou o secretário do MInfra, Marcello Costa.

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