Entrevista Neto Evangelista

"Desconheço articulação que envolva Consórcio"

Na segunda entrevista da série de O Estado com pré-candidatos a prefeito de São Luís, deputado nega que haja consórcio de candidatos do Palácio dos Leões

Gilberto Léda/ Da editoria de Política

Atualizada em 11/10/2022 às 12h19
Pré-candidato do DEM, Neto Evangelista diz que espera pelo apoio do prefeito de São Luís, Edivaldo Júnior
Pré-candidato do DEM, Neto Evangelista diz que espera pelo apoio do prefeito de São Luís, Edivaldo Júnior (Neto Evangelista)

Deputado estadual em seu terceiro mandato, mesmo sendo um dos mais jovens da atual composição da Assembleia Legislativa do Maranhão, Neto Evangelista é o pré-candidato do Democratas à Prefeitura de São Luís.

Aos 32 anos, ele se prepara para enfrentar sua segunda disputa majoritária na capital, desta vez como cabeça de chapa. Em 2012, ainda no PSDB, foi candidato a vice na tentativa de reeleição do então prefeito João Castelo.

Os tucanos acabaram derrotados pelo atual prefeito de São Luís, Edivaldo Holanda Júnior, de quem Evangelista ainda espera ter apoio, após atrair para sua base o PDT do chefe do Executivo Municipal.

O partido já declarou apoio ao candidato do DEM. O prefeito, não. Mas isso não parece incomodar o pré-candidato.

"Aprendi desde cedo com meus pais a respeitar a todos indistintamente, e respeito o tempo e a decisão do prefeito Edivaldo. Minha percepção é que, no momento, ele está focado em sua gestão", destacou, em entrevista a O Estado.

Ele também disse desconhecer que exista qualquer articulação pela formação de um "consórcio de candidatos" ligados ao Palácio dos Leões. Neto Evangelista é o segundo postulante a candidato a prefeito da capital a participar da série de entrevistas com todos os pré-candidatos de São Luís.

Você faz parte da base de apoio ao governo Flávio Dino que, dizem, montou um "consórcio de candidatos" para vencer a eleição em São Luís. Existe de fato esse "consórcio"?

Fiz campanha com o governador Flávio em 2014 e em 2018, fiz parte de sua equipe de governo e hoje faço parte da base de apoio na Assembleia Legislativa, mas desconheço qualquer articulação que envolva algum tipo de consórcio. Nossa candidatura nasceu de um sentimento popular, abraçado em seguida pelo meu partido nas esferas estadual e nacional. Conto com o apoio político e técnico irrestrito do prefeito mais bem avaliado do país, ACM Neto de Salvador (presidente do DEM nacional) e com diversas forças políticas em torno de um projeto sério, responsável e de desenvolvimento para a cidade. E sem nenhum temor e com bastante humildade afirmo que faremos a melhor administração da história de São Luís.busca e apreensão, e de

Qual a importância do PDT nas eleições da capital?

O PDT é um partido que tem história na cidade, tem um legado deixado por dr. Jackson Lago, o qual tive o prazer de conviver e de fazer campanha. É uma legenda de militância aguerrida que qualquer candidato queria ao seu lado em um projeto político. Tem lideranças consolidadas como o presidente da Câmara Municipal, vereador Osmar Filho, o senador Weverton e tantos outros. Portanto, é uma honra receber o apoio do PDT.

Na sua avaliação, o prefeito Edivaldo Holanda Júnior conseguiu cumprir o que prometeu nas eleições de 2012 e de 2016?

Acredito que fez o que estava a seu alcance. Não faço política atacando e nem apenas criticando. Repudio gestores que acham que são donos da verdade e que seu antecessor nada fez. Todos tiveram sua parcela de contribuição, uns mais, outros menos. Políticas públicas acertadas pelo prefeito Edivaldo, como a feirinha São Luís, a política de resíduos sólidos, o programa São Luís em obras que tem asfaltamento, reforma de praças e feiras, entre outros acertos, darei continuidade e abriremos diversas novas frentes de trabalho.

O partido do governador Flávio Dino, PCdoB, tem um pré-candidato em São Luís. Você acredita que, mesmo assim, ele poderá dar alguma demonstração de apoio aos demais aliados que estejam na disputa?

O governador foi eleito por uma frente ampla de partidos, nos quais vários têm pré-candidatos. Como ele mesmo diz que seu partido são os 16 que o elegeram governador, acredito no que o próprio diz também, que não se envolverá no primeiro turno das eleições. Mas se entender que a nossa candidatura é o melhor caminho para a cidade, estarei pronto para receber seu apoio.

Em virtude da pandemia da Covid-19, muito se tem debatido sobre a data das eleições deste ano. Você acredita num adiamento? E mais: você é a favor de um adiamento?

Como na vida, em política tudo tem seu tempo e achei precoce esse debate no início da pandemia, sem sabermos sequer o reflexo dela no Brasil. Fiz questão de lá atrás me abster desse debate e me preocupar com a pandemia, pois discutir isso naquele momento demonstrava o maior interesse nas eleições do que a preocupação propriamente com a vida das pessoas. Já estamos em outro momento e o colegiado competente para discutir o tema que é o Congresso Nacional já passou a tratar. Hoje, acho importante e necessário o adiamento para garantir um bom debate para a cidade.

Se houver um adiamento, a saída seria a extensão dos mandados dos atuais prefeitos e vereadores?

Acredito em eleições ainda este ano, parece que há um consenso no Congresso com relação ao dia 15 de novembro para o primeiro turno. Extensão de mandato soa como casuísmo, a população elegeu os vereadores e prefeitos em 2016 para um mandato de quatro anos e não de seis.

A eleição municipal sempre pode ser um bom termômetro para as eleições presidências e de governos de dois anos depois. Você acredita que 2020 pode ser uma mostra de que o bolsonarismo já se esgotou?

No nosso sistema eleitoral, com eleições de dois em dois anos, é razoável pensar que o resultado das eleições municipais reflete o que veremos adiante. Quanto ao esgotamento do bolsonarismo, só as urnas para afirmar.

Qual sua avaliação do atual momento por que passa o país?

Vivemos a maior crise sanitária e econômica dos últimos tempos. Sem dúvida o maior reflexo disto está nos municípios, é o ente que mais detém responsabilidades, entretanto, o que menos recebe recursos, um erro do nosso sistema administrativo/tributário. Teremos que nos reinventar, problemas antigos serão agravados. Na educação, o calendário pedagógico já está comprometido; na saúde, após o colapso no sistema trazido pelo coronavírus, teremos uma demanda reprimida de outras doenças, com consultas, exames e cirurgias que ficaram em segundo plano durante a pandemia; na economia será necessário um projeto audacioso de recuperação de empresas, emprego e renda. Definitivamente, o próximo mandato de prefeito não será para amadores e marinheiros de primeira viagem, será necessário uma boa equipe e um poder de articulação política fortíssimo, sob pena de maior agravamento de todas essas situações elencadas.

Você acredita que o presidente Jair Bolsonaro ainda pode conseguir dar algum rumo ao seu governo?

Sou ludovicense nascido aqui no Cohatrac, maranhense da gema e brasileiro nato, serei sempre um torcedor para que quem esteja à frente do poder acerte. Agora como me perguntou se eu acredito: Não! não acredito. O presidente vem perdendo ao longo do tempo a capacidade de diálogo e de liderança responsável pelo país. Basta ver que andou na contramão de todo o planeta durante esta pandemia. E uma coisa me preocupa muito nesse momento: a democracia. As democracias não morrem apenas através de armas, mas também através de governos eleitos, vide na história antiga e recente a Alemanha, a Itália, a Venezuela, e essa é a forma mais silenciosa e perigosa.

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