Violência

Feminicídio registra aumento de 166,7% no Maranhão durante a pandemia

Dados são do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que informou que durante os meses de março e abril deste ano houve o registro de 16 casos

Ismael Araújo / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h19
Os números de feminicídio decresceram em apenas três estados do Brasil, segundo dados do fórum
Os números de feminicídio decresceram em apenas três estados do Brasil, segundo dados do fórum (FEMINICIDIO PANDEMIA )

SÃO LUÍS - Houve um aumento de 166,7% dos casos de feminicídio no Maranhão durante o período de pandemia do novo Coronavírus, entre os meses de março a abril deste ano, em comparação ao mesmo período do ano passado, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O número de feminicídio subiu de seis para 16 casos em todo o estado.

Esses dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública foram divulgados no último dia primeiro e foram coletados nos órgãos de segurança dos estados brasileiros. O Acre foi o estado em que se constatou o agravamento mais crítico. O aumento desse tipo de crime tipo de crime foi 300% no país. No Maranhão houve um crescimento de 166,7% e Mato Grosso, 150%.

Os números decresceram em apenas três estados e um deles foi Espirito Santo, uma queda de 50%. A outra localidade foi Rio de Janeiro, que diminuiu 55, 6% e Minas Gerais, onde houve o decréscimo de 22, 7% dos casos de feminicídio. Este crime é o assassinato de uma mulher cometido devido ao desprezo que o acusado sente quanto à identidade de gênero da vítima.

Um dos fatores que explica essa situação é a convivência mais próxima dos agressores com as vítimas durante o período de pandemia. Os atos violentos vêm sendo realizados na própria residência do casal e a maioria das vítimas é impedida até mesmo a se dirigir a uma delegacia ou a outros locais que prestam socorro a vítimas, como centros de referência especializados, ou, inclusive, de acessar canais alternativos de denúncia, como telefones ou aplicativos.

Casos

A polícia já registrou um total de 25 casos de feminicídio somente neste ano no Maranhão. Os casos ocorreram nas cidades de São Luís, Imperatriz, Maracaçumé, Buriticupu, Coroatá, São Luís Gonzaga, Timbiras, São José de Ribamar, Caxias, Lago da Pedra, Governador Edison Lobão, Itapecuru, Brejo, Pinheiro, Timon, Carolina, João Lisboa, Presidente Dutra, Palmeirândia, Santa Inês, Santa Helena, São João do Paraíso e Vitória do Mearim.

Um dos últimos casos ocorreu no dia 31 do mês passado, na região do Alto do São Francisco, em Vitória do Mearim, e teve como vítima Franciane Silva Andrade, de 22 anos. O caso está sendo investigado pela equipe da Delegacia de Polícia Civil dessa cidade.

De acordo com a polícia, o principal acusado é o ex-namorado da vítima, identificado como Anilton Sodré, e ainda ontem não tinha sido preso. Eles se conheceram por meio da rede social e chegaram a morar juntos no povoado Jacaray, mas, estavam separados há seis meses.

Ainda segundo a polícia, no último dia 31, eles chegaram a discutir e, no dia seguinte, Franciane Silva foi encontrada morta com sinais de esganadura. Enquanto, o acusado fugiu do município e há informações que está na capital maranhense.

A polícia também não efetuou a prisão de um homem, nome não revelado, acusado de ter assassinado a sua vizinha, Joana Maria Diniz, de 66 anos. O delegado Leonardo Carvalho, da Superintendência de Homicídio e Proteção a Pessoas (SHHP), informou que a vítima residia sozinha em uma residência, localizada no Residencial Recanto dos Signos, área da Cidade Operária.

O acusado frequentemente realizava serviços na residência da vítima e recebia dinheiro em troca. Na manhã do dia 26 do mês passado, ele, provavelmente, teve um surto psicótico e chegou a brigar com a própria irmã, nome não revelado, logo após, conseguiu pular para o quintal da casa da idosa.

Ele ao encontrar Joana Maria sozinha acabou cometendo o crime. O delegado contou que a vítima foi encontrada morta pelos vizinhos. Os peritos do Instituto de Criminalística (Icrim) constataram que a idosa foi morta por estrangulamento e havia até mesmo um pano no pescoço dela. A casa da vítima estava bagunçada e havia quatro celulares danificados sem os chips. O caso está sendo investigado pelo Departamento de Feminicídio, que é coordenado pela delegada Viviane Fontenelle.

Saiba mais

Os dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública ainda revelam que os casos de lesão corporal doloso (quando há intenção de cometer a agressão, durante os meses de março e abril deste ano em relação ao mesmo período do ano de 2019 houve uma redução de 97,3%. Também ocorreu diminuição desse tipo de crime no Rio de Janeiro, 48,5%; Pará, 47,8% e o estado do Amapá, 35%.

Números

6 feminicídios ocorreram durante os meses de março e abril do ano passado no Maranhão

16 crimes de feminicídios foram registrados no decorrer da pandemia no estado

25 mulheres foram assassinadas neste ano em todo o estado e, segundo a polícia, cometido devido ao desprezo do acusado sentir quanto à identidade de gênero da vítima.

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