Artigo

E daí?

Lino Raposo Moreira, PhD, economista, membro da Academia Maranhense de Letras

Atualizada em 11/10/2022 às 12h19

Afinal a que hora do dia Bolsonaro se dedica a tratar dos grandes problemas do Brasil? A pandemia, por exemplo. Como todos sabem, ela se expandiu por todo o país. Somente na semana passada, tirou a vida de mil pessoas por dia aproximadamente e continuará a fazê-lo nas próximas semanas. Ainda assim, não se ouviu de sua boca, capacitada a emitir milhares de palavrões por hora, e de expelir perdigotos aos bilhões, em prejuízo de seus próprios seguidores na entrada do palácio do Alvorada, palavra nenhuma de consolo ou de simpatia pelos falecidos.

Nenhum gesto de compreensão pela dor dos familiares e amigos dos mortos, nenhuma empatia pela dor alheia, nenhuma atitude de solidariedade com o povo brasileiro. Nada. Nada. Nem mesmo um baixar de cabeça fake, como as fakes produzidas sob o comando e seu filho Carlos, um fingir reverência aos caídos em meio a muito sofrimento e angústia, por não por não terem a seu lado na hora da morte os entes queridos, como se tornou comum na tragédia da pandemia, a morte solitária.

Estaria ele, então, tratando do futuro da economia brasileira, planejando o pós-pandemia, na tentativa de minimizar a inevitável recessão deste ano, provavelmente mais profunda do que os especialistas preveem, se a tentativa de abertura precipitada das atividades econômicas for de fato implantada, como vem sendo anunciada, apesar de não termos atingido ainda o pico da doença, como nos países da Europa e Ásia cuja curva e contágio está caindo?

Ou ele passa as noites acordado pensando em como resolverá o problema do desemprego, com milhões de trabalhadores em busca de empregos desaparecidos sem volta, numa economia, cuja recuperação será muito lenta? Ou seus pensamentos se voltarão para o sistema educacional brasileiro, que, é opinião quase unânime, necessita de mudanças profundas, capazes de abrir oportunidades a todos os brasileiros, em especial aos mais pobres, os mais atingidos pela má qualidade das escolas por eles frequentadas?

Pode-se pensar também na sua angústia de tornar o importante, mas subfinanciado, sistema de saúde pública do Brasil, mais eficiente na assistência, principalmente, das pessoas sem condições financeiras de utilizar serviços privados.

Desgraçadamente, porém nada disso é verdadeiro. O presidente da República do Brasil gasta seu tempo mandando mensagens pelo twitter, atacando os outros poderes da República, infectando seus próprios seguidores em frente ao palácio do Alvorada, tentando interferir sobre órgãos, os quais, como a Polícia Federal, tem seu diretor-geral por ele indicado, mas não podem dar informações ao presidente de inquéritos em andamento, participando de manifestações antidemocráticas, que portam faixas com pedidos de fechamento do Supremo Tribunal Federal - STF e do Congresso Nacional.

Bolsonaro, antes de tomar posse, pensava no cargo de presidente da República, como o de um Déspota Ignorante, com o poder de fazer reformas no país por decreto, ignorando os poderes Legislativo e Judiciário. Quando o STF começou a colocar freios na sua tentativa de transformar o Poder Judiciário em subordinado do Executivo e instaurou um inquérito para investigar a produção de fake News no Brasil, a investigação chegou a provas robustas contra seu filho Carlos, chefe do chamado Gabinete do Ódio. Daí o desespero demonstrado por ele agora. O Carluxo terá de se haver com a Justiça.

E daí? Daí a legalidade prevalecerá.


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