Artigo

Isolamento domiciliar

Mauro César V. de Oliveira *

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20

Ainda é muito cedo para relaxar o isolamento domiciliar

Outro dia ouvi pelo rádio, a entrevista de um brasileiro que mora em Bérgamo, na Itália.

Ele dizia que, há cinco semanas, eles estavam em uma situação semelhante à do Brasil hoje: Pararam suas atividades por duas semanas e depois acharam que não tinha problema ir voltando à vida normal. Todos voltaram ao trabalho e somente as escolas continuaram fechadas. E praticamente ele fez um apelo dizendo: “se tivessem nos alertado da gravidade da situação e de como esse vírus é agressivo, era muito melhor que tivéssemos continuado isolados como estamos hoje. Aqui também se falava sobre os riscos para a economia, (dizia ele na entrevista) mas hoje, cada um de nós tem um parente ou um amigo, ou um amigo do amigo entre os falecidos”.

Esse testemunho emocionado de alguém que está atravessado o mais grave da crise do coronavírus, e também os exemplos que temos em outros países como Espanha Inglaterra e Estados Unidos, nos fazem refletir o quanto não queremos passar pela mesma experiência dolorosa.

O que seríamos capazes de fazer para evitar os sofrimentos que esses países estão passando, como situações em que não havia leitos de UTI suficientes para tantos doentes graves e centenas estão sendo vitimados a cada dia?

Causa-nos bastante preocupação, enquanto na Itália as pessoas estão há cinco semanas sem sair de suas casas (com multas de 2 mil euros para quem desobedecer) e os Estados Unidos decretaram o isolamento domiciliar até o final de abril, aqui no Brasil muitos reivindicam que todos voltem ao trabalho, justamente no momento em que a curva está em ascensão e o número de casos começa a se elevar rapidamente.

Entendemos perfeitamente a angústia daqueles que passam dificuldade nessa situação em que está quase impossível se manter se não for pela ajuda de parentes e amigos, especialmente os trabalhadores autônomos, os que vivem na informalidade ou aqueles que precisam fazer 20 reais hoje pra ter o que comer amanhã.

Esse é o momento em que o estado precisar ser mais do que governo... precisa ser PAI daqueles que mais necessitam. Esse é o momento de todos os recursos possíveis, especialmente emendas parlamentares, fundos eleitorais etc serem canalizados para prover a assistência à saúde e socorrer aqueles que passam fome e não tem de onde tirar o seu sustento durante essa grave crise.

Esse é o momento também da solidariedade... da ajuda mútua de toda sociedade... e também dos empresários que puderem consumir alguma reserva para socorrer seus funcionários e evitar demissões.

De países como Itália, Espanha e EUA, nos vêm relatos alarmantes e desesperadores que estão se repetindo e que não queremos para as nossas famílias. Portanto, apesar das dificuldades, tudo o que tiver ao nosso alcance deve ser feito para evitar, em nosso país, a mesma calamidade.

Baseado nesses exemplos de outros países, a conclusão racional é de que precisamos ainda manter, ao máximo, o isolamento domiciliar de todos os que não estiverem envolvidos em atividades essenciais, avaliando essa medida semana após semana, pensando, em primeiro lugar, na vida das pessoas.

É claro que a manutenção das outras medidas é muito importante e necessária como os cuidados extremos de higiene e o uso de máscaras por toda a população, mas, o isolamento domiciliar compulsório e prolongado tem se mostrado o meio mais eficaz de diminuir contágio entre as pessoas e dificultar a propagação rápida da doença em um curto espaço de tempo.

A economia acaba se recuperando com o tempo, os empregos serão repostos gradativamente mas, vidas perdidas não poderão retornar.

Façamos um esforço que durará por algum tempo, mas que nos ajudará a atravessar as próximas semanas com mais segurança e que, acima de tudo, nos ajudará a salvar muitas e muitas vidas.

Que Deus ilumine nossos governantes e guarde a cada um de nossas famílias!

* Presidente da Associação Médica do Maranhão, vice-presidente/NE da Associação Médica Brasileira (AMB), membro da Academia Maranhense de Medicina

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