Artigo

Rua da Paz

Lino Raposo Moreira, PhD, Economista. Da Academia Maranhense de Letras

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20

No último 12 de março, nova diretoria da Academia Maranhense de Letras, cujo presidente é Carlos Gaspar, foi empossada no salão nobre da AML, substituindo a comandada por Benedito Buzar.

Quando presencio eventos solenes dessa natureza, lembro de como a construção de uma instituição cultural como a nossa é verdadeiramente uma obra coletiva, feita de modo perene pelos acadêmicos. Mas é da presidência a imensa responsabilidade de conduzi-la e de representá-la assim como é sua tarefa harmonizar as vontades individuais de seus membros, árdua tarefa, como são também as outras, de cunho cultural. Todos os presidentes que conheci, Jomar Moraes, Joaquim Itapary, Milson Coutinho, Benedito Buzar, e como será com Carlos Gaspar, souberam criar na Casa um ambiente de cordialidade, boa convivência e respeito mútuo. No meu caso, a dirigi no ano de 2008, quando tive a oportunidade de conduzir as festividades do seu Centenário, e em 2009.

Falo dessas coisas para lembrar isto. A AML, assim como outras instituições, é feita em grande parte, da preservação de tradições. Mas tal característica não a faz refratária a inovações, a exemplo da novidade ocorrida na posse recente. Falo do acadêmico Sálvio Dino. Ele propôs fazer uma saudação ao novo presidente, durante a solenidade de posse. Isso nunca tinha sido feito antes. A sugestão foi prontamente aceita pelo empossando.

Antes de falar sobre o pronunciamento de Sálvio, deixem-me mencionar suscintamente minha longa amizade com ele. Em 1971, eu fui para a Secretaria de Fazenda do Estado, convidado por Jayme Santana, meu colega na antiga Faculdade de Economia do Maranhão, que assumira a Secretaria da Fazenda do Estado, no início de 1971. Fui compor sua assessoria de planejamento, chefiada pelo hoje deputado Gastão Vieira. Sálvio, na ocasião ex-deputado, pois teve o mandato cassado pelos militares, era assessor jurídico do secretário. Nos conhecemos lá.

Nele sempre admirei a lealdade aos amigos, a franqueza sem rudeza, a firmeza de caráter, a solidariedade, a dedicação à pesquisa da história de sua região, no sul do Maranhão, a vivacidade intelectual a inventividade. A diferença de idade entre nós em nada prejudicou a amizade. Eu tinha em 1971, 23 anos e havia me formado em economia no ano anterior, e ele 39 anos. Em 2021, serão 50 anos, período em que passei 15 anos fora do Maranhão, 5 nos Estados Unidos e 10 em Brasília durante o governo Sarney e depois.

A oportuna proposição de Sálvio foi de a Casa postular à prefeitura de São Luís a inclusão da rua da Paz no programa de revitalização do Centro Histórico da cidade, ora em execução. Em primeiro lugar, a própria AML nela se localiza, num prédio histórico onde já funcionaram uma escola pública, no século XIX, e a Biblioteca Pública do Estado. São inúmeros, ainda, os vultos importantes da nossa literatura, e até da história brasileira, que lá residiram. Uma figura nacional ainda reside, como veremos. Sálvio dá exemplos: da Academia – Tasso Fragoso; Alfredo de Assis Castro, o último dos fundadores a falecer, em 1977; Nascimento de Morais; Odylo Costa, filho; Umberto de Campos; outros – Domingos Perdigão, João Lisboa, Colares Moreira Júnior, etc. Moram também na rua os restos mortais de Silvério dos Reis, aquele da Inconfidência Mineira, na igreja de São João.

Carlos Gaspar deve levar ao prefeito o assunto, como uma reivindicação da Casa, Se o onipresente coronavírus não atrapalhar.

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