Livro

Contos e xilogravuras em publicação

Confraria de Bibliófilos do Brasil apresenta edição limitada e artesanal de livro de contos de Aluísio Azevedo com ilustrações de Airton Marinho

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20
O xilogravurista Airton Marinho observa o livro  “O Macaco Azul e Outros Contos de Aluísio Azevedo”
O xilogravurista Airton Marinho observa o livro “O Macaco Azul e Outros Contos de Aluísio Azevedo” (Airton Marinho )

São Luís - A arte inconfundível de Airton Marinho ilustra as páginas da edição do livro “O Macaco Azul e Outros Contos de Aluísio Azevedo”, uma publicação da Confraria de Bibliófilos do Brasil. A obra, que teve apenas 501 exemplares numerados, segue o padrão da instituição que produz seus livros a partir de processos utilizados primordialmente na primeira metade do século XX, como a composição em linotipia (linhas de texto moldadas a chumbo quente), a impressão tipográfica semimanual e encadernação e acabamento manuais que utilizam papéis artesanais feitos com fibras naturais. O resultado encanta pelo esmero, beleza e originalidade do trabalho.

O livro reúne 16 contos do maranhense Aluísio Azevedo (1857-1913), escolhido pela instituição para ser homenageado neste que é a 18ª edição da coleção “Edições da Confraria”. Da vasta obra do maranhense Aluísio Azevedo, o editor responsável e presidente da Confraria, José Salles Neto pinçou, além do conto que dá nome ao livro, “O macaco azul”, escritos como “O último lance”, “A Serpente”, “Fora de Hora”, “Vícios”, entre outros.

Para acompanhar cada um dos contos, um trabalho feito por Airton Marinho especialmente para a publicação. Além das obras principais, o livro traz ainda detalhes dos desenhos que foram totalmente impressos em serigrafia a partir da matriz das xilogravuras entalhadas no tamanho real da página. São todas em preto e branco e as edições numeradas são todas assinadas por Salles Neto e Airton Marinho.

Com 40 anos de carreira, o trabalho de Marinho fala por si. Tanto é que o convite para que ilustrasse a publicação veio a partir de um telefonema do presidente da Confraria, Salles Neto. “Ele me ligou, falou sobre o trabalho e perguntou se eu podia fazer. Na hora fiquei interessado já que Aluísio Azevedo, além de ser um grande escritor brasileiro, é também maranhense”, conta o xilogravurista que demorou três meses para a execução do trabalho que, por ter edição limitada, não está à venda.

Perfil

Airton Marinho utiliza a arte da xilogravura a partir de técnicas desenvolvidas por ele em suas quatro décadas de produção. Autor de séries famosas que trazem temas como brincadeiras infantis, festas populares, trabalhadores rurais, entre outras com inspirações em cenas do imaginário popular do Maranhão. A evolução de sua técnica passa pela utilização de policromia, formas geométricas e mais concretistas bem como a perspectiva de profundidade presentes em seus trabalhos, apesar de pouco usuais na tradicional xilogravura.

Entre as séries que assina estão “Brincadeiras Infantis”, de 1979, inspirada na infância do artista que nasceu no interior do Maranhão; “Ao Trabalho”, que representa diferentes trabalhadores rurais, como o lavrador, a quebradeira de coco, entre outros; “Lendas e Mitos”, que tem como base as lendas maranhenses, como a serpente encantada; “Festas da Ilha”, com expressões da cultura popular do Maranhão e a primeira com trabalhos em policromia; Vôo Rasante, inspirada em objetos, insetos e flores que se movimentam no ar, como pipas, borboletas, entre outras. Seus trabalhos também figuram em capas e miolos de livros e discos.

Confraria

A Confraria dos Bibliófilos do Brasil foi fundada em Brasília (DF), em 1995. É uma associação de bibliófilos e amantes dos livros produzidos com processos utilizados por processos artesanais. Todos os livros são ilustrados por pintores, gravadores e ilustradores de renome nacional, contratados especificamente para ilustrar cada um.

Entre estes ilustradores estão artistas como Poty Lazarotto, Renina Katz, Glênio Bianchetti, Marcelo Grasmann, Rubens Gerchman, Henrique Amaral, Darel Valença Lins, entre tantos outros de igual relevância. A reprodução das ilustrações é feita por serigrafia e clichês metálicos de alumínio.

Autores brasileiros tais como Dalton Trevisan, Rubens Fonseca, Nelson Rodrigues, Machado de Assis, Érico Veríssimo, Manuel Bandeira, Clarice Lispector, Mário Quintana, Lygia Fagundes Telles, o maranhense Ferreira Gullar, Jorge Amado, Monteiro Lobato e tantos outros tiveram publicações da instituição que faz a escolha dos títulos e escritores em eleições bienais.

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