Carnaval

Segunda noite de desfiles na Passarela é marcada por emoção e diversidade

Houve o desfile de cinco escolas de samba, além da apresentação de blocos organizados e tambor de crioula

Atualizada em 11/10/2022 às 12h21

Se a primeira noite de desfiles foi espetacular, a segunda não decepcionou. Na Passarela do Samba Chico Coimba, no Anel Viário, em São Luís, as cores das alegorias das escolas de samba encantaram o público, na noite de segunda-feira, 24, e madrugada de terça-feira, 25. Nas arquibancadas, bandeiras foram agitadas. O vento apenas ajudou no embalo, pois a força do espectador era retirada da alma. O som da bateria deixou o espetáculo mais bonito. Quem compareceu, não saiu frustrado. Mesmo com a chuva, praticamente ninguém abandonou suas posições.

Antes do desfile das escolas de samba, blocos organizados se apresentaram na Passarela do Samba. Passaram pelo local os grupos Mocidade de Fátima, Canto Quente, Unidos da Vila Embratel II, Pau Brasil, Turma do Saco e Dragões da Madre Deus. Todos fizeram bonito, pois havia uma plateia esperando aplaudir o que aguardava presenciar. Nas arquibancadas, a euforia parecia não ter limites. Sentados ou em pé, as pessoas vibravam.

Logo em seguida, houve a apresentação das turmas de samba Ritmistas de São José de Ribamar e Vinagreira do Samba. Os gestos dos integrantes contagiava a plateia, que agia como se estivesse satisfeita com a animação e empolgação de quem estava lá embaixo, percorrendo a Passarela com o brilho do Carnaval.

Desfile das escolas

A partir das 22h, teve início o desfile das escolas de samba. A Terrestre do Samba foi a primeira a se apresentar. A mensagem transmitida na canção era de reflexão sobre o que realmente sentimos e pretendemos na vida, mesmo diante das dificuldades. Um conteúdo filosófico era uma alternativa de mudança de estilo para quem aceitou a proposta. Isso porque o samba-enredo era “Medo eu tenho e você?”. Parece assustador, mas é um convite para um processo de autoconhecimento.

Sob as vozes de Bob San, Preto Gil, Gabriel Reis e outros, a letra ganhou uma conotação suave, mas em tom firme. Em cada carro alegórico, a proposta de reflexão sobre o comportamento humano, no sentido mais inconsciente do ser, ganhou destaque. Na ginga dos integrantes da agremiação, os demais pareciam se identificar, pois continuavam seguindo o ritmo espontaneamente, sem que fossem obrigados a fazer aquilo.

Depois, entrou na Passarela o Túnel do Sacavém, já na transição da noite de um dia para a madrugada do outro. O samba-enredo tinha como ênfase a Balaiada, revolta que aconteceu no Maranhão no século XIX, quando a sociedade maranhense estava dividida, basicamente, entre uma classe baixa, composta por escravos e sertanejos, e uma classe alta, composta por proprietários rurais e comerciantes. A canção, que teve Allysson Ribeiro na composição, contagiava os membros da equipe e também os espectadores.

Em um dos carros alegóricos, a mensagem de escravidão, tanto física como psicologicamente, foi encaminhada ao público. As pessoas dançavam dentro de celas, que indicam o cerceamento da liberdade de alguém. Na bateria, instrumentos como surdo, caixa de identidade, repique, tamborim e ganzá ofereciam à plateia uma ideia de redenção e responsabilidade, conceitos que, quando usados corretamente, resultam em crescimento moral, intelectual e interpessoal.

Depois do Túnel do Sacávem, foi a vez do Império Serrano se apresentar, com imponência e elegância. A escola prestou uma homenagem a Humberto Barbosa Mendes, o “Humberto de Maracanã”, que era cantador do bumba meu boi de matraca Boi de Maracanã. Ele faleceu em 19 de janeiro de 2015, mas sua voz continua viva na memória de cada cidadão maranhense que valoriza as riquezas culturais da terra. A imagem dele estava estampada em carros alegóricos.

Com o samba-enredo “Humberto de Maracanã – na poética da encantaria”, a escola de samba deixou o recado de que as pessoas que lutam pela permanência das tradições culturais amam o Maranhão, apesar dos problemas que a população enfrenta diariamente. Por volta de 1h30, a Marambaia do Samba anunciou sua chegada à Passarela. Com fogos de artifícios deixando o escuro do céu brilhoso, a agremiação defendeu o folclore, ao afirmar que a grande festa popular e tradição cultural de um povo é muito mais do que um evento histórico, uma vez que carrega o essencial e o supérfluo em níveis alcançáveis de pretensão.

Por fim, a última escola que se apresentou foi a Flor do Samba. O desfile ocorreu debaixo de chuva, que aliviava e se tornava forte em vários momentos. Mesmo assim, os seus integrantes não se importaram e fizeram suas coreografias sem medo. O samba-enredo foi “Tradição, devoção e alegria – a Flor canta as festas patrimônio cultural imaterial do Brasil”.

Na canção, a escola falou sobre ginga capoeira, fogueira, São João, bumba meu boi, índio guerreiro, samba, tambor, Círio de Nazaré e brincadeira. A chuva, pelo que foi observado na reação das pessoas, se tornou apenas um estímulo para que a diversão pudesse ser aproveitada com mais vigor.

Folia nos circuitos

Muitas pessoas preferiram curtir o Carnaval nos outros circuitos da região metropolitana de São Luís. Na Beira-Mar, as arquibancadas ficaram lotadas. Não havia espaço para mais ninguém. Os vendedores ambulantes se contorciam no meio da multidão para oferecer seus produtos. Da plateia, todos pulavam e dançavam ao ritmo do bloco afro Akomabu.

Na pista da avenida, também não havia mais espaços vazios. Muitas pessoas se aglomeraram para pular o Carnaval naquele circuito. Nas proximidades, ocorria outra opção de folia. No bairro Madre Deus, a Casinha da Roça animou o público no Largo do Caroçudo. Dentro do veículo recoberto de palhas, o tambor de crioula predominava. A expressão da cultura afro-brasileira se manifestava por meio dos tambores e da dança circular.

De acordo com Erivaldo Gomes, fundador daquele grupo de tambor de crioula, a equipe já havia se apresentado em outros locais antes da Madre Deus, como na Passarela do Samba, no Anel Viário. “Não estamos exaustos. Pelo contrário, nós estamos com mais vontade de dançar. Estamos assim porque somos representantes da cultura. Cada um aqui gosta do que faz. Tudo é feito com vontade. Amamos o Maranhão”, expressou ele.

No Largo do Caroçudo, outro grupo de tambor de crioula se apresentava. O Dominador da Ilha reuniu uma boa plateia, que aplaudia a cada giro das coreiras. Um sorriso era devolvido pelo público, em forma de reconhecimento e agradecimento, à quem estava dançando na roda.

Segunda noite de desfiles na Passarela é marcada por emoção e diversidade

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