Crime passional

Polícia investiga duplo assassinato em condomínio na cidade de São Luís

Outras testemunhas serão ouvidas ainda esta semana, incluindo familiares das duas vítimas; os peritos recolheram 8 cápsulas de pistola ponto 40 no quarto do condomínio onde Bruna Lícia morava com o policial militar Carlos Eduardo

Evandro Júnior/ Da equipe de O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h21
Prédio de condomínio na Vila Vicente Fialho onde o crime aconteceu (foto/Paulo Soares)
Prédio de condomínio na Vila Vicente Fialho onde o crime aconteceu (foto/Paulo Soares) (prédio)

SÃO LUÍS - “Acho que ela poderia ter evitado, proibindo a entrada dele no condomínio, mas não pediu e não informou o porteiro”. A frase é de uma moradora do Condomínio Pacífico I, na Vila Vicente Fialho, onde, na tarde de sábado, 25, o policial militar Carlos Eduardo tirou a vida da esposa, Bruna Lícia Fonseca Pereira, de 23 anos, e do suposto amante dela, José William dos Santos Silva, 24. Ao abrir a porta do quarto, o marido flagrou os dois completamente nus sobre a cama.

Segundo informações da polícia, que ontem já havia ouvido três testemunhas, o policial teria retornado mais cedo que de costume para casa e, após presenciar a cena, efetuou diversos disparos com uma pistola ponto 40: esposa e amante morreram na hora. O Departamento de Feminicídios, da Superintendência de Homicídios e Proteção à Pessoa assumirá as investigações a partir de agora.

Ontem, O Estado esteve no Pacífico I e conversou com alguns moradores. O clima era de tensão. Poucos queriam dar detalhes da vida do casal. O apartamento onde o crime ocorreu estava com a janela entreaberta, mas o silêncio permanecia, assim como em todo o condomínio, como se de luto. Quase ninguém saiu de casa.

Alguns moradores relataram que Carlos e Bruna viviam aparentemente bem, embora nos últimos dois meses a relação deles estivesse “um pouco estremecida”, mas não quiseram comentar o motivo. Uma moradora, que demonstrou certa intimidade, afirmou, categoricamente, que Bruna Lícia já havia pedido inclusive a chave do apartamento para Carlos Eduardo, mas ele teria se negado a entregar. Ela deu a entender que eles estavam à beira de uma separação.

Outro morador, que também preferiu não ser identificado, relatou que, por diversas vezes, viu Carlos Eduardo chegando com lanche em mãos para a esposa. “Várias vezes eu presenciei ele saindo, de boa, e voltando com lanche. Aí entrava no apartamento”, disse.

Nenhum dos moradores comentou sobre o fato de Bruna estar se relacionando com outro homem e todos relataram sobre a presença de uma terceira pessoa dentro da casa na hora do crime. “Ninguém sabia de nada. Eu, pelo menos, nunca vi ninguém entrando lá. Que eu saiba não. Um homem estava lá dentro quando aconteceu o assassinato. Aliás, foi ele quem desceu e contou tudo para a polícia”, disse um vizinho, que lavava seu carro, ontem, em frente ao bloco onde morava o casal.

Feminicídio

De acordo com informações do delegado Jeffrey Furtado, da Superintendência de Homicídios e Proteção à Pessoa, logo após os trabalhos serem concluídos pela equipe do plantão, o caso foi encaminhado ao Departamento de Feminicídios, devido ao fato de que uma mulher está entre as vítimas. O autor do duplo assassinato prestou depoimento. A pistola ponto 40 utilizada no crime foi recolhida. Furtado esclareceu que mais pessoas serão ouvidas no decorrer desta semana, incluindo familiares das duas vítimas, para que as motivações sejam esclarecidas.

O crime

O policial militar é lotado no 1º Batalhão de Polícia Militar e trabalha no Terminal da Ponta da Espera, área Itaqui-Bacanga. Ele retornou mais cedo para o imóvel e quando entrou no apartamento, encontrou um rapaz na sala. Pediu que ele se retirasse e, em seguida, entrou no quarto e flagrou Bruna transando com José William.

Segundo o Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops), sem discussão, Carlos Eduardo deferiu vários disparos de arma de fogo na esposa e no homem. Cada um caiu de um lado da cama, já sem vida. Em seguida, o PM teria ligado para o seu superior imediato, que solicitou o envio de uma guarnição ao condomínio. Segundo declarações de vizinhos, o militar ainda tentou se matar, mas desistiu e foi conduzido pela equipe até o Plantão da SHPP, juntamente com a pistola .40.

Preso no “Manelão”

No Plantão da SHPP, o policial foi ouvido e teria confessado o crime. Depois de autuado, foi encaminhado ao “Manelão”, presídio que fica no quartel do Comando Geral da Polícia Militar, no Calhau, em São Luís. Ele foi autuado, de acordo com o delegado Jeffrey Furtado, pelo duplo homicídio. O Departamento de Feminicídio, ao assumir a investigação, deve apurar uma informação: de que Carlos Eduardo e Bruna Lícia já estavam conversando sobre uma possível separação.

Apesar da possibilidade de divórcio, os dois ainda moravam juntos no apartamento onde o crime aconteceu. José William era noivo e trabalhava com Bruna em uma empresa localizada em São Luís. Conforme o Ciops, o suposto amante e o amigo encontrado na sala do imóvel chegaram ao condomínio em um carro por aplicativo.

O porteiro do condomínio liberou a entrada dos dois depois que Bruna Lícia permitiu, segundo apurado pela polícia. Carlos Eduardo chegou ao local cerca de 30 minutos depois. Os peritos criminais recolheram no quarto oito cápsulas de pistola ponto 40. Os vestígios foram encaminhados ao Instituto de Criminalística (Icrim). As duas vítimas foram sepultadas na tarde desse domingo, 26, por volta das 15h, no Cemitério Jardim da Paz, na Estrada de Ribamar.

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