Ameaça

Líder supremo do Irã afirma que Trump é um palhaço

O aiatolá disse que o velório para o general Qassem Soleimani, que foi morto por um ataque dos EUA no começo deste mês, mostra que o povo iraniano apoia a república islâmica

Atualizada em 11/10/2022 às 12h21
Ali Khamenei gesticula durante discurso, em 17 de janeiro de 2020
Ali Khamenei gesticula durante discurso, em 17 de janeiro de 2020 (Reuters)

TEERÃ - O líder supremo do Irã, Ali Khamenei, afirmou na sexta-feira,17, que o presidente Donald Trump é um palhaço que só finge apoiar os iranianos, mas que vai enfiar uma faca envenenada em suas costas. Os comentários foram feitos durante seu primeiro sermão de sexta-feira em oito anos.

O aiatolá disse que o velório para o general Qassem Soleimani, que foi morto por um ataque dos EUA no começo deste mês, mostra que o povo iraniano apoia a república islamita. Disse ainda que o assassinato covarde de Soleimani tirou de campo o mais eficaz comandante contra o Estado Islâmico.

Em resposta, o Irã lançou mísseis contra bases americanas no Iraque. Khamenei disse que o ataque foi um golpe contra a imagem dos EUA como um superpoder.

Na parte do sermão feita em árabe, ele disse que a punição real seria forçar os EUA a sair do Oriente Médio. A Guarda Revolucionária se preparava para uma retaliação e, por engano, derrubou um avião ucraniano em Teerã, e mataram 176 pessoas.

Durante três dias, as autoridades do Irã esconderam o motivo verdadeiro da queda do avião –elas disseram que a aeronave havia caído por problemas técnicos.

Depois que elas admitiram a responsabilidade, houve dias de protestos no Irã. Khamenei classificou a queda do avião como um acidente amargo que entristeceu o Irã e deixou os inimigos felizes.

Ele disse que os inimigos usaram o avião para questionar a República Islâmica, a Guarda Revolucionária e as forças armadas. Ele também atacou países do Ocidente, dizendo que eles são muito fracos para “colocar o Irã de joelhos”.

'Fantoches dos EUA'

Referindo-se ao acidente, Khamenei disse que seu “coração doía” pelas vítimas, mas acusou os inimigos do Irã de buscarem capitalizar o “acidente amargo” para ofuscar o assassinato de Soleimani e a represália iraniana. Referindo-se aos protestos, Khamenei disse que os manifestantes não passam de “fantoches dos EUA” que "não levam em conta o interesse nacional" e "fazem o jogo do inimigo".

"Essas duas semanas foram extraordinárias e agitadas. O povo iraniano passou por muita coisa. Nós demos um tapa na cara da imagem de superpoder dos EUA", disse Khamenei, referindo-se ao ataque às bases iraquianas. "A bofetada causada pelos mísseis contra as bases americanas mostra que Deus está do nosso lado", completou.

Até quinta-feira, 16, acreditava-se que a operação não havia deixado vítimas, mas os EUA admitiram na sexta,17, que 11 soldados ficaram feridos.O líder supremo também mirou a França, o Reino Unido e a Alemanha, que anunciaram a ativação de um mecanismo de disputa do acordo nuclear de 2015 para tentar obrigar o Irã a voltar a cumpri-lo. Segundo Khamenei, os três países têm governos desprezíveis que atuam como servos dos EUA.

A mesquita onde o discurso de Khamenei aconteceu foi decorada com bandeiras americanas para que os milhares de soldados presentes pudessem pisá-las. Pôsteres de Soleimani e cartazes também foram distribuídos para centenas de pessoas que ocupavam o espaço e seus arredores, que também foram tomados. Entre os presentes, estavam o presidente Hassan Rouhani e o ex-presidente Mahmoud Ahmadinejad.

Acordo nuclear

O Reino Unido, a França e a Alemanha disseram nesta semana que protocolaram um pedido para que o Irã aos seus compromissos pactuados no acordo nuclear de 2015.

O líder iraniano classificou os países como desprezíveis e servis aos EUA. O Irã, disse ele, está disposto a negociar, mas não com os EUA.

Khamenei é o líder supremo desde 1989. Ele tem a palavra final em todas as principais decisões. O aiatolá de 80 anos chorou no velório de Soleimani e prometeu uma retaliação dura contra os EUA.

Milhares de pessoas compareceram às cerimônias religiosas de sexta-feira. Eventualmente, o seu discurso era interrompido como gritos de “Deus é grande” e “Morte aos EUA”.

Khamenei nunca foi entusiasmado pelo acordo nuclear, mas permitiu que o presidente Hassan Rouhani, que é considerado um moderado, o concluísse com o presidente Barack Obama.

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