A coisa que eu mais gosto de fazer na vida é viajar, quem gosta de viajar: primeiro te deixa sem palavras, depois te transforma em um contador de histórias.

Quando da morte do estilista argelino-francês Yes Saint Lourent (ago/1936-jun/2008) li que as criações deles, em grande parte, eram fruto das leituras, através dos livros e catálogos, uma vez que ele não gostava de viajar, pois tinha medo de voar. Sentado no sofá de casa, ele conheceu e influenciou o mundo. Conto essa história para falar de um fato, particularmente feliz e marcante pra mim. Ainda garoto, no antigo primário, descobri os salões silenciosos da Biblioteca Pública Benedito Leite, um templo da leitura e do conhecimento. Foi através dos livros que tive contato com o mundo. Em uma época em que ninguém sonharia com Google, foi nos livros da Biblioteca Benedito Leite que pesquisei e voei nas asas da imaginação pelos quatro cantos do planeta. Conheci o antigo Ceilão, através da Barsa, e, ao visitar o Sri Lanka, na Ásia, tinha a mente voltada para aqueles momentos de leitura.

Ao desembarcar na gelada Moscou, 25 graus negativos, já acontecia, ainda da época da URSS, “época da cortina de ferro”. Ao andar por suas ruas, já a conhecia dos livros.

Li quase todos os grandes clássicos, Crime e Castigo, de Fiodor Dostoiévski, (11/11/1821-9/02/1881), O crime do padre Amado, de Eça de Queirós, (25/11/1845-16/08/1900), sem esquecer de Júlio Verne (08/02/1828-24/03/1905), com Volta ao mundo em 80 dias. Além, de todos os principais autores nacionais. Povoei minha mente com histórias e estórias que me marcariam para sempre.

Com o advento das aeronaves modernas e da tecnologia, principalmente dos aplicativos, aprendi a montar minhas viagens, e estou com passagens compradas para dar uma volta ao mundo, em 2020, onde pisarei em todos os continentes e tomarei banho nos oceanos em 50 dias.

Este ano foi particularmente fecundo em boas notícias para mim: comecei 2019 tendo visitado 130 países, o que motivou a inauguração de uma placa no aeroporto de São Luís Cunha Machado, a primeira de um viajante em um aeroporto brasileiro em todo o território nacional.

Conversando com o amigo João Maranhão, filatelista renomado, deu-me a ideia dos Correios lançarem um selo personalizado, agora que cheguei à marca de 140 países visitados, batendo um novo recorde, o que me possibilitou entrar para o Livro dos Recordes Brasil, como o brasileiro mais viajado do mundo com mobilidade reduzida.

Na tarde do último dia 13 de novembro houve o lançamento do selo personalizado nos amplos salões de nossa bonita biblioteca pública, uma das melhores do país, certificada, pelo reconhecimento dos bons serviços prestados à sociedade, sendo adaptada para pessoas com limitações auditivas, visuais e de mobilidade, como eu.

Voltar à biblioteca, berço de onde tudo começou, e ser homenageado pela família, amigos, antigos vizinhos, colegas do Colégio Batista, da faculdade de Agronomia, que marcaram minha caminhada; com direito a banda do Exército, matérias publicadas em diferentes mídias de nossa cidade, é dessas coisas que não tem preço, fica registrada na memória para sempre, enche o coração de alegria e orgulho.

Minha matéria prima são os sonhos, e para viabilizá-los sempre conto com pessoas certas, nos lugares certos, que abrem as portas para eu passar.

Um agradecimento especial a Jairo Dias, que em um voo de Brasília para São Luís, ao saber de minhas andanças pelo mundo, entrou em contato com Aline Nascimento, diretora da Biblioteca Benedito Leite, que teve a autorização da Secretaria de Estado da Cultura, cujo secretário Anderson Lindoso, esteve presente ao evento. Aos Correios, nas presenças dos executivos: Sílvio Eduardo Silva, Fernanda Coelho e Solange Morais.

À mestra Antonia Lima Oliveira, minha entusiasta de todas as horas, e ao sargento James e ao tenente coronel Sousa Filho, do Exército.

Tudo isso só foi possível, graças ao bom e maravilho Deus, que viabilizou tudo.

Luiz Thadeu Nunes e Silva

Engenheiro agrônomo e palestrante

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