Acusação

Suécia arquiva investigação de estupro contra Assange

Segundo a Procuradoria do país, não há provas suficientes para prosseguir o inquérito contra o fundador do WikiLeaks; o arquivamento do caso foi anunciado pela vice-procuradora-geral sueca, Eva-Marie Persson

Atualizada em 11/10/2022 às 12h22
Assange foi preso pela primeira vez no Reino Unido em dezembro de 2010
Assange foi preso pela primeira vez no Reino Unido em dezembro de 2010 (Reuters)

ESTOCOLMO — A Procuradoria da Suécia disse ontem,19, que, após novo exame, voltou a arquivar por falta de provas a investigação de nove anos em que o australiano Julian Assange , fundador do WikiLeaks, era acusado de estupro .

A decisão sueca cria um dilema para a Justiça britânica, que em junho deste ano condenou Assange a um ano de prisão por ter violado sua liberdade condicional ao pedir asilo à Embaixada do Equador em Londres, em 2012, na época em que um pedido de extradição dele feito pela Suécia estava sendo julgado .

O arquivamento do caso foi anunciado pela vice-procuradora-geral sueca, Eva-Marie Persson."Após conduzir uma análise abrangente do que veio à tona durante a investigação preliminar, eu cheguei a conclusão de que as provas não são suficientemente fortes para denunciá-lo à Justiça", disse Persson, em entrevista coletiva, acrescentando que ainda pode haver recursos contra sua decisão.

Assange foi preso pela primeira vez no Reino Unido em dezembro de 2010, devido a uma ordem emitida pela Justiça sueca em razão de acusações de estupro e abuso sexual. Liberado sob fiança, ele negava as alegações e dizia temer que o governo sueco o extraditasse para os Estados Unidos, em função dos milhares de documentos militares e diplomáticos secretos sobre a "guerra ao terror" americana que divulgara cinco meses antes.

Em junho de 2012, depois que a Justiça britânica negou seu último recurso para evitar a extradição para a Suécia, ele pediu asilo na embaixada equatoriana em Londres, e foi acusado pela Justiça britânica de violar os termos de sua liberdade condicional. Com o australiano na representação diplomática e sem condições de prosseguir com as investigações, a Procuradoria sueca arquivou o caso em 2017.

Após ter seu asilo cancelado pelo governo equatoriano, em abril deste ano, Assange foi preso pelas autoridades britânicas devido à antiga acusação de violação da condicional e condenado, em maio, a 50 semanas de prisão. Pouco depois, o governo sueco anunciou a reabertura das investigações, mas rejeitou emitir uma nova ordem de prisão.

Na mesma época, no entanto, confirmou-se que ele estava sendo processado nos Estados Unidos, que pediram sua extradição sob 17 acusações, entre elas a de conspirar para hackear computadores do governo americano — acusação que ele nega, afirmando que recebeu os documentos secretos da ex-analista de informação do Exército Chelsea Manning, que foi condenada nos EUA e teve sua pena comutada pelo então presidente Barack Obama.

Como Assange está preso por violar a condicional no caso de estupro, o arquivamento anunciado nesta terça-feira gera questionamentos sobre a legalidade de mantê-lo detido. Na prática, a decisão sueca cria um dilema para a Justiça britânica, que analisa o pedido de extradição feito por Washington. Até o momento, o Reino Unido não se pronunciou sobre o assunto. A próxima audiência sobre a extradição está marcada para fevereiro.

Comemoração

Em comunicado, Kristinn Hrafnsson, editor-chefe do WikiLeaks, comemorou a decisão da Procuradoria sueca e disse que é hora "de focar naquilo para que Assange vem nos alertando há anos: a beligerante perseguição realizada pelos Estados Unidos e a ameaça que isso representa para a Primeira Emenda [que diz respeito às liberdades dos cidadãos]".

Em um caso que põe em questão a liberdade de imprensa nos Estados Unidos, Washington acusa Assange de espionagem por causa do vazamento de documentos sigilosos. Em 2010, o WikiLeaks divulgou mais de 250 mil telegramas diplomáticos e cerca de 500 mil documentos confidenciais sobre as atividades do Exército americano no Iraque e no Afeganistão durante a chamada "guerra ao terror".

O australiano também é acusado de conspirar com Manning para obter acesso às informações confidenciais. No total, Assange enfrenta 17 acusações criminais nos EUA, podendo ser condenado à prisão perpétua ou receber pena de morte caso seja extraditado.

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