Artigo

A transitoriedade da vida

Atualizada em 11/10/2022 às 12h22

A grande maioria das pessoas que conheço ou convivo, não gostam de falar de morte; morte é sempre um tema tabu, que a maioria evita. Contudo, a coisa mais certa na vida é morrer, isso já vem determinado, desde que aqui desembarcamos, somos transitórios, estamos de passagem.

A vida eterna sempre o maior anseio do homem, desde os primórdios, mas ninguém escapa de morrer.

Talvez você passe a vida toda sem ganhar na Mega-Sena, talvez nunca encontre o amor de sua vida, talvez nunca faça a viagem dos seus sonhos, talvez nunca tenha a felicidade de comer a melhor comida, beber o melhor vinho, ao dançar nos melhores palcos, não visite nenhum outro país, mas com certeza você irá morrer.

Sempre fui curioso quando o assunto era morte. Fui aos primeiros funerais de parentes próximos ainda muito menino, levado por minha mãe, que tinha um respeito total por seus mortos. Ao assisti velórios, achei um grande teatro, com um morto no meio do salão, reverenciado, sem poder participar daquele momento.

Já assisti cerimônia fúnebres em diferentes partes do planeta, em minhas andanças pelo mundo. Já visitei cemitério em Pucket, na Tailândia, todo pintado na cor vermelho, contrastando com o preto ou cinza dos nossos Campos Santos. Na Bolívia, assisti sepultamento de um jovem, com porta estandartes e muitas cantorias; e em Colombo, capital do Sri Lanka, presenciei uma cremação, na parte externa de uma chácara, às margens de rodovia.

Tenho o hábito de ler o obituário dos jornais, pois me chama a atenção da história pessoal dos recém falecidos.

Todas as vezes que visito cemitérios, observo lápides e suas inscrições, com o nome, datas de nascimento e morte, e sempre fico a pensar como teria sido a vida daquela pessoa.

O medo da morte não impede ninguém de morrer, ao contrário, impede-o de melhor viver, mais intensa e sabiamente, buscando o melhor. Viver é somente isso, adiar a morte. O que nos difere, é a maneira que escolhemos de viver.

Aos 17 anos perdi minha mãe, de forma abrupta; deitou, e morreu na madrugada, dormindo, grávida de seis meses. Tempos outrora, de poucos recursos, não puderam salvar o bebê. De repente, fui forçado a conhecer a dura realidade da vida, sem a proteção, zelo e amor que só as mães dão. Deixei de ser filho, para ser pai e arrimo de família.

Nestes dias tão céleres e neuróticos, tenho acompanhado a partida de pessoas tão queridas, umas tão jovem, com tanto futuro pela frente, grandes perdas.

- “Oh! Nós não saberemos nunca realmente o que somos nem o que somos nem o que desejaríamos ser.

O destino brinca agilmente com nossa vida; tramando e destramando, tendo nos lábios um sorriso indecifrável”. Carlos Drummond de Andrade.

Pelo terceiro ano consecutivo uso esse nobre espaço, cedido gentilmente pelo jornal, nesta data, para falar sobre a finitude da vida.

Neste dia de finados, dia de reverenciarmos a memória de nossos queridos, amados amigos e familiares, que partiram antes de nós.

Há mortos que nunca esqueço, e vivos que pra mim morreram faz tempo.

Vamos viver melhor, e lembre-se, hoje é o primeiro dia do restante de nossas vidas, pois desta vida ninguém sairá vivo mesmo.

Luiz Thadeu Nunes e Silva

Engenheiro agrônomo e palestrante

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