Editorial

Pisando mais forte no acelerador

Atualizada em 11/10/2022 às 12h23

Os números estão aí para comprovar: o Brasil registrou 69,2 mil acidentes em rodovias federais - 231 no Maranhão - somente em 2018. Destes, 5,2 mil resultaram em mortes. O número revela uma média de 14 vidas perdidas a cada dia nas estradas do país, segundo levantamento Confederação Nacional do Transporte (CNT). Com as mudanças no trânsito, em vigor neste ano, os motoristas vão começar a pisar mais forte no acelerador. Ou seja, a insegurança deve aumentar nas ruas, avenidas e rodovias do país.

Os dados foram divulgados na quinta-feira da semana passada, de acordo com levantamento do SOS Estradas com base em dados da Polícia Rodoviária Federal, embora o total de acidentes em geral tenha caído 8% na comparação com o mesmo período do ano passado, os acidentes graves subiram 2% em 2019, de 10.038 para 10.212 ocorrências, interrompendo a tendência de quedas consecutivas desde 2011. Segundo especialistas, os estudiosos, trata-se do desmonte de uma cultura e educação que estavam sendo enraizadas entre os condutores de veículos e pedestres.

Ao analisar apenas o ano de 2018, o estudo detalha as características mais comuns das mortes no trânsito no Brasil. Os dados apontam que mais da metade das mortes (63,6% do total) ocorrem em acidentes de colisão frontal entre os veículos.

Entre janeiro e julho de 2019, o número de feridos graves também subiu em relação ao ano passado, de 10.141 para 10.436 registros. Rodolfo Rizzotto, do SOS Estradas, alerta que, enquanto em 2018 houve queda de 17% no total de mortes nas rodovias, a redução este ano foi de apenas 1%, de 3.038 para 3.000 casos. Ele destaca que a maior parte dos radares fixos desligados ainda estava em operação entre janeiro e março, o que evitou impacto ainda maior.

Hoje as estradas federais contarão com quase mil radares a menos que o registrado no início do mandato de Jair Bolsonaro - em 4 de janeiro, havia 2.830 -, além dos 414 aparelhos em operação nas estradas concedidas à iniciativa privada, que compreendem somente 9,6 mil quilômetros dos mais de 120 mil quilômetros da malha federal e onde, segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), não houve retirada de radares. Por enquanto, em 16 estados, entre os quais Rio e São Paulo, não há radares em operação nas estradas sob responsabilidade do Dnit.

O que se pode comprovar, com base nos números divulgados pela CNT, é que o desligamento de radares de fiscalização de velocidade, promessa do presidente Bolsonaro, sob a justificativa de que há uma “indústria da multa” no país, está sendo cumprido à risca nas rodovias federais administradas diretamente pelo governo. Dados revelam que quase todos os equipamentos fixos em operação em janeiro nas vias foram desativados desde março.

É fato que as estradas federais tiveram um “apagão” de radares. Os acidentes graves - que registram mortos ou feridos - subiram nos sete primeiros meses do ano pela primeira vez desde 2011, quando o Brasil se comprometeu a adotar metas estabelecidas pela Organização das Nações Unidas (ONU) para tornar o trânsito seguro. Para especialistas, a alta dos casos graves é motivo de alerta porque, em geral, estão relacionados ao excesso de velocidade. E mais: além de suspender, em agosto, o uso de 299 radares portáteis pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), o governo não renovou ou substituiu contratos que garantiam o funcionamento de 2.811 equipamentos fixos nas vias. No último dia 2, as BRs sob responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), que representam mais de 90% da malha rodoviária federal, contavam com apenas 439 equipamentos permanentes de fiscalização.

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