Sem negociações

Coreia do Norte diz que ''não tem mais nada a falar'' com Seul

País realizou o sexto teste de mísseis balísticos em menos de um mês; no comunicado norte-coreano, o Comitê para a Reunificação Pacífica do País também criticou a realização dos exercícios militares conjuntos anuais entre a Coreia do Sul e os EUA

Atualizada em 11/10/2022 às 12h23
Pedestre observa notícia sobre novo teste de mísseis da Coreia do Norte, o sexto em menos de um mês
Pedestre observa notícia sobre novo teste de mísseis da Coreia do Norte, o sexto em menos de um mês (Reuters)

PYONGYANG E SEUL — O governo da Coreia do Norte rejeitou uma retomada das conversas com a Coreia do Sul, horas depois do presidente sul-coreano Moon Jae-in afirmar que “até 2045” os dois países estariam unificados. No comunicado norte-coreano, o Comitê para a Reunificação Pacífica do País também criticou a realização dos exercícios militares conjuntos anuais entre a Coreia do Sul e os EUA , um ponto crucial em todas as conversas sobre a pacificação da península, classificando-os como um ensaio de guerra.

“Neste momento ocorrem os exercícios militares conjuntos na Coreia do Sul contra a Coreia do Norte. Como (Moon) tem a audácia de falar sobre atmosfera de diálogo, economia pacífica e mecanismos de manutenção de paz?”, afirmou o documento, publicado pela Agência Central de Notícias Coreana. “Não temos mais nada para falar com as autoridades da Coreia do Sul, muito menos temos qualquer intenção de sentar novamente com eles.”

Nesta quinta-feira, durante um discurso sobre o Dia da Libertação Nacional, data que marca o fim da ocupação japonesa na Península Coreana, o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in , afirmou que a Coreia do Norte estaria “desnuclearizada até 2022” e os dois países unidos em uma só nação até 2045.

Frustração e 'canal direto'

Mesmo antes de chegar ao poder, em 2017, Moon defendia uma aproximação com Pyongyang, acenando com a possibilidade de convencer Washington a abandonar a política de sanções econômicas. Ele foi um dos responsáveis por acertar o primeiro encontro entre o ditador Kim Jong-un e o presidente Donald Trump , em 2018, em uma iniciativa que parecia destinada ao sucesso. Moon, que é filho de refugiados norte-coreanos, dizia que não iria repetir os erros de seus antecessores.

O problema, na visão dos norte-coreanos, é que até agora as conversas não trouxeram resultados práticos. O país ainda é alvo de pesadas sanções dos EUA, aplicadas sobre praticamente todos os setores daeconomia .

A recusa dos sul-coreanos em suspender os exercícios militares com os EUA, vistos como uma afronta por Pyongyang, acabou minando de vez a imagem de Moon no país vizinho. Segundo Rachel Minyoung Lee, analista do serviço de monitoramento NK Pro, a Coreia do Norte está “fechando a porta para o diálogo intercoreano pelo menos por um futuro próximo”.

Outro ponto negativo para Seul é o fato de os norte-coreanos entenderem que, agora, possuem uma linha direta com Washington, sem a necessidade de um intermediário.

Vale lembrar que, apesar do fracasso da reunião bilateral de fevereiro, em Hanói, os dois líderes estão constantemente em contato, trocando cartas e até se encontrando na Zona Desmilitarizada, na fronteira entre as duas Coreias, em junho. Na época, concordaram em retomar as conversas sobre o programa nuclear do país.

Testes 'perdoados'

Trump também tem feito uma espécie de vista grossa aos recentes lançamentos de mísseis de Pyongyang. No mais recente deles, ocorrido na manhã desta sexta-feira, dois foguetes foram lançados em direção ao Mar do Japão. Os equipamentos não foram identificados por especialistas militares. Este foi o sexto teste realizado pelo país em menos de um mês.

Na semana passada, quando foi realizado um outro lançamento, Trump disse que eram “pequenas coisas”, que não envolviam armas nucleares ou de destruição em massa. Kim chegou a enviar uma carta a Trump pedindo desculpas pelos testes, culpando os exercícios militares entre EUA e Coreia do Sul pela série de lançamentos. Ao comentar a mensagem, Trump disse que também "nunca gostou" das operações conjuntas na região. Em outras ocasiões, o presidente americano já havia reclamado dos custos dos exercícios, realizados anualmente.

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