Por programa nuclear

Europeus tentam diminuir as tensões com o governo do Irã

Emissário do governo francês Emmanuel Bonne assumiu a missão de encontrar maneiras melhorar relações com Teerã. Tensões aumentaram este mês com a decisão do Irã de enriquecer urânio a níveis proibidos pelo acordo de 2015

Atualizada em 11/10/2022 às 12h24
O presidente do Irã, Hassan Rouhani, visita usina nuclear em Bushehr
O presidente do Irã, Hassan Rouhani, visita usina nuclear em Bushehr (AFP)

FRANÇA - Advertidos pelo Irã e agora no centro das atenções, os europeus devem redobrar seus esforços para salvar o acordo internacional de 2015 sobre o programa nuclear iraniano, tarefa que um emissário do governo francês assumiu ontem,9.

Emmanuel Bonne, conselheiro diplomático do presidente francês Emmanuel Macron, era esperado em Teerã ontem e hoje, 10, se reunirá com o almirante Ali Shamkhani, secretário do Supremo Conselho de Segurança Nacional iraniano.

De acordo com o governo francês, Bonne tem a missão de encontrar maneiras de reduzir as tensões, que aumentaram este mês com a decisão do Irã de enriquecer urânio a níveis proibidos pelo acordo sobre seu programa nuclear de 2015.

Ameaçado desde que os Estados Unidos se retiraram unilateralmente em maio de 2018, o acordo, também assinado pela Alemanha, China, França, Grã-Bretanha e Rússia, está à beira da morte.

No início de maio, o Irã anunciou que abandonaria progressivamente vários compromissos do acordo, para pressionar os outros países signatários a ajudar a contornar as sanções de Washington.

O Irã superou no início do mês suas reservas de urânio pouco enriquecido, acima do limite imposto pelo acordo (300 kg).

Além disso, anunciou na segunda-feira (7) que começou a enriquecer urânio a mais de 4,5%, acima do limite fixado no acordo (3,67%), e ameaçou adotar novas medidas em "60 dias" se suas exigências não forem atendidas.

Esses níveis estão longe dos 90% necessários para a fabricação de uma bomba atômica, mas enfraquecem ainda mais o acordo.

'Etapa crítica'

Embora o governo de Teerã negue sua intenção de adquirir a bomba atômica, a preocupação aumentou na comunidade internacional.

"Estamos numa fase muito crítica", declarou a presidência francesa. "Os iranianos adotam medidas que violam (o acordo), mas que são calibradas e além disso (o presidente americano) Donald Trump é um 'dealmaker' (negociador)".

"Os iranianos exageram, mas não muito, e Trump coloca pressão máxima, mas exercerá esta política até onde puder negociar", acrescenta a mesma fonte.

Trump reitera sua intenção de forçar o Irã a negociar um "acordo melhor".

Para permanecer no acordo, o Irã exige que o restante dos países signatários, especialmente os europeus, tomem medidas efetivas para ajudar a superar o embargo americano. Mas Washington mantém a pressão. A seu pedido, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) realizará uma reunião extraordinária em 10 de julho para discutir as recentes decisões do Irã.

Nova estocada de Trump

Nesta terça, Trump voltou a lançar nesta terça-feira advertências ao Irã, aconselhando-o a ter "muito cuidado".

"O Irã está fazendo muitas coisas ruins (...) e eles devem ter muito cuidado", disse Trump a repórteres após ser questionado sobre a decisão do governo iraniano de não respeitar o acordo internacional.

Com exceção da China, os signatários do acordo de Viena pediram que o Irã recuasse.

E um comunicado conjunto, os ministros das Relações Exteriores da França, Grã-Bretanha e Alemanha, assim como da União Europeia (UE), pediram nesta terça-feira que Teerã "reverta" as suas atividades e "volte ao pleno cumprimento" do acordo.

Na segunda-feira, o Irã alertou os europeus de que uma reação "inesperada" só aceleraria o processo de liberação de seus compromissos.



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