Editorial

Descarte irregular de lixo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h24

É difícil haver um bairro de São Luís sem pelo menos um ponto de descarte irregular de resíduos sólidos, popularmente conhecidos como lixões. Dos redutos periféricos às áreas consideradas nobres, a sujeira se acumula e, em alguns casos, se espalha em ambientes inadequados, muitas vezes destinados ao lazer, à diversão e a outras atividades associadas ao bem comum. Em alguns lugares, nem mesmo os esforços do poder público para manter a cidade limpa e livre das ameaças à saúde provenientes do lixo são capazes de fazer cessar uma situação que, de tão recorrente, já tornou-se cultural.

Esta semana, O Estado flagrou dois lixões em uma mesma rua do Jardim Eldorado, bairro vizinho ao Turu, formado, em sua maioria, por mansões, e, por isso, considerado de alto padrão. Ao denunciar o problema, o jornal trouxe a resposta que há tempos era esperada pela comunidade: a limpeza da sujeira, que ocupava uma extensa área e dava à região um aspecto de total abandono. Um triste contraste até então.

A falta de consciência de certas pessoas ao descartar o lixo produzido em suas residências é algo que impressiona. Há quem despeje seus detritos em terrenos baldios, em via pública e até nas áreas comuns de condomínios residenciais. A falta de educação é tamanha que a postura inconveniente dos sujões é objeto de polêmica constante entre síndicos e condôminos e, não raro, torna-se tema de exaustivos e acalorados debates em assembleias gerais de moradores. Em casos extremos, acarreta multas pesadas aos infratores.

Se nos ambientes privativos, o desleixo para o manuseio do lixo faz parte da rotina, nas ruas, é algo escancarado, uma espécie de regra às avessas. Nos espaços públicos, há até mesmo quem ignore o sistema de coleta regular e jogue fora seus resíduos de acordo com a própria conveniência, comportamento associado a uma falta de consciência que beira a irracionalidade. Nesse festival de absurdos, há representantes de todas as classes sociais, desde o humilde e pouco letrado trabalhador ao alto funcionário público ou executivo de ponta, que se não cometem o erro com as próprias mãos, ordenam e remuneram terceiros para fazê-lo.

Por falar em terceiros, na problemática envolvendo o descarte irregular de lixo, há um personagem-chave, habituado a assumir o papel de vilão sem hesitação. Trata-se da figura do carroceiro, que, em busca de oportunidades de trabalho, muitas vezes empresta sua mão de obra para quem cultiva, sem o menor pudor, o hábito de emporcalhar a cidade. Em inúmeros terrenos baldios transformados em lixões é comum ver condutores de veículos de tração animal despejando resíduos, em uma postura tão ignorante quanto a dos seus contratantes.

A situação é tão alarmante, que tornou-se voz corrente na sociedade a necessidade de um mecanismo capaz de punir os infratores e induzi-los a uma atitude correta, voltada à preservação ambiental e da saúde da coletividade. Equipamentos públicos como os ecopontos, já em pleno uso em São Luís, têm-se mostrado extremamente úteis para o tratamento adequado do lixo. Mas, diante do contingente expressivo de pessoas que ainda carecem de um choque de realidade, medidas repressivas rigorosas, inclusive multas, seriam oportunas.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.