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Bancada Maranhense critica Sérgio Moro por intervenção na Lava-Jato

Oposição quer convocação do ministro para prestar esclarecimentos; senador Roberto Rocha (PSDB) diz vazamento é tentativa de tumultuar investigações

Thiago Bastos / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h24
Deputado Hildo Rocha criticou as mensagens de Moro com Dallagnol
Deputado Hildo Rocha criticou as mensagens de Moro com Dallagnol (Hildo Rocha)

A maioria dos deputados e senadores que compõem a bancada maranhense em Brasília criticou o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, por sua suposta intervenção nas investigações da força-tarefa da Lava-Jato, após a divulgação pelo The Intercept de mensagens entre ele e o procurador da República, Deltan Dallagnol. Segundo parlamentares, o caso deve ser tratado com cautela e, ao mesmo tempo, com o máximo rigor.
O deputado Pedro Lucas Fernandes (PTB), apesar de concordar com a gravidade dos fatos iniciais, entende que o ideal é aguardar o desfecho do caso. Para ele, é necessário pensar também em matérias de suma importância, segundo ele, para o país e que precisam ser apreciadas no parlamento, como a PLN4 – que autoriza a aquisição de crédito suplementar pelo Executivo – e a reforma da previdência.
“Não sou contra a lava-jato, entendo que os fatos precisam ser mais apurados, mas é preciso aguardar para saber se todas as informações acerca deste caso foram divulgadas”, afirmou o parlamentar a O Estado.
O deputado Edilázio Júnior (PSD) adotou discurso mais cauteloso. Para ele, é imprescindível saber a veracidade das mensagens. “É algo extremamente grave, se for conformada a veracidade das mensagens. A gente precisa ter cautela, até que os fatos sejam de fato confirmados. É muito precoce tomar qualquer medida ou construir qualquer juízo enquanto não tiver realmente a veracidade destas conversas”, disse.
Já o emedebista Hildo Rocha definiu o caso como “um claro abuso de autoridade”. Ele também cobrou elucidação dos fatos. “É um fato extremamente grave e que configura em um claro abuso de autoridade. É necessário que os parlamentares se debrucem definitivamente sobre a votação da Lei de Abuso de Autoridade”, apontou.
O deputado Eduardo Braide (PMN) também solicitou investigação do caso. “Vivemos em um estado democrático de direito, onde todos devemos nos submeter aos limites da lei. Que os fatos sejam devidamente apurados”, disse.
O deputado Pastor Gildenemyr (PMN) preferiu ressaltar os benefícios para o país, segundo ele, da operação Lava-Jato “O trabalho da Lava Jato fez uma devassa em grupos organizados que desviavam dinheiro público. Um trabalho longo que envolveu vários agentes públicos. A publicação de mensagens privadas não pode reduzir a operação, que além de identificar culpados, ainda conseguiu reaver parte do dinheiro desviado”, afirmou.

Convocação
O deputado federal Márcio Jerry (PCdoB) sugeriu que o Legislativo encaminhe e aprove convocação para que o ministro Moro preste esclarecimentos. “As revelações mostram claríssimas e gravíssimas ilegalidades. O ideal é que ele [Moro] pedisse para sair. Um escândalo que escancara o quanto Sérgio Moro desonrou a magistratura e desdenhou a democracia, a Constituição e as leis”, disse.

Críticas ao vazamento
O senador Roberto Rocha (PSDB) foi um dos poucos membros da bancada a contestar a divulgação das mensagens entre Dallagnol e Moro. Segundo o parlamentar, trata-se de um ataque premeditado à Lava-Jato. “O objetivo é claro, ou seja, o de tumultuar processos e investigações, para barrar o combate à corrupção no Brasil”, afirmou o senador.
Os senadores Weverton Rocha (PDT) e Eliziane Gama (Cidadania) foram procurados por O Estado. Enquanto a senadora alegou problemas familiares, o pedetista não se posicionou até o fechamento desta edição.

Sem posição

Deputados como Aluisio Mendes (PODE) e Juscelino Filho preferiram não se posicionar. Até o fechamento desta edição, procurados, o deputado João Marcelo (MDB) não emitiu nota. Outros deputados não foram localizados.

Governador Flávio Dino defende saída de ministro

O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), defendeu o afastamento de Sérgio Moro do ministério da Justiça e Segurança Pública. Segundo o chefe do Executivo, “quem instrumentalizou a Justiça Federal para fins eleitorais e partidários pode tentar fazer o mesmo com a Polícia Federal, agora sob seu comando direto”.
Ainda de acordo com Dino, “um juiz que orienta uma das partes no curso do processo é parcial e suspeito”. Segundo o governador, “a lei é para todos”. O comunista ressaltou ainda que, segundo ele, integrantes do Ministério Público não podem ter militância partidária.
No total, até às 18h de ontem, o governador já havia se manifestado por 10 vezes em sua conta oficial no Twitter sobre o caso. Apesar da contundência nas críticas, nas redes sociais, o governador foi citado sobre o possível uso das forças de segurança estaduais para acompanhar a conduta de magistrados. Sobre o assunto, Dino não se manifestou.

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