Artigo

Construir Diálogos e Buscar Alternativas

Luciano da Silva Façanha

Atualizada em 11/10/2022 às 12h24

Reza a lenda que, na UFMA, um vice-reitor tem por função exclusiva substituir o reitor. A lenda é antiga, tem atravessado gerações, ingerido nos corações e nas consciências e, com regularidade quase inabalável, traduzido-se em ações e em hábitos por parte da comunidade acadêmica, que frequentemente dão o tom da atribuição de um vice-reitor, acerca da qual se espera que seja a mesma, o que equivale a um nada esperar, a não ser, a substituição, o que seria pouco mais que: um nada fazer. Como em toda lenda há sempre um fundo de verdade, com esta, apoiada no Estatuto Organizacional de nossa universidade, que configura o cargo de vice-reitor como de mera substituição, não haveria por que ser diferente.

Contudo, em um ambiente acadêmico, onde o pensamento e a liberdade de expressão são reconhecidamente sua essência, posto que aquilo que oxigena a vida universitária, permitindo o intelecto e a vontade traçar a afinação da sinfonia, há que se considerar que o referido cargo pode ter muito mais a nos oferecer. Não pode, evidentemente, prometer o que não tem como realizar, por ferir legislações institucionais, mas pode sim, mantendo-se fiel a aludida essência, ser um cargo também de proposituras, capaz de suscitar debates, de levantar questões, de apoiar demandas pertinentes e exequíveis, de incentivar ações, de apontar alternativas, enfim, a lista sobre o que pode um vice-reitor, a depender de seu grau de compromisso com ensino, pesquisa, extensão e, nessa medida, de envolvimento com os três segmentos que compõem a comunidade acadêmica (técnicos, discentes e docentes), tanto no Continente quanto em São Luís, e a depender, ainda, de sua capacidade e disposição de dialogar e de traduzir esses diálogos em alternativas viáveis, em meios possíveis, pode ser vastíssima, e esse novo modus operandi pode romper com a lenda vigente, instaurando um novo modus vivendi, muito mais compatível com o momento difícil de ameaças, de cortes de verbas, de tolhimentos que, claramente, atentam contra a vida da Universidade Pública, pois ferem não apenas sua infraestrutura, já que tentam lhe amordaçar a voz.

Minha candidatura, é bem verdade, não se destina a um cargo com uma função propriamente executiva, mas se destina a um cargo que pode e deve ter uma direção estratégica, política, não mais condizente com a apatia relegada à atribuição da simples substituição. É hora de ação, de buscar alternativas inteligentes, por meio da construção de diálogos e a isso me proponho, não tenho o perfil, e minha história dá testemunho, do que espera, mas do que se esforça, do que planeja, traça metas, e corre atrás da realização destas, mesmo quando as circunstâncias adversas insistem em propor o contrário, como nesse exato momento ocorre em nosso país. O amor pela Universidade pública dá o tom, a vontade, a disposição e o trabalho a condição e é nisso que acredito e não abro mão.

Luciano da Silva Façanha

Professor doutor do curso de Filosofia e do Programa de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade da UFMA, candidato a vice-reitor da UFMA para a gestão 2019-2023

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.