Tensão

Navios petroleiros sauditas são alvo de sabotagem

Mais duas embarcações foram atacadas na costa dos Emirados Árabes Unidos; presença militar dos EUA eleva tensão com Irã; a Arábia Saudita informou que seus navios sofreram "danos significativos"

Atualizada em 11/10/2022 às 12h25
Petroleiro saudita Al Marzoqah no porto de Al Fujairah, nos Emirados Árabes Unidos, após denúncia de ataque
Petroleiro saudita Al Marzoqah no porto de Al Fujairah, nos Emirados Árabes Unidos, após denúncia de ataque (Reuters)

DUBAI - Os Emirados Árabes Unidos afirmaram que quatro navios comerciais foram atacados em seu litoral no domingo,12. Dois petroleiros são de propriedade saudita, uma companhia da Noruega é dona da terceira embarcação e a quarta é dos Emirados. O caso ocorre num momento em que os Estados Unidos, aliados a Riad e Abu Dhabi, aumentam a presença militar na região em meio à deterioração das relações com o Irã.

Na quinta-feira, 9, passada, os EUA afirmaram que os seus navios comerciais, incluindo petroleiros, navegando em águas do Oriente Médio poderiam ser alvo do Irã. Nos últimos oito dias, enviaram um porta-aviões e bombardeiros à região e, depois, de um reforço do sistema de mísseis Patriot. O porta-aviões USS Abraham Lincoln, cujo envio foi anunciado em 5 de maio, passou pelo canal de Suez na última quinta-feira e, na sexta-feira, 10, navegava pelo Mar Vermelho.

Embora sem dar detalhes, a Arábia Saudita informou que seus navios sofreram "danos significativos", no que considerou uma tentativa de ameaçar a segurança dos países que fornecem suprimentos brutos de petróleo. O ataque aconteceu perto de al-Fujairah, um dos maiores centros de abastecimento de combustível do mundo, nos arredores do Estreito de Ormuz.

Pelo Estreito de Ormuz passa um quinto do consumo global de petróleo, que é levado dos produtores do Oriente Médio até os principais mercados de Ásia, Europa, América do Norte e além. O canal separa o Irã da Península Arábica.

Rotas marítimas
O ministro da Energia da Arábia Saudita, Khalid al-Falih, disse em comunicado que uma das duas embarcações sauditas atacadas estava a caminho para ser abastecida com petróleo no porto de Ras Tanura. O combustível seria entregue a clientes da companhia estatal Saudi Aramco nos Estados Unidos. Não houve registro de feridos nem de vazamento de petróleo, mas "significativos danos" nas estruturas das embarcações, segundo ele.

Os navios sauditas eram os petroleiros Amjad e Al Marzoqah, ambos de propriedade da empresa de navegação Bahri. A Thome Ship Management informou que o petroleiro Andrea Victory, registrado na Noruega, foi "atingido por um objeto desconhecido" que causou um buraco no casco. O último navio, dos Emirados Árabes, se chama A. Michel.

Uma investigação foi aberta em coordenação com autoridades internacionais, segundo os Emirados Árabes, que pediram a potências globais que impedissem que qualquer ator tentasse prejudicar a segurança marítima.

Teerã negou envolvimento no caso, que chamou de "preocupante e terrível". Um parlamentar iraniano disse que "sabotadores de um terceiro país" podem estar por trás do ataque e que o incidente mostra que a segurança dos países do Golfo era frágil.

Os preços do petróleo subiram nesta segunda-feira, com o barril do petróleo do tipo Brent chegando a US$ 71,71 no início da manhã do Brasil. A alta foi de US$ 1,09. Os mercados de ações do Golfo caíram, incluindo Dubai (2,6%) e Riad (2%).

EUA versus Irã

Destacando preocupações internacionais, o ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, Jeremy Hunt, alertou para o risco de "um conflito acontecer por acidente", com uma "escalada não intencional" entre Washington e Teerã.

Os Estados Unidos abandonaram no ano passado o acordo nuclear de 2015, firmado entre Irã e grandes potências globais — EUA, Rússia, China, França e Reino Unido — com a meta de o governo iraniano desistir de produzir armas nucleares, em troca da suspensão de sanções internacionais implementadas até então. Desde então, o governo americano aumenta as sanções contra o Irã, dizendo que quer reduzir as exportações de petróleo do país persa a zero, enquanto pressiona pela renegociação do pacto nuclear.

A Guarda Revolucionária do Irã, designada como uma organização terrorista pelos Estados Unidos, ameaçou no mês passado fechar o Estreito de Ormuz caso o governo iraniano fosse impedido de usá-lo.

Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos apoiaram as sanções dos EUA contra o Irã, um membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), mas rival nas disputas regionais. Depois que os Estados Unidos terminaram com todas as isenções de sanções que permitiam que algumas nações continuassem importando petróleo bruto iraniano, Washington disse que Riad e Abu Dhabi ajudariam a compensar qualquer escassez da oferta de petróleo.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.