Levante contra Maduro

Guaidó reconhece que oposição superestimou apoio de militares

Líder opositor da Venezuela nega divisões entre opositores e disse que Parlamento pode avaliar opção de intervenção militar dos EUA com tropas locais

Atualizada em 11/10/2022 às 12h25
Líder opositor da Venezuela, Juan Guaidó chega para discurso a operários da PDVSA, em Caracas
Líder opositor da Venezuela, Juan Guaidó chega para discurso a operários da PDVSA, em Caracas (Reuters)

CARACAS - O presidente da Assembleia Nacional da Venezuela,Juan Guaidó , reconheceu que a oposição cometeu erros na tentativa de liderar um levante para depor o presidente venezuelano, Nicolás Maduro , na última terça-feira,30. Em entrevista ao jornal americano The Washington Post, o líder opositor, que se autoproclamou presidente interino do país em janeiro, destacou que o movimento precisava de maior apoio de oficiais. Ao diário, Guaidó negou rusgas entre opositores e não descartou submeter a votação no Parlamento uma eventual oferta de intervenção militar americana.

Na última terça-feira, 30 de abril, Guaidó divulgou um vídeo perto da base de La Carlota, em Caracas, e anunciou que liderava dali o início de uma operação para tirar Maduro do poder. Na ocasião, ele disse que os militares haviam tomado "a decisão correta" de se unirem à oposição contra o líder bolivariano, o que não se comprovou suficiente. A cúpula militar voltou a jurar lealdade a Maduro. Ao Post, neste sábado, Guaidó reconheceu que os opositores erraram no cálculo sobre o apoio de que gozavam nas fileiras venezuelanas.

Na entrevista, o líder opositor contou que esperava que Maduro deixasse o poder sob a pressão de muitos militares. As tropas do governo, em vez disso, saíram às ruas e reprimiram manifestantes nas ruas.

"Talvez porque ainda precisemos de mais soldados, e talvez precisemos de mais oficiais do regime dispostos a apoiar, a defender a Constituição", reconheceu Guaidó.

O líder da oposição disse que não apoiaria uma eventual intervenção militar unilateral dos Estados Unidos. Destacou que qualquer ação do tipo deveria incluir soldados venezuelanos. Caso o conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, John Bolton, lhe oferecesse uma operação militar estrangeira, Guaidó ressaltou que agradeceria a ajuda e então avaliaria as opções com o Parlamento.

"Há muitos soldados venezuelanos que querem colocar um fim (ao poder chavista) e permitir que a ajuda humanitária entre. Nós ficaríamos felizes de receber cooperação para acabar com a usurpação. E, se isso incluir a cooperação de países como os Estados Unidos, acho que esta seria uma opção", disse Guaidó.

Maduro 'com medo'

Ainda não se sabe exatamente por que os militares que teriam fechado com a oposição não cumpriram o combinado na terça-feira,30. Guaidó não quis revelar detalhes das negociações e negou quaisquer rusgas dentro da oposição, a qual conseguiu unir desde janeiro, após anos de divisões e disputas. O presidente da Assembleia Nacional defendeu o líder opositor Leopoldo López, seu mentor, que escapou da prisão domiciliar onde vivia desde 2014. Alguns apontaram que o surgimento dele nas ruas afastou oficiais.

Daqui para frente, segundo Guaidó, a oposição manterá a pressão internacional, a mobilização nas ruas e as negociações para arregimentar militares pró-Maduro. Ele reconheceu que "faz parte" haver frustração e cansaço pelas ações nas ruas ainda não terem resultado, mas destacou que os venezuelanos sempre voltam a lutar quando é preciso.

"Pelo fato de termos feito o que fizemos e não obtivemos sucesso da primeira vez, não significa que não seja válido. Nós estamos confrontando uma parede, que é uma ditadura absoluta. Nós reconhecemos os nossos erros. O que não fizemos, e o que fizemos de mais", destacou Guaidó, que descartou qualquer chance de sentar à mesa com Maduro.

Segundo o líder da oposição, a saída de Maduro é condição para qualquer diálogo de resolução da crise. Apesar do levante, que o governo denunciou como tentativa de golpe, não houve pedido de prisão contra ele. Maduro "está com medo", disse Guaidó.

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