Artigo

Violência nas escolas

Max Samuel Ramalho, historiador e policial militar

Atualizada em 11/10/2022 às 12h25

A palavra escola vem do grego scholé, que significa “lugar de ócio”, pois, antigamente as pessoas iam ao colégio em seu tempo livre para refletir. Vale ressaltar que o nosso sistema educacional atual não remonta a esse período, mas ao padrão europeu e que teve início no século XII. Na Grécia Antiga, as crianças eram educadas de modo informal, sem a atual divisão em séries e não havia sala de aula. Considerando o modelo de escola de hoje, é necessário fazer uma observação pontual. No momento há um novo significado do vocábulo escola. Ela está passando a ser estereotipada como “lugar de ódio”?

Atualmente, a violência é um problema social e também está presente na sala de aula. Ela está se manifestando de várias formas e envolvendo todas as pessoas do sistema educacional. Isto não deveria ocorrer. Não se pode nos furtar a perceber que o ambiente escolar nada mais é do que o reflexo que a sociedade vive. Essa problemática, na verdade, está estampada nas ruas. As ocorrências como latrocínios (roubo seguido de morte), roubo, sequestros, assassinatos e crime de colarinho branco já se tornaram comum. Isto de uma certa forma tem levado os jovens a perderem até mesmo a credibilidade quanto a uma sociedade justa e igualitária.

Os números da violência, no país, já ultrapassaram a fronteira do razoável. Uma pesquisa realizada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) constatou que o Brasil está no topo do ranking quando o assunto é violência nas escolas. Os números são assustadores. Uma porcentagem de 12,5% dos professores ouvidos no país disseram ser vítimas de agressões verbais ou de intimidação de alunos pelos menos uma vez por semana. Trinta e quatro países foram pesquisados e a média é de 3,4%. Em seguida, ficou a Estônia com 11%, enquanto, os países como Correia do Sul, Malásia e Romênia tiveram o índice zero.

É óbvio que o massacre ocorrido no ano de 2012, na Escola Tasso da Silveira, na cidade carioca de Realengo, acabou resultando na morte de 13 pessoas e o mais recente ataque, que teve como alvo a Escola Estadual Professor Raul Brasil, em Suzano, no estado paulista, que deixou 10 mortes, incluindo, os autores do atentado, trazem à tona o debate de que a sociedade precisa fazer para gerar uma maior sensação de segurança no ambiente escolar. Caberia aos gestores trazerem esse tema para suas salas de aula? É possível entender as causas da violência nas escolas e assim evitar o pior? Por meio de que instituições é possível combatê-la?

Vale ressaltar que o jovem também deve ter o direito de intervir sobre as manifestações que o afetam como o Bullying, por exemplo, assim sendo, a criação de dispositivos de mediação de conflitos devem estimular a resolução de problemas de uma forma mais democrática e justa, resultados que só serão possíveis quando as escolas estimularem ações práticas como: assembleias frequentes, envolvendo pais, alunos e docentes, ou desenvolvimento de campanhas de conscientização.

Seria ingenuidade afirmar que através desse amplo modelo de debates e discussões, os resultados aparecerem em um curto espaço de tempo. Em educação, redirecionamentos e quebra de paradigmas nunca são rápidos e não precisam ser, através desse eixo norteador o que se busca é eficiência e resultados práticos. Parafraseando o principal filósofo da era moderna, o Prussiano Immanuel Kant “é no problema da educação que assenta o grande segredo do aperfeiçoamento da humanidade”.

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