Josete Nascimento Ribeiro - Pedagoga e professora aposentada

Guerreira na arte de ensinar, mesmo após a aposentadoria

Ela tem um caso de amor com a pedagogia e, mesmo aposentada, exercita o ofício como voluntária em um projeto comunitário, sempre entusiasmada para realizar

Atualizada em 11/10/2022 às 12h25
Josete Nascimento há 25 anos se dedica a educar crianças de comunidade
Josete Nascimento há 25 anos se dedica a educar crianças de comunidade

SÃO LUÍS - “Meu marido me ajuda porque não me cobra nada. Ele me deixa sonhar e realizar”. São frases desse tipo, espirituosas, despretensiosas e criativas, que fazem de Josete Nascimento Ribeiro uma mulher especial. A aposentada é uma lutadora e não quer deixar os livros e muito menos a sala de aula. Entusiasmada com tudo o que imagina, coloca no papel e realiza. Ela nunca abandonou os alunos da Escola Comunitária Padre Xavier, na comunidade de mesmo nome, na área do Bequimão, onde hoje coordena projetos, é voluntária e comanda uma turma com 30 crianças. É apaixonada pelo ofício de ensinar.

Há 25 anos, umas das maiores alegrias de Josete Ribeiro é abrir a porta e ver o sorriso de cada uma das crianças com quem convive boa parte do dia. Pedagoga que atuava como professora de escola pública, a maranhense trabalhava nos três turnos, mas, ainda assim, sempre emprestou sua alegria e positividade para dar prosseguimento ao projeto comunitário no bairro. “Fui presidente da União de Moradores do Bequimão por dois mandatos. Quando saí, o projeto ficou ameaçado, mas não deixei. Mesmo aposentada, arregacei as mangas e toquei o projeto”, conta.

Meu marido diz que eu devo descansar, que já trabalhei muito, mas acaba se acostumando com a ideia de que eu preciso fazer o que faço. Ajudar é algo que me faz bem”

A escola comunitária não recebe ajuda de órgãos públicos, apenas dos pais dos alunos e dos professores voluntários e estagiários. “Mesmo com as dificuldades, os pais conseguem comprar os materiais. Apenas cinco dos nossos alunos são demasiado carentes, e nós temos que ajudá-los”, conta.

A alegre e divertida Josete conta que a escola comunitária é o local onde ela se realiza e põe em prática a pedagogia, de uma forma natural e criativa. Sempre diz que “pensa pequeno e realiza grande”, pois gosta de organizar as coisas, discutir com as colegas de trabalho, ponderar e transformar os sonhos em ação. “Tudo o que eu faço tem muito carinho e entusiasmo. Para mim, o troféu é ver o progresso dos alunos e reencontrá-los, mais tarde, no mercado de trabalho. Muitos que saíram daqui hoje são empresários, advogados, professores e por aí vai”.

Josete Nascimento orienta aluno durante atividade na escola comunitária
Josete Nascimento orienta aluno durante atividade na escola comunitária

Sonho
Mãe de um casal e avó, a maranhense coordena todos os professores da escola comunitária e alimenta o sonho de montar uma creche, no mesmo prédio da escolinha. “Ainda vou realizar, pois meu desejo é que consigamos oferecer aulas de reforço à tarde, ou seja, os alunos passarão o dia todo aqui conosco. Eu não penso em deixar de ensinar, pois sei que tem gente precisando de mim e essa é a minha missão”, prospecta.

A professora é daquelas que planta a semente, dá as ideias e estimula as colegas a realizar. “Vamos criando as metas e todo mundo se empolga e a coisa sai do papel”, diz.
Recentemente, ela e as outras docentes conseguiram realizar a culminância do projeto “Viva o Circo”, em homenagem ao Dia Nacional do Circo (27 de março). “Nós saímos às ruas com crianças de dois, três, quatro, cinco anos de idade, distribuindo bombons para as pessoas. Foi todo mundo para a rua nos ver. Foi lindo e muito gratificante. Nós não imaginávamos que ficasse tão legal. Sempre que experimentamos algo assim, fico sonhando no outro dia. Mas, na hora da reunião de avaliação, eu só quero saber dos pontos negativos, para poder fazer melhor da próxima vez”, diz, acrescentando que já pensa na programação em homenagem à Páscoa e ao Dia das Mães.

A gente conclui algo na escola e eu já me animo para começar um novo projeto, com a mesma satisfação. E tem que ter planejamento, pois caso contrário, não se realiza”

Foco
Josete tem algumas superstições sadias. Ela não gosta, por exemplo, de mudar as datas dos eventos. Coloca no papel e tem que realizar naquele determinado dia. “Quando se muda muito a data, acaba que não se faz nada. Eu penso assim. Na vida, precisamos ter foco e metas”, ensina.

Casada, ela diz que o marido não a ajuda com o projeto voltado às crianças, mas também não a atrapalha, porque a deixa sonhar e realizar. “Ele não me cobra nada e entende que, se ainda estou trabalhando, é porque me realizo nessa atividade”, afirma.

Por conta do projeto, a professora tem uma boa relação com a comunidade do entorno da escola. “Acho que os pais e as outras pessoas da comunidade gostam e aprovam o meu trabalho, pois enxergam o meu esforço para que tudo dê
certo”, afirma.

Josete Nascimento, com professores e alunos, celebrando o Dia Nacional do Circo
Josete Nascimento, com professores e alunos, celebrando o Dia Nacional do Circo

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.