Editorial

Para conscientizar na folia

Atualizada em 11/10/2022 às 12h26

A data não poderia ser mais propícia para uma campanha de conscientização sobre os riscos de se contrair a Aids e outras doenças sexualmente transmissíveis, já que neste período de Carnaval parece que afloram com toda a força a sensualidade e a libido de colombinas e pierrôs pelo país afora. É preciso muita calma nessa hora, ou melhor, naquela hora.

E o slogan é autoexplicativo: "Pare, pense e use camisinha". A ação é do Ministério da Saúde e visa estimular o uso do preservativo, principalmente entre os homens na faixa etária de 15 a 39 anos. Um total de 12 milhões de camisinhas com a nova identidade visual serão distribuídas durante os dias de Carnaval.

Um detalhe importante é que o trabalho de conscientização começou bem antes do produto chegar às ruas, ainda na durante a concepção da campanha, pois a escolha do design foi feita a partir de concurso cultural entre 210 estudantes universitários, em 2017, em parceria com a Unesco Brasil.

Além disso, neste ano, o embaixador da Campanha para o Carnaval é o cantor Gabriel Diniz, intérprete da música "Jenifer", que é sucessão entre jovens e promete ser o hit de blocos no Brasil.

Os números não mentem e são o fator preponderante a confirmar a necessidade da campanha. Dados do último boletim epidemiológico do HIV/Aids mostram que 73% (30.659) dos novos casos de HIV em 2017 ocorreram no sexo masculino. Um em cada cinco novos casos de HIV estão entre homens de 15 a 24 anos (2017). Entre homens na faixa etária de 20 a 24 anos a taxa de detecção de Aids cresceu 133% entre 2007 a 2017, passando de 15,6 para 36,2.

Segundo o boletim, a epidemia no Brasil está estabilizada, com taxa de detecção de casos de Aids em torno de 18,3 a cada 100 mil habitantes, em 2017. Isso representa 40,9 mil casos novos, em média, nos últimos cinco anos.

Estima-se que 866 mil pessoas vivem com o HIV no Brasil. Nos últimos quatro anos, a taxa de mortalidade pela doença passou de 5,7 óbitos/100 mil habitantes em 2014 para 4,8 óbitos/100 mil habitantes em 2017. A redução é resultado da garantia do tratamento para todos - lançada em 2013 -, aliada à melhoria do diagnóstico, além da ampliação do acesso à testagem e redução do tempo entre o diagnóstico e o início do tratamento.

Um dado positivo é que o Governo Federal financia o tratamento para o HIV/Aids no país. E desde 2013, foi adotado o tratamento para todos, independentemente da quantidade de vírus e da situação imunológica do paciente. Desde então, até dezembro de 2018, 593 mil pessoas com HIV/Aids estavam em tratamento no país.

O problema maior é quando se confrontam esses dados com a realidade das ruas. Pesquisa de Conhecimentos, Atitudes e Práticas na População Brasileira (PCAP 2013), de 2013, aponta que 45% dos entrevistados disseram não ter recorrido ao preservativo naquele ano. A mesma pesquisa mostra que 94% dos brasileiros sabem que a camisinha é a melhor forma de evitar as Infecções Sexualmente Transmissíveis. Esse é um cenário que precisa mudar e deve ser trabalhado em todas as épocas do ano.

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