Problema antigo

Problemas estruturais na Barragem do Bacanga prejudicam pescadores

Apesar de o Governo do Estado afirmar que as obras estão concluídas, muitos pescadores e moradores locais dizem que obra foi deixada de lado ainda inacabada

Emmanuel Menezes / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h26

A finalização da obra da Barragem do Bacanga continua sem garantia. O projeto, que deveria ter sido entregue em fevereiro de 2017, continua inacabado, e apenas uma parte das comportas está em pleno funcionamento. As comportas da barragem, que ficam na parte lateral da obra, não estão sendo abertas há mais de um ano. Os moradores também ressaltam que em agosto de 2017 foi vista uma última equipe realizando obras no local.

Os problemas provocados pela falta de funcionamento pleno da barragem não são poucos. José Talib, pescador há mais de 20 anos, conta que os pescadores locais poderiam ter uma coleta muito maior, caso alguns desvios feitos pela operação da barragem não fossem cometidos. “Nós sabemos que, em 2016 e 2017, por duas vezes as comportas não foram abertas, gerando um verdadeiro crime ambiental, quando diversos peixes morreram na região que chamamos de Lago do Bacanga. Isso foi culpa da má administração”, diz.

Segundo o pescador Talib, apenas um fiscal vai ao local para abrir ou fechar as comportas, de acordo com o horário da maré. “Ninguém fica aqui para fiscalizar a obra, comportas e demais serviços. Este local está realmente esquecido pelas autoridades”, completa.

O local se mantém cercado, não deixando transeuntes observarem até que ponto a obra foi feita. A cerca de proteção visual colocada pelo Governo deixa apenas uma pequena passagem livre, de 50 centímetros, para pedestres e ciclistas, que atravessam a barragem na Avenida dos Portugueses.

Peixes mortos
Em agosto de 2016, um protesto foi feito por pescadores da região por causa do grande número de peixes mortos na área conhecida como Lago do Bacanga. Diversos peixes mortos foram jogados na Avenida dos Portugueses, paralisando o trânsito e chamando a atenção de autoridades. Na época, o Governo do Estado informou que o problema foi provocado por uma comporta grande, do tipo vagão, que estava sendo fabricada por uma indústria no estado de São Paulo.

Em novembro de 2017, foi registrada, novamente, a morte de centenas de peixes por causa de erros técnicos de abertura e fechamento das comportas. A espécie morta predominantemente foi o pescado camurim. Os pescadores estimaram que, pela alta taxa de mortandade, eles poderiam passar quase seis meses sem atividades regulares. Naquele mês, a Secretaria de Estado da Infraestrutura (Sinfra) informou que até dezembro de 2017 as obras estariam concluídas.

Em 2018…
A obra, executada pela empresa Lotil Engenharia Limitada, continuou gerando comentários em 2018, quando moradores da região voltaram a denunciar o não funcionamento da barragem. Segundo um homem, que preferiu não ser identificado, as comportas eram abertas somente quando a comunidade cobrava os funcionários.

As obras, orçadas em R$ 8,5 milhões, deveriam entregar, também, uma nova área externa urbanizada. Quando questionada, em fevereiro de 2018, a Sinfra informou que, devido ao intenso volume de chuvas em São Luís, a conclusão dos serviços da urbanização ainda não podia ser finalizada.

O Estado questionou novamente a Secretaria do Estado da Infraestrutura sobre os problemas estruturais e técnicos da Barragem do Bacanga. Em nova nota, a Sinfra informou que a substituição da Comporta Vagão Principal foi concluída no ano de 2017, estando em operação desde então. Com a conclusão do serviço, iniciou-se a operação de abertura e fechamento da comporta, estando em pleno funcionamento. Também foi realizado reforço nas pontes que compõem o complexo. A Sinfra não comentou sobre a segunda comporta lateral, que se encontra inoperante há cerca de um ano.

A operação das comportas obedecem a um cronograma que leva em conta a movimentação das marés, quando as comportas são abertas para a renovação das águas, e o volume de chuvas, ocasião em que as comportas são abertas para manter o nível de água, de forma que não haja inundação nas áreas localizadas ao entorno.

Por fim, a Sinfra acrescenta que, para maior segurança nas operações, o Governo do Maranhão está elaborando projeto para instalação de uma segunda Comporta Vagão Principal, prevista para começar após o período chuvoso.

PROJETO ORIGINAL

No fim da década de 1960, com o surgimento do Porto do Itaqui, houve a necessidade de diminuir a distância entre o porto e o centro da capital, de 50 para oito quilômetros. Entre 1966 e 1967, o projeto de criação da Barragem do Bacanga foi feito pelo governador José Sarney, iniciado em 1969 e finalizado em 1970 pela empresa Mendes Junior.
Vários objetivos foram levantados no decorrer do processo de construção, entre eles diminuir a distância entre o porto e a cidade, sanear as casas do alagado à beira do rio e dar um lago à cidade.
Inicialmente, a barragem tinha dez comportas, seis pequenas, três médias e uma grande. Posteriormente, algumas delas foram fechadas. As portas funcionam para fazer o manejo do rio para o mar e vice-versa.

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