REIVINDICAÇÕES

Comércio ambulante do centro de São Luís tem futuro incerto

Na Deodoro, reclamações são de trabalhadores que atuam sem assistência da Prefeitura; na Rua Grande, consumidores questionam se ambulantes permanecerão

MONALISA BENAVENUTO / O ESTADO

Atualizada em 11/10/2022 às 12h27

[e-s001]Os vendedores ambulantes que antes atuavam no Complexo Deodoro e foram realocados para a Avenida Gomes de Castro há cerca de oito meses, quando foi realizada a requalificação da área, ainda não sabem seu futuro na região. Segun­do eles, nenhuma assistência foi prestada desde então, o que tem sido motivo de queixas. Na Rua Grande, a reivindicação é de consumidores, de que a ocupação, pelos comerciantes, da quadra recém-reformada, impede o tráfego de pedestres e gera poluição no local.

Para as obras de requalificação do Complexo Deodoro, foi necessário remanejar os vendedores ambulantes, que antes ocupavam toda a área, para outros espaços. Mas, de acordo com os comerciantes que hoje atuam próximo ao Colégio Liceu Maranhense, o novo local tem prejudicado as vendas e, consequentemente, a manutenção de suas casas e compromissos.

“Desde que viemos para cá, tem sido um dia pior que o outro. Os primeiros dois meses, então, foram os mais difíceis. Teve pessoas aqui que quase passaram fome em casa. Eu mesma só não passei, porque recebi ajuda de parentes. Outros precisaram tirar filho da escola, porque não tinham condição de pagar passagem de ônibus. E não é por falta de mercadoria. É por falta de venda mesmo. Somos gente, temos família, precisamos saber para onde iremos”, reivindicou Marta Pereira, que há cerca de 30 anos trabalha no comércio ambulante.

Além disso, eles alegam que nenhum dos serviços assistenciais que seriam oferecidos pela Prefeitura durante a atuação no novo local teria sido concedido. “Eles estão preocupados com a praça, mas não se preocupam com os pais de família que estão aqui. Nós trabalhamos sem condições básicas. Quan­do viemos para cá, disseram que dariam assistência, mas nem o mínimo, que seria um banheiro, foi construído. Quando precisávamos, íamos às galerias, em lojas ou clínicas, agora que tem a praça podemos usar o banheiro de lá”, contou a comerciante Concita Ferreira.

Ainda de acordo com Concita Ferreira, há a possibilidade de realocação para um novo espaço, mas a medida não foi aprovada pelos comerciantes. “Nós ficamos sabendo que a intenção deles era nos levar para o antigo Bom Preço, que está sendo reformado, mas não tem condições de vendas ali. Se nas ruas já vendemos pouco, imagina onde ninguém passa”, questionou.

[e-s001]Rua Grande
Na área da Rua Grande, onde as obras de requalificação já foram concluídas, a presença de bancas vendedores ambulantes têm incomodado pedestres que transitam pelo local. Para a dona de casa Eva Nascimento, que tem deficiência física, os ambulantes oferecem obstáculos na via e geram poluição.

“Eu acho que precisa haver uma organização. Já que está sendo arrumado, mudar os camelôs para as ruas transversais, porque ficaria mais bonito, não é? Não causaria transtornos para quem circula, de esbarrar neles. Em alguns casos, eles ficam no meio da rua mesmo, com mercadoria. Gera muita dificuldade para quem é deficiente. Eu ainda posso andar, mas imagina para quem é cadeirante. Além disso, eles não recolhem o lixo, geram poluição ambiental, visual e sonora também, porque muitos gritam para atrair o consumidor. Tudo isso incomoda muito”, declarou.

Em nota, a Secretaria Municipal de Urbanismo e Habitação (Semurh) informou que os vendedores ambulantes que ocupavam anteriormente todo o Complexo Deodoro hoje se encontram de forma provisória no início da Av. Gomes de Castro, local definido após consultas e diversas reuniões com a classe. Os comerciantes fo­ram remanejados provisoriamente para estes locais e serão realocados para galerias reformadas para receber o comércio informal. Aqueles que optarem por comercializar seus produtos mais próximo a suas casas, no bairro onde residem, estão recebendo apoio do Município.

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