Manifestações

Nova York espera 67 protestos em semana de Assembleia da ONU

A agenda da reunião anual terá o embate entre Irã e EUA como um dos temas principais; líderes mundiais começam a discursar hoje

Atualizada em 11/10/2022 às 12h28

NOVA YORK - Os nova-iorquinos sabem que esta semana é ideal para trabalhar em casa, se puderem. A Assembleia Geral das Nações Unidas, que contará com quase 200 líderes mundiais, um emaranhado de cordões policiais e caravanas enormes em toda a ilha de Manhattan, está de volta. Até mesmo o presidente Donald Trump, que raramente visita sua cidade natal desde que se mudou para a Casa Branca, estará de volta, provavelmente ficando em sua gigantesca Trump Tower, na famosa Quinta Avenida, entre os eventos oficiais.

A assembleia, que já está acontecendo oficialmente, alcança sua parte mais importante entre os dias 24 e 29 de setembro. Líderes mundiais começam a discursar na tribuna a partir de hoje e Trump preside um encontro do Conselho de Segurança amanhã — provavelmente tendo na pauta um grande foco no Irã e na não proliferação de armas químicas.

A segurança para o evento anual cresce todos os anos, de acordo com Tom Galati, chefe da inteligência da polícia de Nova York (NYPD, na sigla em inglês). Este ano, a NYPD trabalha com o serviço secreto americano e o FBI para traçar novas estratégias de segurança - a descoberta em junho de um plano para assassinar o presidente israelense, Benjamin Netanyahu, além de um atentado com drones para matar o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, acontecido em agosto, motivaram essa decisão. " As pessoas vão ver muita coisa e haverá coisas que não verão. Não vai haver economia de pessoal nas ruas", disse o chefe da NYPD, James O'Neill.

Dezenas de protestos

A polícia espera ao menos 100 caravanas diplomáticas cruzando Manhattan durante todos os dias do evento. O'Neill não deu o número exato de quantos policiais, dos 38 mil do departamento de polícia, serão empregados na segurança da Assembleia Geral, mas a NYPD espera ao menos 67 protestos próximos ao prédio das Nações Unidas e em outras áreas da cidade. Os custos, tradicionalmente bancados pelo governo americano, costumam superar os US$ 30 milhões, segundo ele.

O lado positivo de todo esse caos também deve ser levado em conta. Segundo um estudo divulgado em 2016 pelo Departamento de Relações Exteriores da prefeitura, a ONU e suas agências filiadas geram cerca de US$ 3,7 bilhões todos os anos para a economia da cidade.

É fato que os problemas do tráfego podiam ser piores: o líder norte-coreano, Kim Jong-un, que tem realizado uma ofensiva diplomática durante o ano todo, incluindo uma cúpula com Trump em Cingapura, não virá para Nova York (ao menos até o momento). Também não virão o presidente russo, Vladimir Putin, e o presidente chinês, Xi Jinping: os líderes normalmente não se apresentam no encontro anual. Para aqueles que vêm, o debate deverá girar em torno de alguns temas-chave, como o Irã, a Coreia do Norte, a Síria e a Venezuela.

Irã

A decisão de Trump de abandonar o acordo nuclear de 2015 com o Irã alienou aliados e enfureceu adversários. Os membros restantes do acordo, incluindo França, Reino Unido, Alemanha, Rússia e China, irão se encontrar nesta semana para decidir se conseguem manter o pacto vivo. Trump, no entanto, parece ter dado um forte golpe ao reimpor sanções que fizeram companhias europeias se retirarem da República Islâmica. Restrições mais fortes estão programadas para novembro, quando os EUA começarão a sancionar países que comprarem petróleo iraniano.

Coreia do Norte

Kim foi chamado por Trump em 2017 de "homem foguete em uma missão suicida", ao que foi respondido pelo líder norte-coreano, que o classificou de "lunático". Agora, no entanto, as coisas mudaram. Os dois líderes atualmente trocam elogios publicamente, ainda que a aproximação tenha produzido poucos resultados concretos até agora.

Síria

A decisão russa de não realizar uma grande operação militar na cidade síria de Idlib neste mês foi recebida com alívio pelo secretário-geral da ONU, António Guterres. O acordo costurado pela Turquia e Rússia para uma zona desmilitarizada também evita um embate com os EUA e seus aliados, também presentes na Síria.

A guerra que já dura sete anos na Síria funciona como lembrança das limitações da ONU quando o tema é conflitos globais, especialmente aqueles com grandes potências envolvidas. Em 2017, o Conselho de Segurança da ONU teve 33 reuniões sobre a Síria, adotou 23 resoluções e se encontrará de novo para tratar do tema. Com Putin em casa, os progressos devem ser limitados.

Venezuela

A crise econômica na nação petroleira tornou-se um desastre migratório, com mais de 2 milhões de venezuelanos vivendo agora fora de seu país, cerca de 1,6 milhão deles tendo fugido desde 2015, de acordo com a ONU. O êxodo se equipara à crise migratória europeia. Por conta disso, a Venezuela deverá estar no topo da agenda quando os líderes se reunirem para discutir o assunto, usando estudos e dados recolhidos pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).

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