Trama russa

Ex-chefe da campanha de Trump decide colaborar em investigação

Paul Manafort firma acordo judicial para cooperar com a investigação sobre a possível ingerência russa nas eleições de 2016

Atualizada em 11/10/2022 às 12h29
Manafort aceitou colaborar em investigação sobre ingerência russa nas eleições presidenciais
Manafort aceitou colaborar em investigação sobre ingerência russa nas eleições presidenciais (Paul Manafort)

WASHINGTON - Ex-chefe de campanha do presidente Donald Trump, Paul Manafort firmou um acordo judicial para cooperar com a investigação federal nos Estados Unidos sobre a possível ingerência russa nas eleições de 2016. Em troca de condenações reduzidas, e tentando evitar um segundo julgamento por lavagem de dinheiro e lobby ilegal, ele se declarou culpado das acusações de conspiração contra os EUA e obstrução da Justiça. A Casa Branca diz que o acordo de Manafort não tem relações com Trump nem com a vitória nas urnas que o levou à Presidência.

Aos 69 anos, Manafort é o funcionário mais proeminente da campanha de Trump a se declarar culpado no âmbito da investigação liderada pelo promotor especial Robert Muelller. No mês passado, o ex-funcionário do republicano fora condenado em oito crimes financeiros por suas atividades como consultor político na Ucrânia, antes do trabalho com Trump. Essas condenações, porém, nada tem a ver diretamente com a interferência russa nas eleições.

Antigo operador republicano, Manafort fez milhões de dólares trabalhando para políticos ucranianos pró-russos antes de assumir uma posição não remunerada na campanha eleitoral por cinco meses. Ele liderou a campanha em 2016, depois que Trump foi escolhido candidato presidencial na convenção partidária.

Moscou negou ter interferido na eleição de 2016, e Trump diz que não houve conluio seu com agentes russos. Ainda não está claro quais informações Manafort - que estava presente numa reunião de junho daquele ano entre membros da campanha de Trump e uma advogada russa - poderia oferecer aos investigadores. Ele terá parte das suas propriedades confiscadas, assim como recursos em várias contas bancárias.

Em comunicado, a Casa Branca distanciou o presidente Trump do acordo fechado por Manafort: "Isso não teve absolutamente nada a ver com o presidente ou sua vitoriosa campanha presidencial de 2016", disse Sarah Sanders, porta-voz da Casa Branca. "É totalmente não relacionado."

Mueller está investigando desde maio de 2017 se a campanha presidencial de Trump obteve ajuda da Rússia para ganhar a eleição de 2016 e se Trump tentou ilegalmente obstruir o trabalho da Justiça no inquérito. O presidente tem chamado a investigação de Mueller de "uma caça às bruxas" e nega qualquer irregularidade.

Acusações

Um júri da Virgínia condenou Manafort no mês passado por acusações de fraude bancária e fiscal. Os promotores o acusaram de esconder US$ 16 milhões que ele ganhara como consultor político na Ucrânia das autoridades fiscais dos EUA para financiar um estilo de vida opulento e depois mentir para os bancos com objetivo de garantir US$ 20 milhões em empréstimos.

A seleção de um novo júri na Virgínia começaria na próxima segunda-feira para decidir sobre outras dez acusações relativas ao mesmo caso, incluindo conspiração para lavagem de dinheiro; conspiração para defraudar os Estados Unidos; falha em registrar-se como agente estrangeiro; e manipulação de testemunhas. Ao aceitar o acordo desta sexta-feira, ele se livrou das acusações e conseguirá, assim, evitar um segundo julgamento.

Trump elogiara no mês passado Manafort por não entrar em acordo com os promotores, como fez o ex-advogado pessoal do presidente Michael Cohen. No Twitter, em 22 de agosto, Trump escrevera: "Ao contrário de Michael Cohen, ele se recusou a inventar histórias para conseguir um acordo. Muito respeito por um homem corajoso!"

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