PREJUÍZO

Faixa azul prejudica o comércio no S. Francisco

Intervenção limita tráfego e estacionamento de carros em avenidas de São Luís; comerciantes observam queda de até 60% nas vendas

MONALISA BENAVENUTO / O ESTADO

Atualizada em 11/10/2022 às 12h29

A implantação da faixa azul, iniciada em 2014 e concluída em 2017, vem interferindo no desempenho do comércio na Avenida Marechal Castelo Branco, localizada no bairro São Francisco. Segundo empresários e consumidores, parar na via tornou-se uma missão quase impossível, já que os condutores de veículos po­dem ser multados ao utilizar a faixa exclusiva para o transporte público. A Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (SMTT) não se manifestou sobre o assunto.

A Avenida Marechal Castelo Bran­co é uma das mais tradicionais da capital. Na via, o comércio costumava ser diversificado, oferecendo opções aos consumidores de diversos bairros. No entanto, a realidade está se modificando desde a implantação da faixa exclusiva para ônibus, implantada há 4 anos em várias avenidas de São Luís.

As faixas azuis são reservadas para o uso exclusivo de veículos de transporte coletivo, ambulâncias, táxis com passageiros, viaturas da polícia e da SMTT. Os trechos não são completamente segregados do resto da via e podem ser temporariamente utilizadas por outros veículos para acesso a propriedades e movimentos de conversão. As faixas são supervisionadas por equipamentos eletrônicos que penalizam os condutores de veículos comuns identificados na faixa em situações que não correspondam à sua utilidade.

O problema é que, para quem deseja ter acesso ao comércio e serviços endereçados nos trechos onde há a faixa exclusiva, não há alternativa de estacionamento próximo, o que interfere diretamente no desempenho econômico da região. O empresário lotérico Domingos Júnior percebe diariamente as consequências da intervenção.

“O carro-chefe de loteria são os jogos. Eu tinha clientes que faziam jogos de R$ 3 mil, R$ 4 mil. Eu os perdi porque eles passaram a ir em loterias com facilidade de estacionamento. Quando dava para parar aqui, eles paravam, estacionavam, entravam faziam o jogo e iam embora. Como não podem mais, diminuiu bastante a quantidade de jogos”, relatou o empresário.

Além dos problemas com o estacionamento, Domingos Júnior destacou que o fluxo de ônibus tem abalado a estrutura da calçada, dificultando o tráfego de pedestres na avenida. Segundo ele, durante o período chuvoso o desnível era tanto que acumulava água. “Quando cho­ve, o ônibus passa e joga água na vidraça da loteria e em quem estiver passando”.

Muitas lojas fecharam, outras mudaram de endereço devido à queda nas vendas. Quem insiste nos negócios, lida com prejuízos, co­mo explicou César Romeu Pinheiro, proprietário de uma ótica na avenida há 24 anos.

“Essa faixa está acabando com o comércio aqui na avenida. Diversas empresas grandes já saíram da­qui. Está tudo fechando, acabaram com a avenida. A minha venda caiu numa faixa de 40% a 60%. Eu abri a minha ótica em 1994. Só estou segurando mesmo porque é ponto próprio, porque senão já teria fecha­do as portas”, destacou.

Quem também sente o impacto é o consumidor. A jornalista Aline Vasconcelos precisou ir até a avenida, mas encontrou dificuldades para estacionar o carro. “Eu precisei parar para resolver um problema aqui na avenida e não tinha espaço. Fui por trás da igreja de São Francisco. Não tinha espaço, e eu tive que estacionar duas ruas atrás. E aqui no São Francisco é perigoso. Eu vim porque só podia resolver aqui. Realmente, os comerciantes estão certos em se sentirem lesados”, afirmou.

O Estado manteve contato com a Prefeitura de São Luís para questionar se alguma medida será tomada em relação à faixa exclusiva para ônibus em vias comerciais, mas até o fechamento desta edição não obteve retorno. l manteve contato com a Prefeitura de São Luís para questionar se alguma medida será tomada em relação à faixa exclusiva para ônibus em vias comerciais, mas até o fechamento desta edição não obteve retorno.

Vias com faixas exclusivas de ônibus:
Avenida Marechal Castelo Branco, no São Francisco
Avenida Colares Moreira, no Renascença
Rua das Cajazeiras, no Centro
Rua Rio Branco, no Centro

Fique atento
Qualquer tipo de veículo pode trafegar pela faixa das 13h59 de sábados às 5h da manhã das segundas-feiras. A regra vale também para os feriados. A partir das 5 horas, a faixa volta a ser exclusiva sendo permitido o tráfego apenas de ônibus, táxi, ambulâncias, viaturas da Polícia e da SMTT. Os demais veículos podem apenas convergir à direita nos pontos sinalizados.

Saindo dos horários determinados, os demais veículos podem transitar pela faixa exclusiva temporariamente, para se deslocar a propriedades às margens das vias ou fazer conversão à direita. Nesse caso, o trecho foi sinalizado com pontilhados brancos, apontando que o condutor pode cruzar a faixa. Quem desrespeitar o funcionamento das faixas azuis comete infração gravíssima, punida multa de R$ 293,47, podendo ainda o motorista ter o seu veículo removido.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.