Eurocéticos sobre Brexit

Vulnerável, Theresa May cede à pressão de aliados

Após queda de ministros, premier britânica aceita relação aduaneira mais dura com a União Europeia

Atualizada em 11/10/2022 às 12h30

LONDRES - A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, se curvou ontem, à pressão de membros de seu Partido Conservador que apoiam a desfiliação britânica da União Europeia (UE), o Brexit. Em uma concessão aos eurocéticos do partido, May aceitou alterações propostas por eles para um projeto de legislação aduaneira mais nacionalista no cerne do rompimento de seu país com a UE.

Vulnerável no Parlamento desde que perdeu a maioria de seu partido em uma eleição mal calculada no ano passado, May se tornou alvo de críticas das duas alas de sua sigla por causa de um plano para o Brexit obtido a duras penas e que um ex-ministro classificou como o "pior de todos os mundos".

Parlamentares eurocéticos haviam atacado a legislação aduaneira de seu governo para tentar fortalecer os planos da premiê para a desfiliação, mas ao invés de dobrá-los e alimentar as tensões, seu porta-voz disse que o governo aceitará suas quatro emendas.

Não ficou claro se a manobra mudará fundamentalmente seus planos – as alterações fazem pouco mais do que transformar as diretrizes governamentais em lei, segundo seu porta-voz –, mas de certa forma foi uma vitória para os parlamentares que dizem que May os traiu no Brexit, a maior mudança nas políticas britânicas externa e comercial em décadas.

Mas ao endurecer a linguagem para enfatizar que a coleta futura de tarifas e impostos do Reino Unido e da UE será recíproca, os defensores do Brexit podem ter tornado o plano de May menos vendável ao bloco.

Plano

May refutou uma insinuação do Parlamento segundo a qual seu plano para o Brexit está morto, e seu porta-voz disse que a decisão de aceitar as emendas é "condizente" como a diretriz de governo conhecida como documento branco que os ministros chancelaram no início deste mês.

"Aceitamos as emendas porque acreditamos que elas são condizentes com a abordagem que escolhemos, e em vários casos ela reforça algumas das mensagens que apareceram no documento branco", disse o porta-voz aos repórteres.

Londres pode ter dificuldade para explicar a aceitação da exigência de que a UE recolha tarifas em nome do Reino Unido se Londres tiver que fazer o mesmo.

O porta-voz disse que isso foi respondido com o esforço do governo para encontrar "um mecanismo para a remessa de rendas de tarifas relevantes", mas o especialista Anand Menon, professor de políticas europeias e relações exteriores do King's College de Londres, disse que o relacionamento jamais poderia ser recíproco. " De maneira nenhuma um documento branco do governo pode estipular que 27 outros países coletarão nossas tarifas por nós. Não faz sentido".

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