Editorial

Cidadão sem poder tomar banho de mar

Atualizada em 11/10/2022 às 12h30

Julho é mês de férias, diversão, praia, mar e sol. Calma, muita calma e fique atento ao que diz o boletim de balneabilidade em São Luís: só 20% da orla estão próprios para o banho. A faixa de praias impróprias segue por quase roda a Grande Ilha. Na lista de providas, estão espaços que atraem grande público como a Ponta d'Areia.

Os dados são da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), cujas equipes monitoraram 21 pontos da orla na Região Metropolitana de São Luís (na Ponta d’Areia, São Marcos, do Calhau, Olho d’Água, do Meio e do Araçagi). Destes, as praias da Ponta d’Areia, do Calhau e do Olho d’Água estão condenadas. Em contrapartida, dos três pontos monitorados no Araçagi, dois estão liberados. Apenas o trecho em frente ao Fátima’s Bar estaria com índices de coliformes fecais acima do normal.

O dado é preocupante por motivos diversos. Para começar, tem a questão de saúde pública. Água poluída pode causar muitas doenças, principalmente as de pele. A falta de cuidado com a população, consequência de falta de política pública na área de saneamento básico, resulta em muitos mais gastos no futuro. Onde não há prevenção, os danos são bem maiores do que onde há trabalho preventivo. E isso vale para todos os setores.

E o pior é pensar que esse descaso atinge, principalmente, os mais indefesos: as crianças. Sim, porque são elas as mais passíveis de adquirirem doenças após contato com a água contaminada. E é difícil resistir aos pedidos para entrar na água, mas os pais devem ficar alerta para evitar consequências maiores. E todo cuidado é pouco nessas horas.

A poluição nas praias tem reflexos na economia. Primeiro, afasta os turistas, porque ninguém quer tomar banho em água contaminada. Além do que não faltam opções de outros locais para se viajar no litoral brasileiro - e nem todos esses lugares têm a gama de belezas e diversidades oferecidas por São Luís.

Também afeta a economia da cidade, porque a falta de visitantes compromete a cadeia local. Em viagem, o turista consome, gera renda e faz o dinheiro circular. Sem visitantes, os bares e demais empreendimentos da rede, como hotéis, perdem em lucros e não investem. Nesse ciclo, há menos vagas de trabalho, menos emprego, menos salários e, claro, menos dinheiro no mercado.

O pior é que o descaso das autoridades acaba também com a diversão mais democrática dos mais pobres. É a consequência social do problema. A praia é de graça, e seria de todos. Mas, a falta de balneabilidade proíbe, impede esse direito. Quem perde com isso é o cidadão menos abastado, sem direito a diversão, sem poder levar a família para tomar banho de mar, para pular ondinha, e se esbaldar nas pocinhas que se formam em período de maré baixa.

Assim, o problema da balneabilidade compromete muito mais do que se pensa e acaba por refletir na vida de toda a cidade, de todo o cidadão que nela mora. Até porque, contaminada, a praia deixa de ser de todos nós.

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