Violência

Exército sírio lança ofensiva contra cidade de Deraa

Ataques contra rebeldes ocorrem após uma semana de bombardeios mortais. Jordânia diz que não aceitará mais refugiados sírios

Atualizada em 11/10/2022 às 12h30

SÍRIA - O exército da Síria lançou ontem uma ofensiva contra os rebeldes na cidade de Deraa após uma semana de bombardeios mortais em áreas próximas no sul do país em guerra, o que causou um êxodo maciço de civis.

Depois de assumir em abril o último reduto rebelde perto de Damascoe de expulsar os jihadistas da capital, o regime de Bashar al-Assad, com o apoio da Rússia, está determinado a recuperar as zonas rebeldes do sul, na fronteira com a Jordânia e as Colinas de Golã, parcialmente ocupadas por Israel.

Desde semana passada, os combates e ataques aéreos se concentram no leste da província de Deraa, cuja capital carrega, forçando a fuga de cerca de 45 mil pessoas, de acordo com a ONU.

O primeiro-ministro jordaniano, Omar al Razaz, advertiu nesta terça que seu país "não receberá mais refugiados sírios sob nenhuma circunstância", porque já recebeu um número "muito acima de sua capacidade". Ele disse que manterá a fronteira com a Síria fechada e garantiu que as Forças Armadas controlam "completamente" a divisa entre ambos países. Atualmente, a Jordânia abriga cerca de 1,3 milhão de sírios, incluídos mais de 650 mil refugiados, segundo dados oficiais citados pela Efe.

Os grupos rebeldes controlam 70% da província de Deraa e da vizinha Quneitra, enquanto o regime domina a região de Sueida, a terceira dessas regiões que formam o sul da Síria. Mas o regime reassumiu o controle de 65% do território, em parte graças ao apoio de seu aliado russo.

A violência rapidamente atingiu a cidade de Deraa, dividida entre um setor governamental e bairros controlados por rebeldes. "O exército sírio ataca postos e fortificações de terroristas em Deraa", informou a televisão estatal.

Colunas de fumaça subiam acima de vários bairros, alvos de ataques aéreos e fogo de artilharia, segundo um correspondente da AFP presente na periferia da cidade.

O Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH) relatou ataques de forças aéreas sírias e russas contra "áreas rebeldes", igualmente alvejadas por barris explosivos lançados pelo regime.

Os combates no terreno se concentram no sudeste da cidade, de acordo com o OSDH, que confirmou uma "primeira operação militar terrestre do regime na cidade de Deraa".

"O regime tenta assumir o controle de uma base militar ao sul da cidade, a fim de cortar a estrada entre Deraa e a fronteira com a Jordânia", indicou Rami Abdel Rahman, diretor do OSDH.

Avanços

Antes do amanhecer, as tropas de Assad tomaram duas localidades, um avanço que lhe permitiu cortar os setores rebeldes no leste da província.

Ainda no leste da província, forças do regime avançaram até os limites da cidade de Hirak, alvo de dezenas de ataques aéreos e barris de explosivos.

No oeste da província, seis civis foram mortos nos bombardeios, de acordo com o OSDH. Um total de 38 civis morreram em uma semana, segundo a ONG.

750 mil civis ameaçados

A ONU alertou que 750 mil civis que vivem em áreas rebeldes do sul da Síria estão ameaçados pelas operações do regime e anunciou que enviaria ajuda a Deraa assim que as autoridades sírias autorizassem. Além disso, ao menos 45 mil civis já fugiram dos combates na província.

"Nos últimos dias, um grande número de civis fugiu por causa das hostilidades, bombardeios e combates na região", disse Linda Tom, porta-voz do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU.

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