Tragédia anunciada

Com risco de desabar, “Balança, mas não cai” requer intervenção

Desmoronamento de edifício em São Paulo sinaliza perigo causado pelo imóvel, localizado no São Francisco; prédio foi alvo de ação, que determinou demolição

Daniel Júnior / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h31
“Balança. mas não cai” continua causando perigo no São Francisco; pessoas ainda ocupam espaço, às vezes
“Balança. mas não cai” continua causando perigo no São Francisco; pessoas ainda ocupam espaço, às vezes (Balança)

Correndo risco semelhante ao desmoronamento do edifício em São Paulo, o Edifício Santa Luzia, conhecido como “Balança, mas não cai”, situado na Rua 3, no São Francisco, em São Luís, continua sem nenhuma intervenção e ocupado por guardadores de carros que atuam na região, e por quem não tem moradia. Com a estrutura arruinada e instalações elétricas irregulares, o “Balança, mas não cai” já foi alvo de uma ação judicial, no ano de 2007, que determinou sua demolição, mas até hoje nada foi realizado pela gestão municipal, e o prédio se mantém de pé, oferecendo perigos.

O Estado esteve no local e constatou muito lixo, cama velha, infiltrações, água empossada, e a vegetação volumosa nas dependências do prédio. Além disso, há também instalações elétricas irregulares. “Tiraram todas as pessoas que moravam aí. Uns ganharam moradia no Maracanã, mas não conseguem pagar a taxa que é cobrada, e nem pagar a energia elétrica, porque não tem trabalho. A situação das casas lá, é precária. Muitos problemas nas paredes, em tudo. Outros têm de morar em casas alheias. Morei aqui durante seis anos. A Prefeitura nem prazo deu para sairmos. Fico com medo, mas de vez em quando durmo no prédio, porque fico aqui guardando carros e o ônibus para o Maracanã , que só é até 22h”, explicou Geysa Silva, de 35 anos.

“Quando tiraram a gente do prédio umas pessoas ganharam uma moradia no Maracanã, mas muitos não conseguem pagar as taxas e nem a energia elétrica. O nosso sustento encontramos aqui no São Francisco, guardando carros perto do “Balança, mas não cai”. As pessoas que ficaram de receber auxílio moradia, só receberam por alguns meses, depois pararam de receber”, acrescentou Flávia Coelho, de 44 anos.

Sobre o caso, a Secretaria Municipal de Urbanismo e Habitação (Semurh) informou que o prédio “Balança, mas não cai” encontra-se lacrado por alvenaria, estando desocupado. A Semurh comunicou ainda que equipes técnicas da Blitz Urbana fazem vistorias quinzenais para que o prédio não volte a ser reocupado indevidamente. E que, acerca do processo de demolição, já foi finalizado o estudo da metodologia para a demolição e, posteriormente, seguirá para licitação. Sobre as reclamações dos retirados, a Prefeitura não se posicionou.

O MPMA informou que o processo referente a demolição do “Balança, mas não cai” está tramitando na Vara de Interesses Difusos.

SAIBA MAIS

Relembre
Atendendo à decisão judicial determinada pela Vara de Interesses Difusos e Coletivos, em ação impetrada pelo Ministério Público do Maranhão (MPMA), embasada no fato de que o local representa risco iminente de desabamento e de condições precárias de moradia, Prefeitura retirou, em junho de 2017, cerca de 60 pessoas que moravam no prédio. De acordo com a gestão, o ato antecede à demolição do prédio, que até hoje não foi executada.

Desabamento de edifício em São Paulo
Um prédio de 26 andares no centro da capital paulista, onde viviam 50 famílias, desabou em chamas por volta das 3 horas do dia 1º, após ter sido atingido por um incêndio. O edifício, que ficava na Avenida Rio Branco, na região do Largo do Paissandu, era ocupado por um movimento social de defesa ao direto à moradia. O porta-voz do Corpo de Bombeiros, capitão Marcos Palumbo, afirmou na tarde de ontem que a corporação vai levar 48 horas para começar a mexer na estrutura do edifício. Os trabalhos no local devem durar uma semana.
O edifício, que ficava na Avenida Rio Branco, na região do Largo do Paissandu, era ocupado por um movimento social de defesa ao direto a moradia. Um segundo prédio, próximo ao que desabou, também foi atingido pelo incêndio. O edifício estava vazio e as chamas ficaram restritas a um único andar.

Inspeção
Após o desmoronamento no dia 1° de maio do edifício Wilton Paes de Almeida, localizado no Largo do Paissandu, em São Paulo, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) divulgou um comunicado sobre a necessidade de criar uma rotina de inspeção periódica nas edificações, em especial as mais antigas (acima de 15 anos de construção), acompanhada do devido plano de manutenção, para garantir a vida útil da edificação e – principalmente – a segurança de seus usuários. De acordo com a Federação, a prevenção é o melhor caminho para evitar novas tragédias.

Balança Mas Não cai

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