Violência

Moradores de Guta Oriental, na Síria, dizem ''esperar para morrer''

Segundo a ONG Observatório Sírio de Direitos Humanos, cinco pessoas morreram e 200 ficaram feridas ontem; ataques a reduto rebelde deixaram ao menos 250 mortos em 48 horas; os bombardeios provocaram muitos danos

Atualizada em 11/10/2022 às 12h32
Um homem carrega menino ferido após bombardeio a Hamouriyeh, em Guta Oriental
Um homem carrega menino ferido após bombardeio a Hamouriyeh, em Guta Oriental (Um homem carrega menino ferido após bombardeio a Hamouriyeh, em Guta Oriental)

SÍRIA - Pelo menos 38 pessoas morreram ontem em ataques de mísseis e bombas pró-governo, na região de Guta Oriental, reduto rebelde nos arredores de Damasco, na Síria, segundo a ONG Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).

De acordo com essa organização, desde a noite de domingo, pelo menos 310 pessoas morreram e 1550 ficaram feridas. Entre os mortos estão pelo menos 60 crianças.

Moradores do enclave, que abriga mais de 400 mil pessoas cercadas e vivendo em péssimas condições, disseram estar "esperando sua vez de morrer". É o quarto dia de fortes ataques ao local, alvo de um dos bombardeios mais pesados em sete anos de guerra civil.

O ritmo dos bombardeios pareceu diminuir durante a noite, mas sua intensidade foi retomada na manhã de ontem, segundo o OSDH. Nas localidades de Arbin e Ain Turma, as forças governamentais lançaram barris de explosivos, uma arma denunciada pela ONU e diversas ONGs, também de acordo com o OSDH.

Os bombardeios provocaram muitos danos, em particular em hospitais, que ficaram sem condições de funcionar.

Ofensiva

A nova campanha aérea contra Guta Oriental começou no domingo, após a chegada de reforços para uma ofensiva terrestre que ainda não teve início.

O governo quer reconquistar esta região, a partir da qual os rebeldes lançam projéteis contra Damasco.

Guta Oriental é o último reduto controlado pelos rebeldes perto da capital síria. Segundo o jornal "Al Watan", ligado ao governo, os bombardeios "são o prelúdio de uma operação terrestre de grande envergadura que pode começar a qualquer momento".

'Crimes de Guerra'

A oposição no exílio denunciou uma "guerra de extermínio" e criticou o "silêncio internacional" a respeito dos "crimes" do regime de Bashar al-Assad na guerra que começou há quase sete anos.

Na terça-feira (20), a ONU pediu o fim imediato dos ataques contra civis em Guta oriental.

Também na terça, a Anistia Internacional afirmou que os ataques constituem crimes de guerra e pediu ação imediata da comunidade internacional. "O Governo sírio, com o apoio da Rússia, está atacando de forma proposital seu próprio povo em Guta Oriental", afirmou a pesquisadora da AI sobre a Síria, Diana Semaan, em comunicado.

Semaan lamentou que "a comunidade internacional tenha permanecido junto ao Governo sírio" desde o início do conflito e lembrou que as autoridades do país árabe "cometeram crimes contra a humanidade e de guerra com total impunidade".

Na sua opinião, o Conselho de Segurança da ONU deve fazer cumprir com suas próprias resoluções, que pedem o fim dos assédios em áreas civis e os ataques contra a população, assim como o acesso humanitário sem impedimentos.

"Os membros permanentes (do Conselho de Segurança), incluída a Rússia, não deveriam bloquear as medidas para pôr fim e reparar o grande número de atrocidades", indicou.

Em consequência, Semaan ressaltou que é "imperativo" que o Conselho de Segurança mande uma mensagem contundente de que não haverá impunidade para aqueles que perpetrem crimes de guerra e contra a humanidade.

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