Saúde

Papel da nutrição clínica no tratamento de doenças em debate

Simpósio Update em Nutrição Clínica será realizado no dia 21 deste mês, no Hospital São Domingos; foco é o impacto da terapia nutricional em pacientes

Atualizada em 11/10/2022 às 12h34
Médico José Raimundo Azevedo, coordenador do simpósio
Médico José Raimundo Azevedo, coordenador do simpósio (Médico José Raimundo Azevedo / simpósio )

SÃO LUÍS - O papel central que exerce a nutrição sobre a evolução de várias doenças que hoje mais preocupam pacientes e médicos será debatido no Simpósio Update em Nutrição Clínica que o Hospital São Domingos (HSD) realizará no dia 21 deste mês. O simpósio terá como alvo profissionais de saúde do HSD e de outras instituições, incluindo estudantes. O evento vai focar no impacto da terapia nutricional em três situações clínicas nas quais ela tem papel central na recuperação da saúde e promoção da qualidade de vida.

“A nutrição especializada tem permitido que pacientes com câncer obtenham pleno benefício das diversas modalidades da terapia antineoplásica, incluindo a cirurgia, a quimioterapia e a radioterapia. Fórmulas nutricionais, chamadas de imunomoduladoras, já provaram ser capazes de reduzir os impactos negativos e ampliar os benefícios da quimioterapia”, afirma o médico José Raimundo Azevedo, coordenador do simpósio de nutrição e da Equipe Multiprofissional de Terapia Nutricional do Hospital São Domingos e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral.

O médico afirma ainda que é possível com estas formulações melhorar o resultado cirúrgico em pacientes operados de câncer e que em vários tipos de câncer a dieta imunomoduladora foi capaz de aumentar substancialmente a sobrevida e, mais importante, melhorar a qualidade de vida.

“Por muito tempo, perdurou o paradigma de que pacientes com câncer têm a chamada resistência anabólica, ou seja, não melhoram do ponto de vista nutricional mesmo quando alimentados em abundância. Esse paradigma foi quebrado quando estudos mostraram que com a utilização de fórmulas contendo, por exemplo, cisteína, são capazes de fazer com que os pacientes melhorem nutricionalmente na mesma proporção de pessoas saudáveis que recebem a mesma dieta”, detalha José Raimundo Azevedo.

Envelhecimento

O controle das doenças cardiovasculares, obtido através de mudança de hábitos alimentares e do hábito de fumar e o fato de o câncer caminhar rapidamente para o espectro de doenças agudamente curáveis ou cronicamente controláveis, além de vários outros fatores, proporcionaram o aumento expressivo da expectativa de vida da humanidade, segundo o médico. Entretanto, isso trouxe consequências que hoje trazem grande preocupação: a demência (Alzheimer) e a limitação funcional, a fragilidade, determinada por perda da massa e função muscular e fragilidade das estruturas osteoarticulares.

Também no envelhecimento a nutrição clínica tem papel central. Algumas descobertas recentes colocaram a nutrição no centro das iniciativas para propiciar envelhecimento sem demência e com função. “Identificou-se, por exemplo, que idosos necessitam de aporte proteico maior que indivíduos jovens e que uma dieta rica em determinados aminoácidos associada a exercício físico é capaz de melhorar a função. Já com relação à demência sabemos que dietas como a Mediterrânea [consumo elevado de peixe, frutas, vegetais e frango e baixo consumo de carne vermelha, laticínios ricos em gordura e manteiga], por ser rica em ácidos graxos ômega-3, é capaz de modificar a composição das membranas dos neurônios e reduzir o processo inflamatório que resulta em deterioração do sistema nervoso”, informa o coordenador do simpósio.

Paciente grave

Uma das áreas em que mais se evoluiu na nutrição clínica em anos recentes foi na que se refere ao paciente grave internado em UTI. Em 2016, o professor Yoshinori Ohsumi, ganhou o prêmio Nobel de Medicina com a descoberta do fenômeno da Autofagia (mecanismo que a célula utiliza para resgatar a sua função após graves agressões, como trauma, sepse e cirurgias extensas).

A utilização de fórmulas nutricionais em quantidade e composição inadequadas é capaz de interromper a autofagia matando a célula e causando graves prejuízos para o paciente em estado grave, de acordo com o médico.

“Uma orientação nutricional capaz de preservar a autofagia e oferecer no momento adequado um aporte proteico elevado, muito maior que o que se vinha ofertando até três ou cinco anos atrás são modificadores de prognóstico em pacientes graves”, conclui José Raimundo Azevedo.

SERVIÇO

O que: Simpósio Update em Nutrição Clínica

Quando: 21 deste mês

Horário: 18h

Onde: Hospital São Domingos (Centro de Estudos)

Inscrições: (98) 3216-8113

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