Manifestações

Após consulta, adversários de Maduro intensificarão protestos

No último final de semana, a oposição organizou um plebiscito simbólico, em que 98,4% dos participantes votaram contra a formação da Constituinte

Atualizada em 11/10/2022 às 12h37
Os protestos contra o presidente Nicolás Maduro serão intensificados pelos seus adversários
Os protestos contra o presidente Nicolás Maduro serão intensificados pelos seus adversários (Os protestos contra o presidente Nicolás Maduro serão intensificados pelos seus adversários)

CARACAS - Adversários do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciaram ontem que pretendem promover uma escalada nos protestos contra o governo após o plebiscito informal da véspera em que milhões de pessoas expressaram descontentamento com a situação do país.

Dirigentes da coalizão opositora MUD (Mesa de Unidade Democrática) avaliam adotar táticas como bloqueios e ocupações de vias e até uma greve nacional. Eles exigem o cancelamento da Assembleia Constituinte convocada por Maduro, cujos membros deverão ser eleitos no próximo dia 30.

No domingo,16, a oposição realizou uma consulta informal em rechaço à Constituinte e a favor da convocação de eleições gerais. Segundo os organizadores, 7,2 milhões de pessoas votaram e mais de 98% expressaram apoio às bandeiras dos opositores.

"O que deverá acontecer agora é que nós consigamos materializar o mandato que o povo nos deu para que não haja Constituinte, que uma minoria quer impor, renovar os poderes públicos e realizar eleições", disse nesta segunda o deputado Julio Borges, que lidera a Assembleia Nacional, controlada pela oposição.

A consulta teve o apoio da Organização das Nações Unidas, da Organização de Estados Americanos, dos Estados Unidos e de governos da América Latina e da Europa. Em Caracas, homens armados atiraram contra um centro de votação, matando uma pessoa e ferindo outras quatro.

O chavista Jorge Rodríguez, chefe de estratégia e propaganda do Comando de Campanha Constituinte, afirmou nesta segunda que o plebiscito foi irregular e fraudulento. "Houve pessoas que votaram em várias ocasiões e em diferentes lugares. Uma única pessoa votou 17 vezes", disse.

Seguidores de Maduro participaram no mesmo dia de uma simulação organizada pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) para a eleição da Constituinte.

O governo brasileiro, por meio do Itamaraty, disse ontem que a alta participação no plebiscito opositor expressa a "vontade do povo venezuelano de pronta restauração do estado democrático de direito" e pediu o cancelamento da Constituinte.

Greve nacional

A oposição da Venezuela anunciou ontem uma escalada de protesto contra o governo do presidente Nicolás Maduro, incluindo uma greve nacional de 24 horas no final desta semana e a nomeação de novos juízes da Suprema Corte.

"É momento da hora zero", disse o líder oposicionista Freddy Guevara, em nome da coalizão Unidade Democrática, anunciando a greve para quinta-feira,20..

Líderes da oposição estão prometendo a "Hora Zero" na Venezuela para demandar uma eleição geral e frear o plano de Maduro de criar uma Assembleia Constituinte, em uma eleição em 30 de julho, para reformar a Constituição do país.

Mortes

Duas pessoas morreram e outras quatro ficaram feridas domingo,14, durante a votação do plebiscito informal organizado pela oposição contra a Assembleia Constituinte convocada pelo presidente Nicolás Maduro. Segundo fontes da oposição venezuelana, o ataque foi realizado por grupos paramilitares governistas em Catia, subúrbio ocidental da capital venezuelana Caracas, onde milhares de pessoas participavam do evento da oposição.

O Ministério Público venezuelano confirmou a morte de uma pessoa. No Twitter, a procuradoria afirmou que investiga a morte e os feridos causados pela "situação irregular".

A vítima foi identificada como a enfermeira Xiomara Scott, de 61 anos. Segundo o chefe da campanha que organizou o plebiscito, Carlos Ocariz, grupos pró-governo atacaram o lugar com tiros e bombas de gás lacrimogêneo. Mais de 300 pessoas se protegeram de confusão dentro da igreja de El Carmen.

A deputada oposicionista Marialbert Barrios responsabilizou Maduro pelo ato violento. "Ele é o único responsável por esta barbárie. Nunca mais poderão zombar de Catia. Esse povo decidiu mudar", escreveu Marialbert em sua conta Twitter.

Milhares de venezuelanos votaram neste domingo em um plebiscito informal convocado pelas oposições contra a convocação de uma Assembleia Constituinte “popular” pelo governo de Maduro. O pleito aumenta a pressão por uma mudança de Executivo após quase quatro meses de violentos protestos que provocaram mais de 100 mortos.

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