Premiê

Fragilizada após revés em eleição, May promete resolver ''bagunça''

A premiê britânica admite erros; eleição tirou sua maioria e obliterou sua autoridade política; conservadores estão agora tentando garantir o apoio dos dez legisladores do ultraconservador DUP

Atualizada em 11/10/2022 às 12h38
May discursa após a eleição que tirou a maioria de seu partido no Parlamento
May discursa após a eleição que tirou a maioria de seu partido no Parlamento (May discursa após a eleição que tirou a maioria de seu partido no Parlamento)

LONDRES - Em encontro com parlamentares do Partido Conservador ontem, a premiê britânica, Theresa May, prometeu tirar o partido da "bagunça" em que se meteu após a eleição da quinta-feira passada.

"Ela disse 'fui eu que nos colocou nesta bagunça e sou eu quem vai nos tirar disso", afirmou um parlamentar, sob anonimato, à agência Reuters logo depois da reunião. "Também disse que nos servirá [isto é, continuará no cargo] enquanto desejarmos", acrescentou o político.

Em abril, com pesquisas mostrando larga vantagem dos conservadores sobre o Partido Trabalhista, May convocou uma eleição antecipada, na esperança de aumentar sua maioria no Parlamento e fortalecer sua posição nas negociações do "brexit" (saída do Reino Unido da União Europeia).

Em vez disso, a eleição tirou de May sua maioria e obliterou sua autoridade política. Os conservadores estão agora tentando garantir o apoio dos dez legisladores do ultraconservador DUP (Partido Unionista Democrático), da Irlanda do Norte, para que a premiê possa formar o governo.

Outro deputado disse ao jornal "The Guardian" que a premiê estava "muito preocupada" com os colegas de partido que perderam suas vagas no Parlamento.

"O partido vai ajudá-los –alguns deles estão em má situação financeira. Ela pediu desculpas várias vezes, pela perda de assentos, por ter convocado a eleição antecipada."

Outros parlamentares disseram à Reuters que não havia vozes dissidentes e que o partido, por ora, não pretende eleger um novo líder para substituir May.

Boris Johnson, que foi confirmado no ministério das Relações Exteriores, negou os boatos que apontam sua intenção de suceder a premiê. Em texto publicado no tabloide "The Sun", Johnson ressaltou que os conservadores ganharam mais votos do que em qualquer momento desde Margaret Thatcher e ainda são o maior partido no Parlamento.

"Aos que dizem que a primeira-ministra deve renunciar ou que devemos celebrar novas eleições ou até, Deus nos livre, um segundo referendo, aconselho que esqueçam", escreveu.

Adiamento de discurso

Com os conservadores ainda digerindo a perda de sua maioria, funcionários do governo sugeriram que o anúncio da agenda do primeiro-ministro, conhecido como Discurso da Rainha, e as discussões sobre a saída da União Europeia podem ser adiados.

A Sky News informou que o discurso seria postergado por alguns dias –algo raro em um país onde o cronograma da rainha é determinado com meses de antecedência.

De acordo com o jornalista político da BBC Norman Smith, esta decisão, que não foi oficialmente confirmada, deve-se às mudanças no discurso escrito pelo governo.

Segundo um porta-voz do Partido Trabalhista, "o fracasso em confirmar a data da Discurso da Rainha expõe o caos desse governo, que luta para fazer acordo com um partido cujas opiniões sobre os direitos LGBT e das mulheres são abomináveis" –referência às posições ultraconservadoras do DUP.

Muitos analistas consideram que o fracasso na eleição prejudicou a estratégia de May para o "brexit", o que pode forçá-la a abandonar a ideia de um "brexit duro" e manter o país na união alfandegária e no mercado único europeu.

Na reunião com os parlamentares, a premiê reconheceu que era preciso construir um consenso mais amplo sobre o "brexit" e prometeu ouvir todas as correntes do partido.

Frase

" Fui eu que nos colocou nesta bagunça e sou eu quem vai nos tirar disso"

Theresa May

Primeira-ministra britânica

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