Pleito francês

Macron amplia vantagem sobre Le Pen em eleição presidencial

Pesquisas divulgadas na sexta-feira, 5, apontam que o candidato de centro à presidência da França, Emmanuel Macron contra a adversária de extrema-direita, Marine Le Pen; a eleição ocorre neste domingo,7

Atualizada em 11/10/2022 às 12h39
Emmanuel Macron e Marine Le Pen disputam o segundo turno da eleição
Emmanuel Macron e Marine Le Pen disputam o segundo turno da eleição ( Emmanuel Macron e Marine Le Pen disputam o segundo turno da eleição presidencial)

PARIS - Franceses chegam às urnas neste domingo,7, como quem vai ao divã: em crise de identidade. Em tempos de globalização e migração, a escolha de seu próximo presidente está ligada ao significado de sua nacionalidade.

O candidato centrista Emmanuel Macron, 39, e a ultranacionalista Marine Le Pen, 48, têm visões opostas sobre o que é ser francês. Disputam, por exemplo, a posição do país no continente e se deveria seguir na União Europeia.

Macron quer que o francês tenha euros na carteira, mas Le Pen menciona a volta do franco. O país dele é multicultural e alinhado aos EUA, enquanto o dela acena à população nativa e à Rússia.

A identidade é uma definição difícil. "Ser francês é gostar de baguete", ironiza uma eleitora ouvida na praça da República, Paris. Mas, dentro desse conceito amplo, ficam por resolver questões urgentes como o quão franceses são os migrantes e seus filhos, rejeitados por parte do país.

Macron amplia vantagem

O candidato de centro à presidência da França, Emmanuel Macron, ampliou a vantagem nas pesquisas contra a adversária de extrema-direita, Marine Le Pen, na sexta-feira,5, último dia oficial de uma tumultuada campanha eleitoral que virou de cabeça para baixo a política do país. As informações são da Agência Reuters.

A eleição de domingo,7, é vista como a mais importante na França em décadas, com duas visões diametralmente opostas sobre a Europa e com a posição da França no mundo em risco.

Le Pen, da Frente Nacional, fecharia as fronteiras do país e abandonaria o euro, enquanto o candidato independente Macron, que nunca assumiu um cargo eleitoral, quer uma cooperação europeia mais intensa e uma economia aberta.

Os candidatos socialista e conservador dos dois partidos mais tradicionais da França foram eliminados no primeiro turno da votação no dia 23 de abril.

De acordo com a pesquisa Elabe para a BFM TV e para o L'Express, Macron terá 62% no segundo turno, contra 38% de Le Pen, um aumento de três pontos percentuais para o candidato de centro comparado com a projeção da pesquisa Elabe anterior.

O resultado da pesquisa mostra o melhor desempenho de Macron em levantamentos feitos por uma grande organização de pesquisas desde que os nove outros candidatos foram eliminados no primeiro turno do dia 23 de abril.

Santa guerreira

A crise de identidade está evidente quando Macron e Le Pen tentam se apropriar politicamente da figura de Joana d'Arc, a santa guerreira queimada viva em 1431. Ela é um dos símbolos da sigla nacionalista Frente Nacional, fundada por Jean-Marie Le Pen, pai da candidata.

"Joana d'Arc viveu em um período em que a França estava muito fraca", diz Jean-Réne Coueille, um líder da Frente Nacional na região de Loire, no centro do país. É um personagem essencial quando o país precisa de símbolos para suas reconquistas —seja territoriais ou de prerrogativas do governo. "É central á mentalidade francesa."

Mas Macron tem tentado reverter o cenário. Ao lançar sua candidatura, no início de 2016, ele discursou diante da estátua de Joana d'Arc, comparando suas trajetórias ao dizer que ambos tentaram romper o sistema.

Joana d'Arc participou da Guerra dos Cem Anos contra a Inglaterra e, dizendo ser instruída por visões, recuperou a cidade de Orléans.

Políticos se apropriam há séculos de sua imagem, afirma Olivier Bouzy, diretor do Centro Joana d'Arc em Orléans, ao sul de Paris. Entre os séculos 16 e 18, explica, ela serviu como uma evidência de que Deus havia privilegiado o reino francês.

Após a derrota na guerra com a Prússia no século 19, ela passou a ser associada às províncias francesas perdidas —foi quando foi tomada por partidos nacionalistas.

Essa carga política foi eletrificada por Jean-Marie Le Pen ao fundar a Frente Nacional nos anos 1970, saudoso de um passado imperial. "A história terá um papel importante nessas eleições", afirma Bouzy. "A identidade é essencial. Vamos escolher entre o passado e o futuro."

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