Decisão

Merkel alerta britânicos para perda de direitos na UE após Brexit

A chanceler afirmou em discurso ontem no Parlamento alemão que o Reino Unido não terá à sua disposição os mesmos direitos; ela disse que as discussões sobre a saída devem ser resolvidas de "maneira satisfatória"

Atualizada em 11/10/2022 às 12h39
A chanceler alemã, Angela Merkel, discursou ontem no Parlamento alemão.
A chanceler alemã, Angela Merkel, discursou ontem no Parlamento alemão. ( A chanceler alemã, Angela Merkel, discursou ontem no Parlamento alemão)

BERLIM - A chanceler alemã Angela Merkel advertiu ontem os britânicos que não podem esperar ter os mesmos direitos que um país membro da União Europeia (UE) após o "brexit", e criticou certas "ilusões" a respeito no Reino Unido.

"Um terceiro Estado não terá os mesmos direitos, ou direitos mais vantajosos, que um país membro" da União Europeia, afirmou Merkel no Parlamento de Berlim, dois dias antes de uma reunião de cúpula europeia que deve estabelecer as 'linhas vermelhas' da UE nas negociações com Londres sobre o "brexit".

"Talvez isto soe evidente, mas eu tenho que falar de modo claro porque alguns no Reino Unido parecem ter ilusões a respeito deste ponto", completou a chanceler alemã.

Acreditar que o Reino Unido, depois de sua saída da UE, poderia obter vantagens mais ou menos equivalentes as que tem hoje é "perda de tempo", insistiu.

A Alemanha e os demais países europeus não têm a intenção de dar ao Reino Unido um acesso pleno ao mercado interno da UE sem a continuidade da livre circulação dos cidadãos europeus no Reino Unido, o que Londres se nega a aceitar.

A questão do estatuto do setor financeiro britânico, com a poderosa City de Londres, também está no coração do debate. Outro tema de discórdia é o valor que o governo de Londres deverá pagar para sair da UE. Sobre este ponto a chanceler considerou que "as negociações devem incluir desde o início a questão das obrigações financeiras do Reino Unido, inclusive depois do 'brexit'".

Os europeus calculam a fatura em quase 60 bilhões de euros, mas autoridades britânicas já deram a entender que não pensam em pagar tanto dinheiro.

Merkel também reafirmou que as discussões sobre as condições de saída da UE devem ser resolvidas de "maneira satisfatória", antes de abordar a questão das relações futuras entre Reino Unido e UE. Londres preferia trabalhar de modo simultâneo nas duas frentes. Esta cronologia é "irreversível", disse a chanceler alemã.

A UE espera iniciar as negociações sobre o artigo 50 depois das eleições gerais antecipadas no Reino Unido de 8 de junho. A antecipação foi solicitada pela primeira-ministra Theresa May, que espera sair com sua posição reforçada das urnas para negociar o "brexit".

Pesquisa

O jornal londrino "The Times" publicou também ontem uma pesquisa, feira pelo instituto YouGov, em que a maioria dos britânicos lamenta pela primeira vez o resultado do referendo de 23 de junho de 2016 a favor da saída da União Europeia (UE).

À pergunta "Acha que o Reino Unido teve razão ou se equivocou ao votar em deixar a UE?", 45% das pessoas entrevistadas disseram lamentar o Brexit. Outras 43% aprovam a saída e 12% estão indecisas. A pesquisa foi realizada na terça e quarta-feira com uma amostra de 1.590 adultos.

"É a primeira vez que uma maioria diz que o referendo terminou com um resultado ruim", ressalta o The Times, estimando que a questão "ainda divide o país".

A pesquisa também indica que 85% das pessoas que votaram para deixar a UE seguem satisfeitas com sua escolha, enquanto 89% dos pró-europeus pensam ainda hoje que o referendo deveria ter terminado com um resultado diferente.

Quanto às consequências econômicas, 39% dos entrevistados acreditam que o Reino Unido fora da UE terá uma situação pior que dentro da UE. E 28% acreditam que, pelo contrário, as finanças do país melhorarão.

Além disso, 36% dos britânicos pensam que seu país terá menos influência no mundo após o Brexit, enquanto 19% acreditam que terá mais influência.

No referendo de 23 de junho, 52% dos eleitores britânicos se pronunciaram a favor da saída do país da União Europeia.

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