Tensão

Presidente da Turquia ameaça abrir fronteiras para passar migrantes

Após votação do Parlamento da União Europeia que pede a interrupção das negociações de adesão da Turquia, Recep Erdogan faz ameaça; Em março, Turquia e UE fecharam um acordo que permitiu conter o fluxo de refugiados em direção às ilhas gregas

Atualizada em 11/10/2022 às 12h43
Presidente Erdogan ameaça abrir as fronteiras do país para migrantes
Presidente Erdogan ameaça abrir as fronteiras do país para migrantes (Presidente Erdogran ameaça abrir as fronteiras do país para migrantes)

Istambul - O presidente turco Recep Tayyip Erdogan ameaçou na sexta-feira,25, abrir as fronteiras para permitir a passagem dos migrantes que desejarem seguir para a Europa, um dia depois de uma votação no Parlamento Europeu que pede a interrupção das negociações de adesão da Turquia à UE.

"Quando 50.000 migrantes se reuniram no posto de fronteira de Kapikule (fronteira turco-búlgara) vocês pediram ajuda. E começaram a perguntar: o que faremos se a Turquia abrir suas fronteiras?", destacou Erdogan.

"Ouçam bem. Se vocês seguirem adiante, as fronteiras serão abertas, tenham isto em mente", declarou Erdogan em um discurso em Istambul. Este aviso acontece a poucos meses das eleições presidenciais na França e federais na Alemanha, onde a questão migratória terá um papel central.

Em março, Turquia e União Europeia (UE) fecharam um acordo que permitiu conter o fluxo de refugiados em direção às ilhas gregas.

O pacto com com a Turquia sobre os migrantes permitiu reduzir a algumas dezenas o número de pessoas que chegam diariamente às ilhas gregas do Egeu, frente às milhares que faziam isso em 2015.

"Consideramos o acordo entre a Turquia e a União Europeia como um sucesso comum e continuação desse acordo interessa a todos", declarou Ulrike Demmer, porta-voz da chanceler alemã Angela Merkel. "As ameaças de ambos os lados não levam a lugar algum", acrescentou.

Em uma resolução não vinculante aprovada por ampla maioria, os eurodeputados pediram na quinta-feira uma "congelamento temporário" do processo de adesão iniciado em 2005 por causa da repressão "desproporcional" das autoridades turcas após a tentativa de golpe de Estado de 15 de julho.

O texto, apoiado pelos quatro principais grupos do Parlamento - conservadores, socialistas, liberais e verdes -, foi aprovado com 479 votos a favor, 37 contrários e 107 abstenções.

Tensão

A votação aconteceu em um momento de grande tensão entre Turquia e União Europeia. A relação piorou após a tentativa frustrada de golpe de estado e dos expurgos do governo, que afetaram todos todos os setores da sociedade considerados não leais ao Executivo. Nas últimas semanas a repressão se tornou mais intensa contra jornalistas e opositores curdos.

O presidente turco também mencionou este mês a possibildiade de convocar um refererendo sobre a continuação das negociações de adesão à UE, se não se avançar sobre a questão dos vistos para os turcos até o final do ano.

As declarações de Erdogan aumentam as preocupações de alguns governantes, que temem que a Turquia deixe de aplicar o acordo assinado em março com a UE para bloquear em seu território o fluxo de migrantes que tentam avançar pela Europa. Atualmente a Turquia dá abrigo a 2,7 milhões de refugiados sírios.

O pacto sobre a migração prevê o fim da exigência de vistos para os cidadãos turcos que viajam ao espaço europeu de livre circulação Schengen. Erdogan já ameaçou diversas vezes romper o acordo, caso este item do pacto não seja aplicado.

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