São Luís Sustentável

Empresas reduzem gastos com práticas sustentáveis

Medidas como reúso de água e geração de energia elétrica por meio de sistema de energia fotovoltaica reduzem os custos de manutenção e ajudam a proteger o meio ambiente

Jock Dean / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h47
PLACAS solares são  usadas para aquecer água  dos chuveiros  em hotel
PLACAS solares são usadas para aquecer água dos chuveiros em hotel (Placas solares)

A palavra da moda nos últimos tempos é sustentabilidade. Em todos os setores, seja no meio am­biente, na economia, educação ou administração pública, todo mundo cita o termo, que está diretamente ligado ao desenvolvimento de vários setores da sociedade, sem que estes agridam o meio ambiente. É por meio da sustentabilidade que os recursos naturais são utilizados de forma inteligente e preservados para as gerações futuras. Em São Luís, empreendimentos empresariais adotam práticas do tipo com objetivo também de reduzir gastos. Afinal, em tempos de crise qualquer economia é sempre bem-vinda.

Um dos empreendimentos empresariais que adotam práticas sustentáveis na capital é o Hotel Íbis São Luís. O prédio tem 174 apartamentos, todos com ar-condicionado split de 9 mil BTUs. Por dia, cada aparelho produz 18 litros de água, totalizando 3.132 litros. Essa é praticamente a quantidade que a Organização das Nações Unidas (ONU) define co­mo a necessidade mensal de cada pessoa, estimada em 3,3 mil litros de água pela organização. Sem políticas de reúso, essa água iria para o lixo e em um mês o desperdício seria de 93.960 litros de água.

Mas o hotel resolveu investir em um sistema de reuso da água produzida pelos aparelhos. Por meio do sistema, toda a água produzida vai para uma cisterna, de lá é levada por meio de uma bomba d’água para uma caixa d’água no topo do edifício, de onde é distribuída para os apartamentos. “Essa água não tem cheiro nem cor, mas é imprópria para o consumo e para o banho, por isso, é utilizada na descarga dos banheiros. Como a cisterna fica na parte exterior do hotel, de lá temos outra bomba por meio da qual essa água também é usada para a irrigação do nosso jardim”, explica Raimundo Rêgo, membro da equipe de manutenção do hotel.

Economia
A medida simples representa uma grande economia para o hotel. Por mês, a redução propiciada é de R$ 1.057,00. Ao fim de um ano, o hotel poupou R$ 12.600. A economia é equivalente a 70 caminhões-pipas, que frequentemente são vistos pela região da Península da Ponta d’Areia e Avenida dos Holandeses abastecendo os prédios de apartamento dessas regiões por causa do abastecimento irregular de água em São Luís.

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Mas a quantidade de água produzida pelo hotel poderia ser maior. Só que o hotel adota ainda outra medida de uso racional dos recursos por meio de um sistema de chiller que reduz a pressão dos aparelhos de ar-condicionado, reduzindo, consequentemente o gasto com energia elétrica, cuja principal matriz no Brasil ainda são as hidrelétricas, que têm grande impacto ambiental. “Por meio deste sistema, o ar da rua é captado, passa por uma tubulação onde ele é resfriado e tem todas as suas impurezas retiradas, chegando aos aparelhos nos quar­­tos. Quando o hóspede liga o ar-condicionado no apartamento, o ar já sai com uma temperatura mais amena e o aparelho precisa de menos pressão pa­ra refrigerar o ambiente, produzindo menos água e consumindo menos energia elétrica”, informa Raimundo Rêgo.

Outra medida sustentável adotada pelo hotel é o uso de placas solares. Ao todo, são 20 e a energia gerada é usada para aquecer a água usada nos chuveiros. Nos horários de maior captação de energia solar, quando é gerada mais energia por meio das placas, as bombas de calor são desligadas e a água é aquecida apenas pelas placas. “A água chega a uma temperatura de cerca de 65ºC só com a energia gerada pelas placas de energia solar, bem mais que o necessário para garantir o conforto dos hóspedes”, afirma Raimundo Rêgo. O hotel tem ainda um sistema de captação da água da chu­va e um gerador de energia elétrica. A água captada das chuvas segue o mesmo caminho da água produzida pelos aparelhos de ar-condicionado.

SAIBA MAIS

Green building
Como o mundo precisa ser sustentável, os green buildings, ou edifícios ecologicamente corretos ou prédios inteligentes, são a resposta do mercado imobiliário na busca do aumento da eficiência dos recursos empregados nos edifícios e na redução dos impactos socioambientais. Quem quiser encontrar empreendimentos que pensam em sustentabilidade, pode procurar pela certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), conferida no país pelo Green Building Council Brasil. Em São Luís, ainda não há prédios com essa certificação.
A expressão “prédios inteligentes” refere-se à convergência de tecnologias e também do gerenciamento de infraestrutura em edifícios. Isso significa aplicar soluções de gerenciamento de Tecnologia da Informação (T.I.) para manter, melhorar a eficiência e reduzir os gastos como, por exemplo, com energia elétrica. O conceito dos prédios inteligentes e sustentáveis já está saindo dos países considerados ricos e chegando até o solo brasileiro. Com recursos avançados de tecnologia e manutenção, assim como os prédios estrangeiros, os nacionais visam tornar sua manutenção mais econômica e reduzir seu impacto ambiental. E aos poucos São Luís começa a fazer parte desse mercado.
Quarto no mundo
Hoje, o Brasil ocupa o quarto lugar entre os países que mais concentram edificações feitas a partir de critérios ambientalmente adequados. Os Estados Unidos reúnem o maior número de empreendimentos em análise, seguidos pela China e pelos Emirados Árabes Unidos. Os critérios avaliados pelo LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) são: espaço sustentável, eficiência do uso da água, energia e atmosfera, materiais e recursos, qualidade ambiental interna e novação e design.
Economia
A estimativa é que os edifícios sustentáveis ofereçam uma economia de até 30% no valor do condomínio. O cálculo é baseado nas reduções do consumo de energia, água e do custo com manutenção e reformas do edifício.
Lei de incentivo
Em São Luís, a Lei Construindo no Patrimônio (Lei Nº 5.916) dá incentivos para construções que adotem o conceito de sustentabilidade.

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