São Luís Sustentável

Catadores de material reciclável têm rotina exaustiva em SL

Trabalho começa cedo e segue até o fim da tarde, sob o sol ou a chuva; missão desses profissionais é separar o material reciclável que recebem e que é vendido para a indústria da reciclagem; há preços que não compensam o esforço

Jock Dean / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h46

[e-s001]Os bonés e chapéus se movendo entre amontoados de materiais que são jogados no lixo diariamente sinalizam que mais um dia de trabalho começou. Sob o sol, homens e mulheres se concentram na tarefa árdua de separar papelão, garrafas PET, papel branco, sacos plásticos, ferro, cobre e tudo o mais que pode ser reciclado. O trabalho é cansativo e só acaba à tardinha, mas no fim do mês não rende sequer um salário mínimo para os catadores de material reciclável. Se o mercado não reconhece o valor de seu suor, eles distinguem a importância dele: preservar o meio ambiente.

Lidiane Cruz Diniz trabalha na Coperativa de Reciclagem de São Luís (CooperSL), localizada no Campus da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), desde abril deste ano. Apesar da aparência franzina, faz muita força para carregar as pilhas de papelão que separa ao longo do dia. “Além do papelão, a gente separa o papel branco, que é o material que vem das gráficas, garrafas PET, sacolas e sacos plásticos, ferro e outros metais. Tudo tem de ser separado, colocado nos sacos de coleta, que depois são etiquetados para identificar o material antes de ele ser levado para venda”, explica.

Em toneladas
Por dia, a CooperSL separa pelo menos uma tonelada de papelão e outra de plástico, além dos outros materiais coletados. O quilo do papelão custa R$ 0,18, que representa R$ 180,00 por dia para a cooperativa. O plástico custa um pouco mais, R$ 1,00 o quilo, totalizando R$ 1 mil ao longo de um dia de trabalho. Mas como nem sempre o dia rende uma coleta boa, e é preciso tirar o necessário para custear a manutenção da cooperativa, no fim de um mês inteiro de trabalho cada cooperado recebe menos que um salário mínimo, que atualmente é de R$ 880,00.

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Apesar da pouca valorização financeira e social que o trabalho de catador de material reciclável recebe, Lidiane Cruz Diniz sabe da importância dele. “É um trabalho muito cansativo mesmo, mas tem seu lado positivo, que é cuidar do meio ambiente. Cada tonelada de papelão que a gente separa para a reciclagem é uma tonelada que deixa de ir para os rios ou para o mar. Então, fica uma São Luís melhor para meus filhos e netos”, afirma.

A crise
Maria José Nascimento, da Associação de Catadores de Materiais Recicláveis (Ascamar), também conhece a rotina difícil de um catador de material reciclável e diz mais: a crise também está afetando o seu trabalho. “A gente coleta muito material do comércio e tem muito material que está diminuindo, como o papelão e o plástico filme, que é o de sacolas e sacos geralmente usados pelas lojas”, conta.

Segundo Maria José Nascimento, antes, a Ascamar chegava a coletar até 34 toneladas de papelão por mês. Agora, o máximo é 20 toneladas. “O plástico filme é que mais anda em falta e é um dos que é vendido por um preço melhor. De uma tonelada que a gente recolhia, agora estamos recolhendo uns 600 quilos”, conta. Ao fim de um mês de trabalho, cada associado recebe cerca de R$ 500,00.

Para tentar melhorar o faturamento da associação, a Ascamar passou a integrar o Projeto Óleo Social, desenvolvido em seis municípios maranhenses. Além de catadores de material reciclável da capital, trabalhadores de São José de Ribamar, Paço do Lumiar, Bacabeira, Rosário e Santa Rita integram o projeto. “A gente coleta óleo de cozinha usado, trazemos para a cooperativa, tratamos e fazemos sabonete e sabão. Esse projeto tem o objetivo de gerar renda para os catadores, mas nós ainda não começamos a vender”, informa.

SAIBA MAIS
O que acontece após a reciclagem com:

[e-s001]Garrafa PET – os usos são os mais diversos na indústria. De telefones celulares a cordas, bolas, chuteiras, bancos dos estádios, o uniforme dos jogadores e até as redes do gol, incluindo banco de ônibus, trens e metrô, para-choques, partes da cabine e elementos aerodinâmicos de veículos, tintas e vernizes, caixas d’água, tubos e conexões, torneiras, piscinas, telhas, réguas, relógios, porta lápis e canetas, cordas do varal e as vassouras, roupas e os cabides que as mantém em ordem têm na sua composição garrafas PET recicladas.

[e-s001]Vidro – após a reciclagem é usado para fazer novas garrafas e frascos. Também é usado na indústria de fibra de vidro e serve de matéria-prima para objetos como pranchas de surf.

[e-s001]Papel – basicamente os mesmos produtos que foram reciclados como cadernos, revistas, jornais, dentre outros; já as embalagens longa vida ou Tetra Pak são usadas para a fabricação de papel e papelão, alumínio em lingotes pronto para fabricar produtos a base de alumínio, telhas, casinhas para animais de estimação e parafina.

[e-s001]Metal – as latas de alumínio são usadas na fabricação de novas latas, acessórios de carros, bicicletas, janelas e portões e qualquer outro produto cuja matéria prima leve alumínio; com as latas de aço podem ser feitas os mesmos produtos que foram reciclados sem perda de qualidade entre o aço novo” e o reciclado, além de serem usadas em carros, latas, embalagens, talheres, etc.

[e-s001]Quanto tempo cada material leva para se decompor na natureza

Plástico – 450 anos
Papel - de 3 a 6 meses
Vidro - 1milhão de anos
Metal - de 200 a 500 anos

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